sábado, 29 de junho de 2013

A casa de Willy Rizzo em Paris

A casa de Willy Rizzo em Paris



  (Foto: Ricardo Labougle)
* A reportagem a seguir foi publicada originalmente neste site em 2 de julho de 2012. Por ocasião do recente falecimento de Willy Rizzo na última segunda-feira, recuperamos a matéria de nosso arquivo, com o intuito de homenagear este homem que por 70 anos fotografou o mundo e as pessoas excepcionalmente. O italiano morreu aos 84 anos em Paris. A causa não foi divulgada. 

Willy Rizzo não é um nome estranho para os brasileiros. O fotógrafo italiano, precursor da fotografia de celebridades, autor de capas consagradas da Paris Match e designer premiado, não saía do Brasil entre as décadas de 1960 e 1980, quando vinha visitar a amiga Odile Rubirosa e o playboy Jorginho Guinle. A Casa Vogue teve a exclusividade de fotografar seu apartamento parisiense, na avenida George V, onde ele vive desde 1979 com sua mulher Dominique.
Depois de anos morando entre Paris e Roma, Willy mudou-se com Dominique para Nova York, onde permaneceu entre 1979 e 1981 para viver os anos efervescentes do Studio 54 e Xenon e toda a criatividade que a cidade oferecia na época. Antes disso, o casal já vivia neste apartamento, no qual permanece até hoje. "Seu décor é fiel ao período em que nos mudamos para cá, na década de 1970. Ele só foi crescendo e se enchendo de história", diz Rizzo, que ganhará retrospectiva entre 7 de agosto e 8 de setembro no MuBE, em São Paulo.

  (Foto: Ricardo Labougle)
Na sala, o azul-canário, um clássico francês, pontua móveis e tapetes. O estilo Rizzo espalha-se desde as mesas de bronze até os sofás, desenhados por ele em seu estúdio em Roma, nos anos 1960, quando foi o decorador preferido de Oleg Cassini, Otto Preminger, Gunter Sachs, Brigitte Bardot e Vincent Minelli, que viviam em palácios na capital italiana e em Saint-Tropez.
Willy acredita que bom design é eterno, e, assim, móveis Luís XVI e peças contemporâneas podem conviver em harmonia com esculturas do artista Cesar. Embora seja italiano, sua escola é acadêmica e francesa, por isso o olhar treinado para o belo e as proporções. As paredes do apartamento exibem obras de Di Cavalcanti, portas da Bahia e outros objetos trazidos de suas viagens pelo mundo como fotojornalista. Na entrada, Charles Matton pintou sobre dois óleos do século 19 comprados num marché au puces os rostos de Dominique e Willy – puro humor. Resta na entrada, em um pedestal de mármore, a escultura de Nero. 
Na sala de jantar, as raízes do morador falaram mais alto: as paredes trazem as paisagens de Nápoles, sua terra natal – com o Vesúvio ao fundo e sua rua de infância. Uma mesa inglesa é cenário para divertidos jantares, nos quais o dono da casa vai para a cozinha preparar a famosa “pasta Rizzo”, com um molho secreto. “No fundo, Willy é um jornalista, e como todo bom jornalista, tem a sensibilidade e a criatividade de encontrar e conhecer bem as pessoas. Ele adora isso”, comenta Dominique. Pelo espaço de 220 m² do apartamento passaram nomes como Christina Onassis, Jack Nicholson, Anouck Aimé, Vera Valdez e Helmut Newton.
Uma grande surpresa é o quarto de dormir, que revela a paixão de Rizzo por máquinas velozes e mulheres. A cama, desenhada por ele, tem como inspiração um Rolls-Royce. Na parede, acima da cama, há desenhos oferecidos ao fotógrafo pelo diretor de Hollywood Jean Negulesco (o preferido de Marilyn Monroe), que revelam mulheres nuas. Uma raridade.

Desde o início de sua carreira, Rizzo chamou atenção pelo seu jeito chic e irreverente, algo que encantou sua grande amiga Coco Chanel. Outra amiga, Vera Valdez, conta que Chanel achava Willy muito elegante, era fascinada pela maneira como ele se vestia: seus casacos de inverno tinham forro de pele (mink). Algo que Chanel copiou e transpôs para suas próprias criações, como contou Vera. O estilo de Rizzo é inconfundível. Seja na fotografia, no design ou na vida.  
  (Foto: Ricardo Labougle)
  (Foto: Ricardo Labougle)
  (Foto: Ricardo Labougle)
  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

  (Foto: Ricardo Labougle)

'Notre Dame' também é hotel

'Notre Dame' também é hotel

Christian Lacroix assina o décor luxuoso



  (Foto: divulgação)
Há mais de um elemento especial na composição do hotel Le Notre Dame, em Paris. O primeiro, como indica o nome, é a localização – a construção que o abriga, além de contar com mais de 400 anos de história, fica entre a famosa catedral de Notre Dame e o estúdio onde o pintor Albert Marquet imortalizou os tons de Paris sobre suas telas. Outra característica singular é a decoração, assinada pelo ícone da moda Christian Lacroix.
As escolhas do estilista e designer têm como objetivo fazer o visitante se perder no clima de opulência e espiritualidade da era medieval. “O hotel não poderia ignorar o aspecto religioso e estético do entorno”, conta Lacroix. “Eu não quis fazer do lugar um monastério ou convento, mas, sim, um local de repouso que reflete os momentos de riqueza pelos quais a área passou no decorrer dos séculos.”
No térreo, uma sala de estar e de café da manhã tem janelas com vista para o rio Sena. Uma coleção de afrescos e um mapa antigo de Paris fazem parte dos ornamentos das paredes, e as poltronas revestidas de veludo colorido e listrado evocam um ar de conforto luxuoso.
  (Foto: divulgação)

A estética da religião se estende aos quartos do hotel Notre Dame. São seis estilos de decoração, cada um com um afresco diferente, sendo alguns clássicos e outros fantasiosos. O elemento comum às suítes é uma escrivaninha, de tons que variam de acordo com o cômodo. Todos os banheiros são de pedra ou mármore. “Eu queria que o resultado fosse um estilo vagamente medieval e de expressão contemporânea”, diz Lacroix. “A decoração permite que os hóspedes viajem dentro de sua própria imaginação, afinal um dos propósitos de viajar é se conhecer mais profundamente.”
O hóspede que preferir as escadas ao elevador descobrirá degraus em diversas cores e paredes aveludadas em tons fortes. Ambos imprimem um tom quase lúdico à suntuosidade do décor, acrescentando uma dose de descontração que impede o hotel de se tornar pretensioso.
  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

  (Foto: divulgação)

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    Uma verdadeira obra de arte

    Uma verdadeira obra de arte

    Hotel austríaco tem mais de 600 anos

    POR REDAÇÃO; FOTOS DIVULGAÇÃO

      (Foto: Divulgação)

    Localizada às margens do Rio Salzach, a cidade austríaca de Salzburgo é reconhecida mundialmente por sua arquitetura barroca bem preservada e por ser a cidade natal do compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Na privilegiada região de Getreidegasse, centro comercial da cidade, está o mais antigo hotel em funcionamento da região, o Blaue Gans– ou ganso azul, em português. Com mais de 600 anos de tradição, a hospedaria conta com 37 quartos, dos quais 34 tem acomodações duplas e três são suítes.

    Devido à grande atividade artística regional, o proprietário do Blaue Gans, Andreas Gfrere, decidiu repaginar o local para agradar aos hóspedes amantes das artes no geral. Assim, passou a convidar regularmente artistas e cineastas de prestígio para explorar a cidade e, em um moderno átrio de vidro dentro do hotel, instalou uma galeria onde podem expor seus projetos. A iniciativa conquistou pessoas do meio e hoje o Blaue Gans possui trabalhos de artistas residentes como Xenia Hausner, Franz Graf, C. O. Paeffgen, Leif Trenkler, entre outros, totalizando cerca de 100 obras originais.

    Mas a arquitetura do hotel também é uma obra de arte à parte. Andando pelos corredores de paredes espessas, os hóspedes se deparam com escadas espaçosas, abóbodas, vigas de madeira, tetos de estuque e piso de pedra. Ângulos retos são difíceis de serem encontrados ali, já que todos os quartos têm recortes diferentes. O artesanato é ressaltado através dos móveis idealizados pela fabricante Moroso, e a iluminação ficou a cargo do arquitetoChristian Prasser.

    Para reafirmar ainda mais os valores locais, o restaurante do hotel - que também funciona como bar e adega - tem capacidade para 60 pessoas e uma cozinha com pratos simples e de qualidade. O cordeiro Tauern, especialidade da casa, traduz a culinária regional.

    A infraestrutura do “Ganso Azul” conta ainda com sala de conferência, sala de leitura e spa. Caso os visitantes queiram conhecer os pontos artísticos da cidade o hotel disponibiliza a "Caminhada de Arte Moderna", em que diferentes aspectos de Salzburgo são desvendados. Quem estiver na cidade durante o verão poderá apreciar o Salzburger Festspiele, festival anual de ópera, música erudita e teatro.
     
      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

      (Foto: Divulgação)

    5 hotéis onde a arte define tudo

    5 hotéis onde a arte define tudo

    Paredes nuas não têm vez nesses destinos

    ANTONELLA SALEM

    Os art hotels são a prova de que a arte de hospedar adquire contornos sublimes quando – em lobbies, suítes, galerias e jardins – os protagonistas são afrescos, telas, esculturas e fotografias. Cada vez mais as linhas que separam arquitetura, design e arte se esfumaçam. Por isso, reunimos nesta matéria cinco hotéis que apostam na arte exposta como atrativo. Em vez de relaxamento e mente distante, a proposta é o aculturamento mesmo no ócio.
      (Foto: divulgação)
    Gramercy Park Hotel, nos Estados Unidos
    Não há hotel mais in em Nova York para os aficionados das artes. O Gramercy Park Hotel abriga uma coleção impressionante do século 20, com curadoria do lendário pintor e diretor de cinema norte-americano Julian Schnabel, também responsável pelo décor. Do lobby ao Rose Bar, há obras-primas da pop art de Andy Warhol e do neoexpressionista Jean-Michel Basquiat. Nas paredes, trabalhos também de Enoc Perez, Keith Haring, Tom Wesselmann, Richard Prince, Michael Scoggins, Fernando Botero e Damien Hirst, entre outros. Nos quartos, uma série de fotografias. “Basicamente, sou um pintor”, disse Schnabel. “Construí um lugar em que gosto de estar.” Por trás da coleção – baseada sobretudo em mestres da arte moderna americana – está também o proprietário alemão Aby Rosen, ávido colecionador e guru do ramo imobiliário. A disposição das obras muda constantemente e surpreende a cada visita. (Diárias a partir de US$ 475.)
      (Foto: divulgação)
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      (Foto: ©2006 Four Seasons Hotels Limited )
    Um museu vivo da era renascentista em Florença. Instalado no Palazzo della Gherardesca, do século 15, e em um convento do século 16, o hotel preserva um tesouro de afrescos, pinturas e relevos dos séculos 15 ao 19. No lobby, 12 painéis de alto-relevo (1481-1488) mostram figuras mitológicas supostamente criadas por Bertoldo di Giovanni, um dos maiores escultores da época. A capela, transformada em sala de leitura, tem as paredes pintadas pelo maneirista Jan van der Straet (dito Giovanni Stradano) e por Agostino Ciampelli. No teto da Volterrano Suite está um dos afrescos mais importantes do hotel: Cegueira da Mente Humana sendo Iluminada pela Verdade, do séc. 17, por Baldassare Franceschini (ou Volterrano). E a arte se estende ao jardim, criado entre 1472 e 1480 e remodelado no século 19. “A arte está ligada ao espírito do hotel e é um reflexo dessa cidade”, disse o gerente-geral, Patrizio Cipollini. (Diárias a partir de 575 euros.)
      (Foto: ©2006 Four Seasons Hotels Limited )
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      (Foto: Studio Paterakis)
    New Hotel Athens, na Grécia
    Há um novo hot spot neste verão em Atenas: o Art Lounge do New Hotel, propriedade do colecionador grego de arte contemporânea Dakis Joannou. O espaço para comer e beber fica na cobertura do hotel remodelado pelos irmãos Campana e inclui uma biblioteca e um terraço com vista para a Acrópole. Da coleção de Joannou, patrono do centro de exibições Fundação Deste, chama a atenção no lounge a escultura F.O.B., de 1993, de Ashley Bickerton. Nas paredes, imagens da revista Toilet Paper, criada por Maurizio Cattelan como fotógrafo Pierpaolo Ferrari. “Assim como os irmãos Campana são a vanguarda do design, Maurizio Cattelan está na vanguarda da arte”, disse Joannou, que mantém seu acervo – obras de Jeff Koons, Elad Lassry, Mike Kelley, Damien Hirst, Takashi Murakami e Gabriel Orozco, entre outros – à mostra de forma itinerante em sua fundação e seus hotéis do grupo Yes!. (Diárias a partir de 250 euros.)
      (Foto: Studio Paterakis)
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      (Foto: Studio Paterakis)
    La Colombe d’Or, na França
    A arte está na história e na alma deste pequeno hotel e restaurante em Saint-Paul de Vence, na Provence. Inaugurado como um café em 1920 e transformado em hospedaria, La Colombe d’Or passou a atrair artistas graças à atmosfera cozy e ao profundo interesse de Paul Roux, o proprietário, pelas artes. Miró, Georges Braque, Henri Matisse, Sonia Delaunay, Fernand Léger, Raoul Dufy, Picasso, Alexander Calder, Cesar, Arman, Tinguely, Dubuffet e Jacques Prévert por lá passaram e deixaram suas obras como pagamento. No terraço do restaurante, o trabalho de cerâmica, de Léger, foi encomendado por Francis, filho de Paul, e sua mulher, que herdaram o amor pela arte. “Temos também obras contemporâneas adquiridas pelo meu sogro, Francis”, conta Danièle Roux, mulher de François, terceira geração à frente do hotel. A mais recente é uma instalação do irlandês Sean Scully, na área da piscina. (Diárias a partir de 250 euros.)
      (Foto: divulgação)
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      (Foto: divulgação)
    Le Royal Monceau, na França
    Quando ressurgiu na cena parisiense, em 2010, depois de uma reforma milionária assinada por Philippe Starck, o Royal Monceau logo se firmou como o hotel da arte contemporânea em Paris. Stéphane Calais criou os afrescos Un jardin à la française (2010) no teto do restaurante La Cuisine. A tela de Rosson Crow, Grand Salon, Maison d’Alsace, 1929 (2010), decora a sala privée do restaurante Il Carpaccio. Nikolai Polisky montou uma instalação no primeiro andar com 15 cervos de madeira e Joana Vasconcelos assina o bule de chá monumental de ferro do jardim. Os quartos têm fotografias da coleção que inclui Simon Chaput, Koichiro Doi e Thierry Dreyfus. E o hotel acolhe uma galeria de arte, livraria e uma art concierge que organiza encontros com artistas e curadores. (Diárias a partir de 950 euros.)
      (Foto: divulgação)