quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Impressões sobre a Cidadela, de Exupéry



É característica humana eleger preferências. De toda ordem elas existem e comprovam a assertiva. Países, cidades, lugares, alimentos, profissões, amizades e companhias afetivas, autores literários, compositores, artes no sentido amplo, opção religiosa são privilegiados ao longo de nossas trajetórias. A empatia tem origem profunda ou não, a poder inclusive surgir por mero acaso. Geralmente, a escolha feita tende a sedimentar-se ou servir, acúmulo certificado, para outras escolhas ramificadas daquela. Necessitaria o homem desses amparos a indicar-lhe o norte, e fazem parte de sua formação integral.
 
No final de 1958, estudava em Paris e, ao tocar nos cursos de piano de Marguerite Long, encontrei o ex-cônsul da França em São Paulo, Baron André de Fonscolombe. Diplomata na acepção, era também um amante da música, pois tocava e cantava com prazer. Convidou-me para ir ao seu apartamento na Avenue Hoche, nº 4. Nascia um relacionamento que se prolongou por um bom tempo. Depois, como diplomata sediado no Quai d’Orsay – corresponde ao nosso Itamaraty –, ele foi ocupar um outro posto fora da França.
 
Durante esse período, quase todas as quartas-feiras à noite jantava informalmente com Monsieur le Baron, em companhia de sua esposa, filhos, Simone de Saint-Exupéry, prima irmã do anfitrião, e um príncipe russo. Poderiam ser apenas reuniões triviais, não fossem as extraordinárias sessões após o jantar. André de Fonscolombe apagava as luzes e deixava apenas um abajur aceso. Simone, irmã de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), sentava-se perto da luz, retirava de uma pasta algumas folhas e lia trechos de Citadelle, obra prima do piloto-escritor. Foram inúmeras as sessões de leitura nas quais, pausadamente, Simone enfatizava os escritos e os vários segmentos juntados, a fim de se chegar ao texto final, que seria publicado em 1959, com outras obras do autor, na coleção Bibliothèque de la Pléiade (France, NRF, 1008 págs.). Simone esteve à testa desse hercúleo trabalho, no qual não faltou a interpretação de palavras chaves deCitadelle, mas com significados diferentes no transcurso das narrativas que compõem o livro. Dissera que o trabalho fora imenso, pois Saint-Exupéry escrevia e por vezes deixava gravado alguns textos, que eram transcritos posteriormente. Fez-nos ouvir alguns desses registros com a voz do autor. Os textos de Citadelle, muitas vezes, remetem à mesma temática desenvolvida sob outros contextos. Após uma interrupção para a tizane, eu tocava num Erard de meia cauda peças que estava a estudar. Voltava-se à leitura e, por vezes, ficávamos a ouvir sentados sobre os tapetes. Ao finalizar, Simone respondia às nossas indagações a respeito de Citadelle como síntese do pensamento do ilustre humanista. A magia dessas reuniões planava sob a aura do personagem no sentido profundo de sua dupla ação: o piloto solitário que entendia a mensagem das estrelas na longas noites a sobrevoar continentes e oceanos, e o escritor que em sua obra maior,Citadelle, captava as reações humanas, boas e más, a interpretá-las. Nos solilóquios aos quais o autor se impõe na obra, há sempre a profunda reflexão sobre o homem e suas aspirações. Simone sabia traduzir-nos intenções ocultas contidas na criação e Saint-Exupéry penetrava-nos através de parcela de sua dimensão. Apesar de o piloto-escritor ter em mente o plano geral da obra, ela ficaria inconclusa. Todavia, a reunião de textos visando ao livro final publicado daria a este monumentalidade. Como afirma Simone de Saint Exupéry na apresentação de um glossário da publicação mencionada: a obraaborda todos os problemas da destinação humana e das condições do homem.
 
Tinha perdido com o tempo o contacto com os Fonscolombes. André já falecera, mas seu primo irmão, Bennoit de Fonscolombe, lembrou-me, neste ano, traços marcantes do diplomata-intelectual e de sua extrema generosidade. Foi graças ao Baron de Fonscolombe e a sua prima Simone que me encantei com a obra de Saint-Exupéry, que será motivo de posts futuros. Li sua opera omnia, apreendendo reflexões densas e profundas. Foi tão marcante essa influência que, em 2004, acometido de um linfoma com prognóstico plúmbeo, a levar-me a muitas sessões de quimioterapia, pensei à noite, poucas horas após o diagnóstico: qual o livro mais marcante dentre todos aqueles que me fizeram companhia ao longo da existência? Precisaria encontrar o equilíbrio a partir da família, dos amigos verdadeiros, da música, da fé e da leitura. Esta poderia corroborar a paz interior necessária a tudo suportar. Veio-me a mente Citadelle. Durante um ano e meio reli, antes de dormir, duas ou três páginas e refletia. Finalizei a leitura, quase quarenta anos após a primeira visita à obra. Realmente um monumento. Ajudou-me a reencontrar a paz relativa sempre almejada. A saúde sub judice, nessa trégua que me foi concedida por um Poder Maior, faz-me entender ainda mais o maravilhamento deCitadelle e…da vida, através do fervor, uma das palavras paradigmáticas do livro. E tudo teria começado através da inefabilidade dos textos lidos por Simone de Saint-Exupéry. 

Fonte: http://blog.joseeduardomartins.com/index.php/2007/11/09/antoine-de-saint-exupery-2/
Autor: José Eduardo Martins

***

Por James Francis Ryan

Na Época da Ditadura ...



É MUITO BEM HUMORADO E MAS MUITO VERDADEIRO. . . 
Na época da 'chamada' ditadura...
Podíamos namorar dentro do carro até a meia- noite sem perigo de sermos mortos por bandidos e traficantes. Mas, não podíamos falar mal do presidente.

Podíamos ter o INPS como único plano de saúde sem morrer a míngua nos corredores dos hospitais. Mas não podíamos falar mal do presidente.

Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem era cidadão de bem,quem era bandido e quem era terrorista,
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.

Podíamos paquerar a funcionária, a menina das contas a pagar ou a recepcionista sem correr o risco de sermos processados por “assédio sexual”, Mas, não podíamos falar mal do Presidente.

Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (Ei! negão!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!) e não éramos processados por “discriminação” por isso, Mas, não podíamos falar mal do presidente.

Podíamos tomar nossa redentora cerveja no fim do expediente do trabalho
para relaxar e dirigir o carro para casa, sem o risco de sermos jogados à vala da delinqüência, sendo preso por estar “alcoolizado”,Mas, não podíamos falar mal do Presidente.

Podíamos cortar a goiabeira do quintal, empesteada de taturanas,
 sem que isso constituísse crime ambiental, Mas, não podíamos falar mal do presidente.

Podíamos ir a qualquer bar ou boate, em qualquer bairro da cidade, de carro, de ônibus, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos assaltados, seqüestrados ou assassinados, Mas, não podíamos falar mal do presidente.


Hoje a única coisa que podemos fazer...

...é falar mal do presidente!

                                                                             ***
 Frank Castle.

O Dedo por Trás do Gatilho



“Aquele que vive pela espada, morrerá pela espada” (Mateus 26,52)




Quando atirou a primeira pedra - no tempo das cavernas - e viu o potencial destrutivo da sua ação,  o homem descobriu uma das formas mais vis de praticar o mau e a injustiça: a covardia de tirar a vida do semelhante.
    
   Covardia. Essa é a palavra correta para designar a ação do homem que tira a vida de seu semelhante por meio de ardis como armas de fogo, emboscadas e táticas que não oferecem nenhuma defesa àquele que tem sua vida ceifada de modo violento.
    
   A morte violenta, embora justificada, não é um sinal de prevalecência do mais forte. Pelo contrário, é a assinatura de um atestado de que quem mata é incapaz. Incapaz de conviver com o outro. De ser superior a todo e qualquer obstáculo que a vida lhe opõe. Há muita diferença no ato de reagir à determinada ação e dela subtrair a vida de outrem, e planejar a morte e alguém por motivos não raramente fúteis e banais.
    
   Certos também, de que a vida obedece a uma “ordem cíclica”, e que “pagamos aqui” o bem ou o mal, aquele que mata sem dar chances de revide é covarde porque se julga incapaz de estar cara a cara com a vítima e dizer-lhe aquilo que deseja. Talvez essa abordagem da morte seja um pouco simplória, todavia, é uma verdade que precisa ser engolida por aqueles que tendem a usar da emboscada, da surpresa e dos ardis vergonhosos para matar.
    
   O uso da arma de fogo – seja qual for o seu potencial de alcance – é vista dessa maneira como uma extensão do braço do agressor. Mais uma forma que aponta a incapacidade de aproximação, a certeza da covardia, o medo de se aproximar, a incapacidade de ser Homem. Visto por essa ótica, o homicídio nas circunstâncias elencadas acima não passa de uma forma grotesca pela qual o Homem se mostra incapaz de conviver com o Mundo ao seu redor.
    
   A mão por trás do gatilho, a mão do covarde. Essa é a verdadeira face do Homem, que incapaz de conviver com o seu semelhante, arma-lhe uma emboscada e ceifa-lhe a vida covardemente. Não há outra definição, embora no decorrer da vida tenhamos que optar pela nossa própria existência.
    
   E para que ninguém se esqueça da Lei da Ação/Reação, Cristo mais uma vez nos deixa seu ensinamento: “aquele que vive pela espada, morrerá pela espada.”

(...)
Frank Castle

Antoine de Saint Exupéry




Antoine de Saint Exupéry foi um piloto e escritor francês que morreu aos 44 anos. Seu primeiro livro foi publicado em 1929, mas seu sucesso internacional só foi iniciado em 1931 com a obra Vôo Noturno. A maioria de seus trabalhos é inspirada em sua experiência como piloto, uma exceção é O Pequeno Príncipe, uma história filosófica com críticas sociais e uma opinião aberta sobre a estranheza do mundo adulto.


Bibliografia

O Aviador (1926)

O Aviador é a primeira história de Saint-Exupéry, publicada na Ship Money, revista da qual o escritor francês Jean Prevost é o editor. A força da narração é vasta em vários aspectos na qual ele descreve suas impressões de ter voado ainda muito jovem. Essa experiência de vôo e as qualificações do escritor materializam o que os aviadores da época estavam vivenciando: "Cortado pelo vento das hélices, à apenas vinte metros da grama que parece voar. O piloto, um movimento de seu pulso, solta ou mantém a tempestade. O ruído aumenta agora repetidamente até se tornar uma espécie de densidão, quase sólida, onde o corpo está incluso." A materialização das impressões é notável na sua descrição da instalação do piloto no avião. Ele se sente como um centauro ao estar na máquina: "O silêncio é estranho quando você coloca o cinto e as tiras do pára-quedas, depois há o movimento dos ombros, e o seu corpo se ajusta à cabine."

Ele ainda brinca com metáforas comparando a o vento das hélices a um rio descrevendo o movimento da grama: "Cortado pelo vento das hélices, à apenas vinte metros da grama que parece voar." Mais tarde, essa descrição da sensação física do ar se torna mais forte, "Ele olha para a capa preta apoiada no céu." É exatamente essa a sensação quando você está entre os controles, cabos, pedais e a velocidade estiver alta o suficiente. Apesar de não ser um grande trabalho, 'O Aviador' já mostrava a qualidade e humanidade do escritor que mais tarde viria a atingir o universo.


***

Por Frank Castle

Nunca perca as esperanças! A vida dá muitas voltas..

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21 anos atrás, na casa de uma tia, na África.







Hoje, na sala mais poderosa do mundo.





A Saga de Alex Alcântara de Arruda e a Justiça Paulista


"Juiz não teve pena/Nem responsabilidade/Tá faltando pena e tá sobrando impunidade/Impunidade é a mãe da covardia/No país verde amarelo/Bandido não tem pena, martelo de dor ..."    Martelo (Gabriel, o Pensador)

   Uma mãe agoniza com uma criança de nove meses no ventre. Era Daniela Nogueira, que após ser alvejada por seu algoz durante uma tentativa de assalto deixa este mundo sem ver o tão esperado rostinho que a muito esperava ver.

   Em disparada fugia o assassino, identificado como Alex Alcantara Arruda, ex presidiário, fugitivo.

   Por trás de tudo isso uma série de erros da Justiça Paulista, que permitiu por meio de todos os trâmites, que o suspeito de ser o algoz de Daniela estivesse na rua a praticar livremente seus delitos preferidos.

   A Polícia cumpre com seu dever. A única coisa a lamentar é que homens e mulheres da acomodação de seus gabinetes friorentos assinam papéis e sem o conhecimento da realidade das ruas libertam assassinos e toda sorte de seres nocivos a sociedade.

   No fim disso tudo temos uma família destruída: um esposo viúvo, uma criança orfã de mãe; a saudade de um ente que se foi...

   A Alex - se foi ele realmente quem puxou o gatilho -brevemente as ruas para a prática de novos delitos. Ao juiz que o soltou, o peso na consciência - se é que Magistrados possuem alguma consciência - para o resto da vida. Aos dois, o sangue de Daniela em suas mãos e a certeza de que tudo nessa vida segue a Lei do Vai e Volta.

   Que o Bom Deus console a família de Daniela, dê saúde ao rebento que sobreviveu à tamanha barbaridade e que faça-se a Justiça. Não a Paulista, não a Brasileira; mas, a Divina. Aquela que é feita aqui...

***

Por Maximus Decimus Meridius

O Valor da Vida diante da Intolerância

O Valor da Vida diante da Intolerância

(clique para ampliar)



O mundo é grande e não há como mensurá-lo exclusivamente em termos numéricos espaciais. Perante essa imensidão alguns valores ficam totalmente relativizados quando entram em questão os termos religião, sociedade e cultura.

   Um dos valores mais atingidos é o da vida, ou o direito a ela.

   A vida é um valor que perde todo sentido, principalmente quando encontra culturas intolerantes, religiões fundamentalistas e sociedades arcaicas. Geralmente isso acontece onde não há o respeito pelos homens em suas generalidades, direitos e garantias fundamentais; e onde existem regimes fundamentalistas e radicais no comando da sociedade.

   Percorrendo as páginas sangrentas da internet, é comum encontrarmos relatos de pessoas que morreram, ou que estão marcadas para morrer, pelo simples fato de não concordar com determinado credo.  O mais chocante em toda essa estória é que esse é um fato comum dentro de algumas sociedades. Nelas o cidadão não tem o direito do livre pensamento, ficando assim refém de ideologias puramente ultrapassadas e que nada têm a ver com a liberdade de cada um em particular.

   Apedrejamento, enforcamento, fuzilamento. Essas são algumas penas para aqueles que ousam ser “diferentes”. O mais engraçado, ou talvez mais inaceitável, é que aqueles que condenam seus semelhantes, por trás dos panos alimentam as mais abomináveis práticas. Aquelas que realmente mereceriam ser extirpadas com a morte, se é que ela é do agrado da entidade divina em nome de quem são aplicadas.

   É realmente triste constatar que quando uma pessoa não aceita a outra, a única opção é matar. E matar alguém pelo simples fato dessa pessoa não comungar das mesmas opiniões, não é somente tirar a vida. É confessar uma fraqueza humana que não se iguala a nenhuma outra falha inerente ao nosso ser imperfeito. Além de intolerância, é covardia envolta um manto efêmero de hipocrisia. É um misto de deus e juiz, quando na verdade aplica-se uma pena em nome de uma ofensa àquele que é dono e origem de toda vida.

   Por mais que seja cultural - ainda que lei -, tirar uma vida por questões religiosas é uma das mais torpes faces da intolerância e da arbitrariedade humana. Seria desesperançoso se Aquele a quem tentam “vingar e lavar a honra” não fosse justo.

   Ele olha para toda essa carnificina. Vê o sofrimento dos injustiçados; recolhe e pesa todo o sangue derramado em seu nome. E a cada um ele honrará no momento certo...

(...)

***

Por Frank Castle

É assim que tudo termina?








   Será que é dessa maneira que tudo vai acabar? Um pedaço velho de ferro melado de ouro vai ofuscar a visão dos nossos combatentes? A vitória nos gramados contrasta com a derrota na saúde, na educação, na moradia e em tudo que diz respeito à cidadania e a vida digna do povo brasileiro

     

***

Casey Ryback

Extremismo e Fundamentalismo

Extremismo e Fundamentalismo



   Já nos cansamos de ver, ouvir e falar de notícias do além mar dando conta de que aumentou a perseguição contra os Cristãos. É realmente um caso preocupante, haja visto o fato de lá fora não haver o respeito pela fé nem pela crença dos outros.

   Creio que os leitores sabem, ou suspeitam a que tipo de pessoas me refiro.

   Uma religião ou crença que se impõe pelo medo, pela violência e pelo terror não passa da associação de um bando de covardes escondidos sob o falso pretexto dela para matar. O desrespeito a vida, totalmente propagado por essas seitas fundamentalistas, é a raiz do mal, do ódio e da intolerância.

   Assistindo ao filme PROMETHEUS fiquei a meditar o porque de "os engenheiros" desejarem tanto destruir sua criação. Quem viu o filme vai entender o que estou falando.

   A procura de uma resposta salutar parei diante da questão do fundamentalismo e do extremismo. É triste ver  pessoas tirando a vida de outras pelo mero fato destas não comungarem do mesmo credo. Reafirmo tratar-se mais de covardia do que cumprimento de leis ditas sagradas. Matar alguém por causa de sua crença é uma desculpa cruel e imbecil de homens  castrados, molestadores de criancinhas, agressores de mulheres indefesas... De pessoas mal amadas e portadoras de um complexo de dono do mundo.

   Julgam-se senhores da vida e da morte, mas não passam de marionetes de carne podre que terão o mesmo destino daqueles a quem covardemente ceifam a vida. Ou quem sabe, um outro destino, muito pior.

   Embora essa opinião não tenha nenhum peso, esses covardes matadores de cristãos terão sua recompensa. Nessa vida ou na outra.Kkkkkkkkk. Nessa mesmo, ou por que será que esses pestes vivem se acabando na base do 7.62mm e da .50mm?

   Deus sabe o que faz, a gente não sabe o que diz.

***

Maximus Decimus Meridius

Você Sabe Lidar Com Problemas Brochantes?


Você Sabe Lidar Com Problemas Brochantes?








Nossa educação, cultura,
 nossos poetas, 
historiadores
 e escritores escrevem
 milhares de textos contando os efeitos
 e as glórias daqueles que resolveram as grandes questões da humanidade.
Aqueles que lidam com as grandes perguntas da ciência, da filosofia, da política, que
 vou chamar de Perguntas Edificantes.
Perguntas que uma vez respondidas nos permitiram o uso da luz, do rádio, do voo à lua,
da internet, da eliminação da pobreza, da melhor distribuição da renda.
Estes são os heróis das novas gerações.
Responder as Perguntas Edificantes dá fama e prestígio.
Devido a este viés infeliz da nossa cultura, só assim você se tornará herói, merecedor 
de um Prêmio Nobel, de uma entrevista em jornal, e pertencer a uma academia 
exclusiva de notáveis.
Nao é por acaso que todo jovem quer se tornar engenheiro, cientista político, 
sociólogo, jornalista, juiz, economista, e dedicar a sua vida para resolver estes 
problemas edificantes 
de justiça, ciência, economia e bem estar social.
Mas o mundo moderno não é mais o mundo simples de Platão, Aristóteles, Durkheim, 
Kelsen e Karl Marx.
Hoje, nosso problema não é mais descobrir coisas novas, mas manter as velhas 
funcionando.
Tanto é que o edifício de nossos Edificadores está ruindo.
E você sabe disto.
Nosso edifício de justiça, democracia, educação e economia, está ruindo rapidamente.
O povo está cada vez mais descrente de nossos cientistas, sociólogos, intelectuais, e
 veem que o mundo melhor que prometeram está gerando aquecimento global, crises 
financeiras em todos os países ditos desenvolvidos, justamente os já edificados.
Por quê?
Muito simples, e é assustador que a maioria assustada nunca leia algo como o que 
mostrarei em seguida.
Existe outro tipo de problema no mundo.
Os Problemas Brochantes.
Os Problemas Brochantes são aqueles que nos levam para trás, e não para frente.
São problemas que deveríamos colocar como prioridade, mas não o fazemos.
Ainda aplaudimos os que nos prometem ir para frente, ignorando que estamos 
indo para trás.
Obviamente, ninguém quer lidar com os Problemas Brochantes que cada sociedade
 gera.
Não dá Ibope.
Não ganha eleição.
Ninguém quer lidar com problemas como falha de qualidade, atraso, 
descumprimento do planejado, roubos de produtos feitos, desvios de recursos 
distribuídos, intrigas entre colaboradores, falta de dinheiro para implantar soluções 
edificantes, pagar os impostos atrasados, resolver estes gargalos da falta de quase
 tudo.
Ninguém quer lidar com a manutenção do edifício, sua limpeza e contabilidade de
 custos.
Ninguém quer lidar com problemas que estão nos levando para trás, todos 
obviamente 
querem lidar com problemas que nos levam para a frente.
Mas precisamos destas profissões mais e mais.
A medida que nos tornamos mais civilizados e edificados, precisamos mais e 
mais de 
profissões que mantêm as fronteiras do que aquelas que abrem novas fronteiras.
Precisamos de profissões que sejam treinadas e estejam dispostas a lidar com 
nossos 
problemas brochantes com criatividade e sorriso no rosto.
Todo mundo quer mudar o mundo, e não manter os edifícios já existentes que os 
edificantes do passado construíram.
Pior, nunca valorizamos as profissões que lidam com os problemas brochantes da
 sociedade.
Cite um auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo, geriatra, 
administrador, que tenham sido premiados com um Prêmio Nobel.
Cite um auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo, geriatra, 
administrador, que tenham sido enaltecidos e elogiados por algum blog de renome.
Cite um auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo, geriatra, 
administrador, que você admira porque eles cuidam dos problemas brochantes da 
sociedade.
Agora pergunte a um auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo,
 geriatra, administrador, se ele está feliz por ser ignorado pelos nossos poetas,
 historiadores e blogueiros.
Pergunte a um auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo, 
geriatra, administrador, se ele não gostaria de ser reconhecido, validado, motivado 
de vez em quando.
A todo auditor, contador, fiscal, engenheiro de manutenção, psicólogo, geriatra, 
administrador, o meu muito obrigado por resolver os problemas brochantes que 
têm de ser feitos.

Nosso edifício de justiça, democracia, educação e economia, está ruindo rapidamente.

ESTUDAR A NOITE ANTES DE PROVA COMPROMETE RESULTADOS (1)

J.M.FILHO
Pesquisadores da Universidade da California, Estados Unidos, advertem que sacrificar o sono da noite anterior a um exame para estudar mais compromete o êxito acadêmico, depois de haverem comprovado que o rendimento ótimo é conseguido a partir do equilibrio entre estudo e sono. Isso não significa que o estudante não deva estudar , mas que leve em conta que as horas de sono podem ser determinantes para obter bons resultados.

Sacrificar sono compromete o êxito acadêmico (Crédito: XXX)


ESTUDAR A NOITE ANTES DE PROVA COMPROMETE RESULTADOS (2)

Para chegar a esses resultados, foram analizadas as pautas de estudo de 535 estudantes que levaram um diário durante 14 dias onde estavam anotados o tempo de estudo, as horas de sono e os resultados acadêmicos. De um modo geral, constatou-se que quem mais estudava obtinha melhor nota, porém, ao se indagar os momentos dedicados ao estudo observaram que estudar à noite (o que comporta menos horas de sono) acarretava problemas acadêmicos. Em suma, concluiram que o desempenho acadêmico pode depender da estratégia de estudo, levando-se em consideração a relação sono/vigília.

Como Prever Falências – 40 Anos Depois


Como Prever Falências – 40 Anos Depois

O artigo Como Prever Falências, publicado há 38 anos na Revista EXAME, UM trabalho acadêmico e talvez o mais conhecido. Introduzia no Brasil o conceito de credit-scoring, e ficou conhecido como o Termômetro de Kanitz.
Neste artigo vou descrever como ideias são lançadas e absorvidas no Brasil, um artigo mais de Sociologia do que de Finanças.
1) Hoje, 38 anos depois, são poucas as coleções de bibliotecas, especialmente de Universidades, em que este número não tenha sido roubado.
A revista de Dezembro de 1974, da Exame, geralmente está faltando. Prenúncio do que direi mais embaixo.
2) No artigo mostrei um dos meus modelos, não o melhor, e coloquei com todas as letras que possuía outros modelos, com 25 variáveis que previam muito melhor.
Esperava receber uma fila de interessados em saber como adquirir estes modelos melhores.
Não aconteceu.
Todos preferiram usar o modelo mais simples de cinco variáveis, de longe o pior, mas grátis.
Pagar por consultoria, ideias, novos métodos, jamais. O grátis é sempre melhor.
Por mais de 30 anos, a Exame recebia cartas e emails pedindo uma cópia do artigo, nenhuma carta era endereçada a mim.
É o país do “tudo se copia” e do “tudo grátis”, mesmo sendo pior.
Por isto, nosso ensino é da pior qualidade, nossa saúde idem, mas pelo menos é de graça.
3) Um banco do Rio Grande do Sul, por exemplo, aplicava-o sobre os seus próprios resultados quando o modelo era claramente destinado à indústria e ao comércio.
Também não lemos instruções.
Aplicamos teorias administrativas e econômicas desenvolvidas por ingleses e americanos, sem ler as instruções.
Sem perceber que aquelas teorias foram criadas para a cultura inglesa e americana, não para a brasileira.
Mas mesmo assim copiamos, sem mandar cartas ao autor.
4) O artigo apresentava cinco índices de previsão de insolvência que, ponderados através de pesos cientificamente determinados, davam uma nota para a empresa analisada, nota esta que determinava a sua saúde financeira.
Notas baixas indicavam péssima saúde financeira, e consequentemente elevada probabilidade de falência. Notas elevadas indicavam saúde excelente, e consequentemente empresas de baixo risco de crédito.
Hoje, os pesos e os índices do artigo de 1974 são obsoletos e incorretos, já que a situação econômica do país mudou bastante neste período.
Mas pelos 20 anos seguintes, foi usado sem pestanejar.
Secretarias da Fazenda de vários Estados usavam para selecionar empreiteiras, apesar do modelo não contemplar a área de serviços.
O único dinheiro que ganhei com este modelo foi em pareceres jurídicos a favor de empreiteiras injustiçadas, onde afirmava que o modelo fora usado sem a minha permissão. E que hoje, não previa coisa alguma.
5) Para o meu espanto, acabou sendo usado por uma série bancos e financeiras, sem a mínima preocupação de se aprofundarem na metodologia que o gerou.
Este comportamento é bem elucidativo quanto ao comportamento gerencial brasileiro, ávido na utilização de fórmulas prontas.
Pior, três anos depois fiz uns seminários para a Revista Exame sobre o assunto em cidades do interior, e vários gerentes de bancos me disseram que o modelo funcionava a mil maravilhas. O que não deveria ter acontecido.
É que todos os gerentes usavam o mesmo modelo, e devo inadvertidamente cortado o crédito de muita empresa sadia, que ao falir confirmaram a qualidade do meu modelo.
O meu termômetro era uma fórmula pronta, para ser usado sem pensar.
Usamos fórmulas prontas sejam de autores nacionais ou estrangeiros, sem o mínimo questionamento ou pelo menos um esforço para adaptar os modelos genéricos às situações específicas de cada empresa.
Mais do que apresentar uma fórmula de pronto uso, o artigo tinha por objetivo:
 a. Que era possível prever uma falência com certa antecedência, a partir dos demonstrativos publicados pelas próprias empresas. Ideia inovadora na época.
 b. Que os demonstrativos financeiros publicados pelas empresas brasileiras são suficientemente fidedignos quanto à realidade financeira, algo em que não se costuma acreditar neste país, especialmente para empresas médias e pequenas onde tais demonstrativos eram considerados totalmente falsos ou, pelo menos, inúteis.
O modelo e os outros que o seguiram resolviam, para os analistas financeiros, dois problemas importantes:
 a. Como balancear informações conflitantes. (o que fazer com uma empresa que  apresenta um aumento na liquidez e uma  elevação no  endividamento ao mesmo tempo? 0 resultado destes efeitos é uma melhora na situação financeira ou uma deterioração?);
 b. Como comparar empresas entre si.
6) Embora usada por gerentes de bancos, na época suas diretorias não se interessaram por Análise de Crédito. Tanto que terceirizavam este serviço ao Serasa, mostrando que não fazia parte do Core Business.
Core Business era ganhar com o float da inflação, e o Brasil nunca adquiriu competência em empréstimos bancários e financiamentos a empresas.
Somos campeões em taxas de serviço, cartões de crédito, cheques especiais e descontos de duplicatas, que não é exatamente financiar a produção.
7) Felizmente, o outro lado da Falência é a Excelência, e usando o mesmo método criei a edição “Melhores e Maiores”, um sucesso de vendas até hoje.
Introduzi uma ponderação de índices baseado no Termômetro de Kanitz no ano de 1977, a fim de determinar as melhores empresas do país, baseado na soma de seis critérios.
O modelo publicado em EXAME foi elaborado para prever falências no período de 6 a 12 meses, o período que demorava para sair a publicação.
O maior medo dos editores era premiar uma empresa que pedisse concordata logo em seguida da edição ser colocada nas bancas.
O que ocorreu uma única vez, não devido a empresa em si, mas devido à má situação financeira da holding.
Infelizmente, não sei o motivo, esta metodologia foi abandonada pela Revista Exame e não me surpreenderia em ver uma concordatária na lista das melhores no futuro.
8) Pelo exposto, fica claro que para o Brasil dar Certo é necessário um sistema de Patentes rápido e eficiente, que pelo que já vimos ainda não ocorre no Brasil.
Até lá, cuidado com suas ideias. A maioria vai querer roubar, ao invés de contratá-lo e ter a melhor ideia possível.
Aplicamos teorias administrativas e econômicas desenvolvidas por ingleses e americanos, sem ler as instruções.

Fazendo a Diferença

Fazendo a Diferença
O segredo é ter feito uma diferença.







Ser rico, famoso ou poderoso 
tem sido o objetivo da maioria 
das pessoas, mas sempre falta 
algo. Recentemente, ouvi sobre 
uma nova postura ética de sucesso, que vale a pena resumir aqui, porque na época 
ninguém noticiou.
Numa reunião no World Economic Forum, em Davos, o local onde o mundo empresarial 
se reúne uma vez por ano em janeiro, um empresário que acabava de fazer um tremendo 
negócio foi convidado numa das várias sessões a expor suas idéias.
Primeiro perguntaram como ele se sentia, subitamente um bilionário. Sem pestanejar 
um único minuto, ele afirmou que o dinheiro não lhe pertencia, e que doaria toda sua 
fortuna a instituições beneficentes.
“Sou simplesmente fruto do acaso, tenho os genes certos e estou no momento certo,
 no setor certo. É difícil falar em ‘mérito’ numa situação dessas.”
“Se eu, o Bill Gates aqui presente, ou então o Warren Buffett, tivéssemos nascido
 2.000 anos atrás, nenhum de nós teria tido o porte atlético necessário para se tornar
 um general do Império Romano, posição de destaque equivalente à nossa, na época. 
Teríamos sido trucidados na primeira batalha.”
Alguns seres humanos sempre estarão momentaneamente mais adequados ao ambiente 
que os outros e receberão, portanto, melhores salários, apesar do esforço dos demais.
A ideia da meritocracia, tão decantada pela direita conservadora como justificativa 
para a sua riqueza, cai por terra se levarmos em consideração a nova teoria de que 
somos todos frutos do acaso genético das interpolações do DNA de nossos pais.
Se nossos genes são mero acaso da variação genética, falar em QI, mérito, proeza 
atlética e se achar merecedor de 100% dos ganhos que esses atributos nos proporcionam
 não faz mais muito sentido. O que há de meritocrático em ter os genes certos?
Ninguém está sugerindo o outro extremo de salários iguais para todos, porque toda
 sociedade precisa incentivar os que se esforçam mais, os que trabalham melhor e
 especialmente os que assumem riscos e têm a coragem de inovar.
O que essa nova postura sugere delicadamente é uma maior humildade e generosidade
 daqueles que ganham fortunas por ter uma inteligência superior, um porte atlético 
avantajado ou um talento excepcional. Por trás de toda “fortuna” existe um elemento
 de sorte, muito maior do que os “afortunados” gostariam de admitir.
Mas a frase que mais tocou a plateia estarrecida foi esta: “Mesmo doando toda a minha 
fortuna”, disse o empresário, “continuará a existir uma enorme injustiça social no mundo.
 Eu terei tido um privilégio que muitos não terão. O privilégio de ter feito uma diferença
 com o meu trabalho e minha vida.”
Segundo essa visão, o mundo é dividido entre aqueles que fizeram ou não uma diferença 
com sua vida, o dinheiro não é o objetivo final. E existem inúmeras maneiras de fazer uma diferença, 
desde inventar coisas, gerar empregos, criar produtos, até ajudar os outros com o dinheiro obtido.
Aproximadamente 55% dos empresários americanos não pretendem legar sua fortuna aos filhos. Acham 
que estariam estragando sua vida gerando playboys e um bando de infelizes. Percebem que o divertido
 na vida é chegar lá, não estar lá. Ser filho de empresário e receber de mão beijada uma BMW, um
 Rolex e uma supermesada não é o caminho mais curto para a felicidade. Muito pelo contrário, é uma 
roubada.
Por isso, os ricos de lá criaram instituições como a Fundação Rockfeller, a Fundação Ford, a Fundação
 Kellogg, a Fundação Hewlett. No Brasil, estamos muito longe de convencer os empresários a fazer o
mesmo, razão pela qual sua fortuna provavelmente virará mais um imposto. O imposto sobre herança.
O segredo da felicidade, portanto, não é ganhar dinheiro, que a maioria acabará perdendo de uma 
forma ou de outra. O segredo é ter feito uma diferença.
Revista Veja, Editora Abril, edição 1838, ano 37, nº 4, 28 de janeiro de 2004, página 22