segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O diabo existe? A pedagogia do medo e a função civilizatória do sobrenatural


Em Os irmãos Karamázov, Dostoiévski elabora o seguinte diálogo:
− O diabo existe?
− Não, não existe.
− Tanto pior. Não sei o que eu teria feito ao primeiro fanático que inventou Deus. Enforcá-lo seria insuficiente.
− Sem essa invenção não haveria civilização*.
Ao retomar as minhas anotações sobre a leitura deste clássico da literatura universal, lembrei-me de outro trecho sobre a existência daquele cujos nomes são os mais diversos e inimagináveis. Trata-se de uma divertida conversa entre uma criança e sua mãe, escrita por Graciliano Ramos, em sua obra Infância, de inspiração autobiográfica. Vale a pena ler o trecho na íntegra:
Às vezes minha mãe perdia as arestas e a dureza, animava-se, quase se embelezava. Catorze ou quinze anos mais moço que ela, habituei-me, nessas tréguas curtas e valiosas, a julgá-la criança, uma companheira de gênio variável, que era necessário tratar cautelosamente. Sucedia desprecatar-me e enfadá-la. Os catorze ou quinze anos surgiam entre nós, alargavam-se de chofre – e causavam-me desgosto.
Um dia, em maré de conversa, na prensa de farinha do copiar, minha mãe tentava compor frases no vocabulário obscuro dos folhetos, Eu me deixava embalar pela música. E de quando em quando aventurava perguntas que ficavam sem respostas e perturbavam a narradora.
Súbito ouvi uma palavra doméstica e veio-me a idéia de procurar a significação exata dela. Tratava-se do inferno. Minha mãe estragou a curiosidade: impossível um menino de seis anos, em idade de entrar na escola, ignorar aquilo. Realmente eu possuía noções. O inferno era um nome feio, que não devíamos pronunciar. Mas não era apenas isso. Exprimia um lugar ruim, para onde pessoas mal-educadas mandavam outras, em discussões. E num lugar existem casas, árvores, açudes, igrejas, tanta coisa, tanta coisa que exigi uma descrição. Minha mãe condenou a exigência e quis permanecer nas generalidades. Não me conformei. Pedi esclarecimentos, apelei para a ciência dela. Por que não contava o negócio direitinho? Instada, condescendeu. Afirmou que aquela terra era diferente das outras. Não havia lá plantas, nem currais, nem lojas, e os moradores, péssimos, torturados por demônios de rabo e chifres, viviam depois de mortos em fogueiras maiores que a de S. João e em tachas de breu derretido. Falou um pouco a respeito dessas criaturas.
Fogueiras de S. João eu conhecia. Tinha-se feito uma diante de casa. Eu andara à tardinha em redor do monte de lenha que o moleque José arrumava. Admirando os aprestos, espantava-me de haver nascido ali de supetão um mamoeiro carregado de frutos verdes. Á noite deitara-se na pilha uma garrafa de querosene, viera um tição. E eu ficara na calçada até dez horas, olhando as labaredas, que meu pai alimentava com aduelas e sarrafos. A gente da vila mexia-se, ria e cantava, iluminada por outros fogos. No dia seguinte as folhas do mamoeiro se torravam, pulverizavam. E na rua, desentulhada, apareciam grandes manchas negras.
Também conhecia o breu derretido. No armazém, barricas finas continham substância escura que, pisada, tirava a cor das moedas de vintém livres do azinhavre, raspadas no tijolo, molhadas e enxutas. Eu havia esfarelado um pedaço dessa maravilha, com um peso de meio quilo, junto à balança romana da loja. Tinha posto a massa dourada num cartucho de jornal, riscado um fósforo em cima e esperado o fenômeno. Uma lágrima correra no papel, alcançara-me o dedo anular, descera da unha a primeira falange. Largando a experiência, eu me desesperara, abafando os gritos, fora meter a mão num pote de água. Tinha sofrido em silêncio, receando que percebessem a traquinada e a queimadura.
Quando minha mãe falou em breu derretido, examinei a cicatriz do dedo e balancei a cabeça, em dúvida. Se o pequeno torrão, esmagado com o peso de meio quilo, originara aquele desastre, como admitir que pessoas resistissem muitos anos a barricas cheias derramadas em tachas fundas, sobre fogueira de S. João?
- A senhora esteve lá?
Desprezou a interrogação inconveniente e prosseguiu com energia.
— Eu queria saber se a senhora tinha estado lá.
Não tinha estado, mas as coisas se passavam daquela forma e não podiam passar-se de forma diversa. Os padres ensinavam que era assim.
— Os padres estiveram lá?
A pergunta não significava desconfiança na autoridade. Eu nem pensava nisso. Desejava que me explicassem a região de hábitos curiosos. Não me satisfaziam as fogueiras, as tachas de breu, vítimas e demônios. Necessitava pormenores.
Minha mãe estragara a narração com uma incongruência. Assegurara que os diabos se davam bem na chama e na brasa. Desconhecia, porém, a resistência das almas supliciadas. Dissera que elas suportariam padecimentos eternos. Logo insinuara que, depois de estágio mais ou menos longo, se transformariam em diabos. Indispensável esclarecer esse ponto. Não busquei razões, bastavam-me afirmações. Achava-me disposto a crer, aceitaria os casos extraordinários sem esforço, contanto que não houvesse neles muitas incompatibilidades. Reclamava uma testemunha, alguém que tivesse visto diabos chifrudos, almas nadando em breu. Ainda não me havia capacitado de que se descrevem perfeitamente coisas nunca vistas.
− Os padres estivaram lá? — Tornei a perguntar.
Minha mãe irritou-se, achou-me leviano e estúpido. Não tinham estado, claro que não tinham estado, mas eram pessoas instruídas, aprendiam tudo no seminário, nos livros. Senti forte decepção: as chamas eternas e as caldeiras medonhas esfriaram. Começava a julgara história razoável, adivinhava por que motivo Padre João Inácio, poderoso e meio cego, furava os braços da gente, na vacina. Com certeza Padre João Inácio havia perdido um olho no inferno e de lá trouxera aquele mau costume. A resposta de minha mãe desiludiu-me, embaralhou-me as idéias. E pratiquei um ato de rebeldia:
— Não há nada disso.
Minha mãe esteve algum tempo analisando-me, de boca aberta, assombrada. E eu, numa indignação por se haverem dissipado as tachas de breu, os demônios, o prestígio de Padre João Inácio, repeti:
—Não há não. É conversa.
Minha mãe curvou-se, descalçou-se e aplicou-me várias chineladas. Não me convenci. Conservei-me dócil, tentando acomodar-me às esquisitices alheias. Mas algumas vezes fui sincero, idiotamente. E vieram-me chineladas e outros castigos oportunos. **
A pedagogia do medo nos faz acreditar em coisas que nem imaginamos! O menino Graciliano é uma exceção que confirma a regra. De qualquer forma, convenhamos seu estilo é bem-humorado, sem perder de vista a seriedade da questão. Até porque, chineladas fazem doer!
Sim, o Diabo existe! Sem ele, é impensável a existência de Deus. Acreditar em Deus significa aceitar a existência do seu oposto; um necessita do outro para afirmarem-se perante a imaginação humana. Desconfio que foi o próprio Senhor que o criou. Ou terá sido a mente humana quem criou a ambos?!
Se o personagem dostoievskiano estiver certo, ambos são fatores que contribuem para a existência da civilização. Sem a adoração e o temor ao sobrenatural, o ser humano estaria livre de todas as amarras que o prendem à moral religiosa e só Deus – e o Diabo, é claro – sabem do que o humano, demasiado humano, é capaz! Eis que as forças que o oprimem o corpo, as leis e os instrumentos humanos criados para manter a ordem social são insuficientes. É necessário, ainda, controlar as mentes, aterrorizá-las e mantê-las pacificadas. Em outras palavras, é preciso garantir a submissão do espírito. Eis a função civilizadora da idéia de Deus e do Diabo. Não obstante, quantas barbaridades foram e são cometidas em Nome de Deus?!

* DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamázov. São Paulo: Abril Cultural, 1970, p. 105-106.
** RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1981, p. 77-79.

Durkheim: análise sociológica do suicídio


Émile Durkheim (1858-1917)
Seja o amor não correspondido, o apego ao trabalho ou outra causa qualquer, os exemplos literários apresentam-nos a morte voluntária como resultante de motivações individuais. E assim também se dá na vida real. A primeira dificuldade consiste em definir o suicídio. “Como saber que móbil determinou o agente, como saber se, ao tomar a sua resolução, desejava efetivamente a morte, ou tinha outro fim em vista? A intenção é algo demasiado íntimo para poder ser atingida do exterior, a não ser por aproximações grosseiras”, escreve Durkheim. (1983, p.166)
O jovem que se mata por amor; a jovem que deixa dúvidas se realmente tinha intenção de dar cabo à vida; o velho funcionário que pensa em suicidar-se; o indivíduo que se mata por vergonha diante da falência; o soldado que se sacrifica pelos demais; o samurai que se mata em nome da honra; a renúncia desesperada à vida, etc. São inúmeras as situações em que comumente se adota a designação de suicídio. Portanto, é preciso caracterizá-lo. Segundo Durkheim:
Chama-se suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia produzir este resultado. A tentativa de suicídio é o ato assim definido, mas interrompido antes que a morte daí tenha resultado” (Id., p167).
Na literatura predomina o viés individual e psicologizante do suicídio; na vida real, também. É sandice negar os fatores individuais e psicológicos. Não obstante, não é sensato restringir-se ao indivíduo e ao psiquismo. Como observa Durkheim:
“Visto que o suicídio é um ato do indivíduo que apenas afeta o indivíduo, dir-se-ia que depende exclusivamente de fatores pessoais e que o estudo de tal fenômeno se situa no campo da psicologia. E, aliás, não é pelo temperamento do suicida, pelo seu caráter, pelos seus antecedentes, pelos acontecimentos da sua vida privada que normalmente este ato se explica? (Id., p.168)
Se os suicídios podem ser explicados apenas pelos fatores psicológicos, então, desresponsabilizamos a sociedade. No entanto, nem todos os que sofrem por amor, ou outro motivo qualquer, se matam. Por que outros resistem e não sucumbem ao ato suicida? A resposta está na própria sociedade. É isto que Durkheim demonstra em seu clássico estudo sobre o suicídio enquanto um fenômeno eminentemente social. Não que ele desconsidere a psicologia; ele apenas enfatiza os fatores sociais. “Cada sociedade tem portanto, em cada momento da sua história, uma aptidão definida para o suicídio”, afirma (Id., p.169). Ou seja, em cada sociedade há um número constante de suicidas, uma taxa de suicídio relacionada a cada grupo social, a qual “não se pode explicar nem através da constituição orgânico-psíquica dos indivíduos nem através da natureza do meio físico” (Id., p.177).
As causas do suicídio não estão, portanto, nos indivíduos – e no que eles declaram no momento desesperado em que abraçam a morte. Os indivíduos sucumbem à tendência suicidogênea disseminada na sociedade enquanto um estado geral, isto é, como um fator exterior aos indivíduos e independentes deles.[1]
“As razões com que se justificam o suicídio ou que o suicida arranja para si próprio para explicar o ato, não são, na maior parte das vezes, senão as causas aparentes. Não só não são senão as repercussões individuais de um estado geral, mas exprimem-no muito infielmente, dado que permanecem as mesmas e que ele difere. Estas razões marcam, por assim dizer, os pontos fracos do indivíduo, através dos quais a corrente que vem do exterior para incitá-lo a destruir-se se introduz mais facilmente” (Id., p.182).
Em cada sociedade há a tendência coletiva para o suicídio, uma força exterior aos indivíduos, mas que se manifesta através destes. Esta tendência está vinculada aos diferentes hábitos, costumes, idéias, etc. Sua intensidade é também determinada socialmente, isto é, a partir do contexto de cada sociedade específica. Observe-se que as sociedades não são compostas apenas por indivíduos, mas também por fatores físicos materiais independentes destes e que também influenciam a vida social. A intensidade com que se manifesta a tendência suicidogênea depende dos seguintes fatores:
“…primeiro, a natureza dos indivíduos que compõem a sociedade; segundo, a maneira como estão associados, ou seja, a natureza da organização social; terceiro, os acontecimentos passageiros que perturbam o funcionamento da vida coletiva, sem alterar no entanto a constituição anatômica desta, tais como as crises nacionais, econômicas etc.” (Id., p.199).
Em suma, são as condições sociais que explicam, por exemplo, que o fenômeno suicida se manifeste diferentemente nas diversas sociedades. Isto explica também porque o número de mortos voluntários e a sua distribuição entre as diversas faixas etárias e grupos sociais se mantém constante em cada sociedade específica e que só se modifique este quadro quando mudam as condições sobre as quais se sustenta a sociedade.
A relação entre o indivíduo e a sociedade determina as correntes suicidogêneas. Assim, quanto menos o individuo se encontra integrado à sociedade, maior a possibilidade do suicídio egoísta se manifestar:
“Quanto mais se enfraqueçam os grupos sociais a que ele (indivíduo) pertence, menos ele dependerá deles, e cada vez mais, por conseguinte, dependerá apenas de si mesmo para reconhecer como regras de conduta tão-somente as que se calquem nos seus interesses particulares. Se, pois, concordarmos em chamar de egoísmo essa situação em que o eu individual se afirma com excesso diante do eu social e em detrimento deste último, podemos designar de egoísta o tipo particular de suicídio que resulta de uma individuação descomedida” (Durkheim, O Suicídio, apud NUNES, 1998).
Por outro lado, quanto maior a integração do indivíduo à sociedade, maior a manifestação de outro tipo de suicídio: o altruísta. Se o individualismo excessivo pode induzir ao suicídio, a absorção do indivíduo pela coletividade pode ter o mesmo efeito. “Quando desligado da sociedade, o homem se mata facilmente, e se mata também quando está por demais integrado nela”, afirma Durkheim. (Id.)
Há outro tipo de suicídio analisado por Durkheim: o anômico. Este resulta de desequilíbrios sociais ocasionados por crises econômicas e políticas que modificam as condições sociais sob as quais se amparavam os indivíduos. Nestas circunstâncias, rompe-se a autoridade sustentada nas normas tradicionais e os indivíduos ficam sem referências. A crise produz deslocamentos financeiros, gera falências e processos de enriquecimento que fazem surgir os novos ricos. De um lado, a dificuldade em aceitar a situação material inferior; de outro, a cobiça diante da nova riqueza. E, em meio à crise, a moral não mais se sustenta e os indivíduos são obrigados a se educarem numa nova moral adaptada à nova situação. Este processo é doloroso e coloca em movimento a tendência suicidogênea anômica.
Durkheim esclarece que, em condições normais, as correntes suicidogêneas (egoísta, altruísta e anômica) “se compensam mutuamente”. Assim, o indivíduo se encontra num “estado de equilíbrio que o preserva de qualquer idéia de suicídio. Mas, se uma delas ultrapassar um certo grau de intensidade em prejuízo das outras, tornar-se-á, ao individualizar-se e pelas razões expostas, suicidogênea” (DURKHEIM, 1983, p.199).[2]
A sociedade é real, a morte também não é uma abstração. Se aceitarmos e compreendemos esta realidade, podemos viver melhor e nos resignarmos à certeza da finitude. Dessa forma, é possível superar os tabus e o moralismo que envolvem temas como o suicídio.
O mérito de Durkheim está em demonstrar que o suicídio é um fenômeno social e que é possível estudá-lo e compreendê-lo a partir da compreensão da sociedade. O suicídio é um fenômeno presente em todas as sociedades humanas, mas sob as condições da modernidade ele assume uma intensidade nunca vista. A responsabilidade é social e não apenas individual. As diversas áreas do conhecimento podem contribuir, mas é necessário que se respeite as suas especificidades e limites, sem que, por isso, neguem-se mutuamente.
Referências
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social; As regras do método sociológico; O suicídio; As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores).
NUNES, Everardo Duarte. Durkheim’s Suicide: reassessment of a classic from 19th-century sociological literatureCad. Saúde Pública. [online]. Jan./Mar. 1998, vol.14, no.1 [cited 24 December 2004], p.7-34. Available from World Wide Web: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1998000100002&lng=en&nrm=iso>
UENO, Kayoko. O suicídio é o maior produto de exportação do Japão? Notas sobre a cultura de suicídio no Japão. In: REA, nº 44, janeiro de 2005 [Tradução: Eva Paulino Bueno]. Disponível emhttp://www.espacoacademico.com.br/044/44eueno.htm
ZWAHR-CASTRO, Jennifer. O suicídio entre adolescentes americanos. In: REA, nº 44, janeiro de 2005 [Tradução: Eva Paulino Bueno]. Disponível emhttp://www.espacoacademico.com.br/044/44ecastro.htm.

[1] Isto está relacionado á concepção que Durkheim tem do fato social. Para ele, o fato social, isto é, aquilo do que deve se ocupar a sociologia, se caracteriza por: 1) a coerção social exercida sobre os indivíduos; 2) sua exterioridade em relação aos indivíduos; e, 3) a generalidade. Durkheim mostra que os fatos sociais têm existência própria e independem do que pensam ou da ação dos indivíduos considerados isoladamente. Embora tenhamos personalidade individual, o modo como nos comportamos e agimos obedece a um padrão de condutas e de idéias, valores morais e hábitos, determinados pela sociedade. Esta desenvolve um conjunto de crenças e de sentimentos comuns: a consciência coletiva. Esta consciência não é a simples soma das consciências individuais ou de grupos específicos. Ela é partilhada, em maior ou menor grau, por todos os indivíduos e expressa o tipo psíquico da sociedade, o qual é imperativo e sobrevive às gerações.
[2] O Suicídio foi publicado em 1897. A tipologia durkheimiana permanece atual. Jennifer Zwahr-Castro, ao analisar este fenômeno na sociedade norte-americana, utiliza a sociologia de Durkheim e conclui que, entre os jovens norte-americanos, o mais comum é o suicídio egoístico. (Ver: O suicídio entre adolescentes americanos). Também a socióloga Kayoko Ueno nota que as hipóteses durkeimianas “podem ser ainda relevantes no Japão contemporâneo”. (Ver: O suicídio é o maior produto de exportação do Japão? Notas sobre a cultura de suicídio no Japão).