domingo, 1 de setembro de 2013

Pena e compadrio livraram Donadon, diz Henrique Alves

POLÍTICA


Eduardo Bresciani João Domingos, Estadão
A votação secreta nas sessões de cassação de colegas malfeitores faz aflorar, entre os parlamentares, o sentimento de compadrio, de corporativismo, de amizade e, também, de dó. Quem o diz é o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN, foto abaixo), ao tentar justificar o resultado da votação que livrou Natan Donadon (sem partido) da perda de mandato na última quarta-feira. Ele cumpre pena de mais de 13 anos de reclusão em um presídio de Brasília por desviar dinheiro da Assembleia Legislativa de Rondônia, seu Estado.
No dia em que foi "absolvido" pelos colegas deputados, ele fez um discurso na tribuna no qual reclamou das condições e da comida da cadeia. Donadon acabou afastado do cargo e deu lugar ao suplente depois de uma manobra regimental comandada por Alves.

 BRASÍLIA - A votação secreta nas sessões de cassação de colegas malfeitores faz aflorar, entre os parlamentares, o sentimento de compadrio, de corporativismo, de amizade e, também, de dó.
Henrique Alves: pressão da sociedade e promessa de apoiar Dilma - Dida Sampaio/Estadão
Dida Sampaio/Estadão
Henrique Alves: pressão da sociedade e promessa de apoiar Dilma
Quem o diz é o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ao tentar justificar o resultado da votação que livrou Natan Donadon (sem partido) da perda de mandato na última quarta-feira. Ele cumpre pena de mais de 13 anos de reclusão em um presídio de Brasília por desviar dinheiro da Assembleia Legislativa de Rondônia, seu Estado.
No dia em que foi "absolvido" pelos colegas deputados, ele fez um discurso na tribuna no qual reclamou das condições e da comida da cadeia. Donadon acabou afastado do cargo e deu lugar ao suplente depois de uma manobra regimental comandada por Alves.
O presidente da Câmara promete agora não pôr mais em votação casos semelhantes - como os dos condenados no julgamento do mensalão - enquanto não se aprovar o voto aberto. Nesta entrevista ao Estado, Alves também diz que o PMDB estará com Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Abaixo, os principais trechos da entrevista.
A decisão de absolver Donadon afasta a Câmara do povo?
Isso gerou um desgaste, sim. Mas o que mais me frustrou foi o fato de apenas 405 parlamentares terem dado seu voto quando na Casa, durante o dia, quase 480 compareceram. Uma votação como aquela jamais poderia ser decidida por omissão. Acho que foi uma decisão mais emocional do que racional.
O que motivou as faltas?
Nesse processo, cada um tem de avaliar o que fez de certo, o que fez de errado. Prolonguei a sessão ao máximo para tentar aumentar a presença, mas respeito o resultado da Casa. Não sou ditador dela, sou só o presidente. E nessa condição decidi convocar o suplente, já que Donadon não poderá exercer o mandato por causa da prisão.
O Congresso, alvo de protestos em junho, agora toma uma decisão como essa. Não entendeu o recado das ruas?
Não acho que o Congresso foi um dos principais alvos. Foi um alvo também. Isso é natural, por ser mais exposto. É o Poder mais transparente, portanto mais visível, tanto nos erros quanto nos acertos. As manifestações de junho focaram mais na qualidade e na carência dos serviços públicos. Mas depois dessa decisão, lamento que isso possa se voltar contra o Legislativo, que vinha se recuperando.
O voto secreto foi fundamental para a absolvição?

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