domingo, 14 de julho de 2013

O processo de seleção que ocorre no mercado - e o que é necessário para vencer

 



c_processo_2013_470171789.jpgCostuma-se falar, em um sentido metafórico, das forças automáticas e anônimas que influenciam o "mecanismo" do mercado.  Ao empregar tais metáforas, as pessoas estão propensas a desconsiderar o fato de que os únicos fatores que dirigem o mercado e influenciam a formação de preços são as ações intencionais dos homens.  Não há nenhum automatismo; existem apenas homens conscientes e que, deliberadamente, visam a atingir os objetivos que escolheram.
O mercado é um corpo social; é o corpo social por excelência.  Todos agem por conta própria; mas as ações de cada um procuram satisfazer tanto as suas próprias necessidades como também as necessidades de outras pessoas.  Ao agir, todos servem seus concidadãos.  Por outro lado, todos são por eles servidos.  Cada um é ao mesmo tempo um meio e um fim; um fim último em si mesmo e um meio para que outras pessoas possam atingir seus próprios fins.
Todos os homens são livres; ninguém tem de se submeter a um déspota.  O indivíduo, por vontade própria, se integra num sistema de cooperação.  O mercado o orienta e lhe indica a melhor maneira de promover o seu próprio bem estar, bem como o das demais pessoas.  O mercado comanda tudo; por si só coloca em ordem todo o sistema social, dando-lhe sentido e significado.
O mercado não é um local, uma coisa, uma entidade coletiva. O mercado é um processo, impulsionado pela interação das ações dos vários indivíduos que cooperam sob o regime da divisão do trabalho.
A reiteração de atos individuais de troca vai dando origem ao mercado, à medida que a divisão de trabalho evolui numa sociedade baseada na propriedade privada.  Tais trocas só podem ser efetuadas se cada uma das partes atribuir maior valor ao que recebe do que ao que renuncia.
O mercado é um processo coerente e indivisível.  É um entrelaçamento indissolúvel de ações e reações, de avanços e recuos.  Entretanto, a insuficiência de nossa capacidade mental nos obriga a dividi-lo em partes e a analisar separadamente cada uma delas.  Ao recorrer a tais divisões artificiais, não devemos esquecer que a aparente existência autônoma dessas partes é um artifício de nossa mente.  São apenas partes, isto é, não podem ser concebidas como independentes da estrutura geral do todo.
O processo de seleção que ocorre no mercado é impulsionado pela combinação de esforços de todos os participantes da economia de mercado.  Motivado pelo desejo de diminuir tanto quanto possível o seu próprio desconforto, cada indivíduo procura, por um lado, colocar-se numa posição que lhe permita contribuir ao máximo para que as demais pessoas tenham a maior satisfação possível e, por outro lado, tirar o melhor proveito dos serviços por elas oferecidos.
Em outras palavras: cada indivíduo tenta vender no mercado mais caro e comprar no mercado mais barato. A resultante desses esforços é não apenas a estrutura de preços, mas também a estrutura social, a atribuição de tarefas específicas aos vários indivíduos.
A economia de mercado, em princípio, não respeita fronteiras políticas.  Seu âmbito é mundial.  O mercado torna as pessoas ricas ou pobres, determina quem dirigirá as grandes indústrias e quem limpará o chão, fixa quantas pessoas trabalharão nas minas de cobre e quantas no setor de entretenimento.  Nenhuma dessas decisões é definitiva: são revogáveis a qualquer momento.  O processo de seleção, além de não parar nunca, segue inexoravelmente adiante, ajustando o aparato social de produção às mudanças na oferta e procura.  Revê, incessantemente, suas decisões prévias e força todo mundo a se submeter a um reexame de seu caso.  Ninguém pode considerar sua posição como assegurada e não existe nenhum direito que garanta uma posição conquistada no passado.  Ninguém pode eximir-se da lei do mercado, da soberania do consumidor.
A propriedade dos meios de produção não é um privilégio: é uma responsabilidade social. Os capitalistas e os proprietários de terras são compelidos a utilizar sua propriedade de maneira a satisfazer, da melhor forma, os consumidores.  Se forem lentos e ineptos no cumprimento de seus deveres, sofrem prejuízos.  Se não aprendem a lição e não mudam o seu comportamento, perdem sua fortuna.  Nenhum investimento é seguro para sempre. Quem não utilizar sua propriedade para servir o consumidor da maneira mais eficiente está condenado ao fracasso.  Não há lugar para as pessoas que querem usufruir suas fortunas na ociosidade e na imprudência.  O proprietário deve procurar investir seus recursos de maneira a não diminuir o principal e a renda.
No tempo dos privilégios de casta e das barreiras comerciais, havia rendas que não dependiam do mercado.  Os príncipes e os membros da nobreza viviam à custa de escravos e servos humildes que eram obrigados a trabalhar de graça, a pagar dízimos e tributos.  A propriedade da terra só podia ser adquirida por conquista ou por generosidade do conquistador.  Só podia ser perdida por abjuração do doador ou para outro conquistador. Mesmo mais tarde, quando os nobres e seus vassalos começaram a vender seus excedentes de produção no mercado, não podiam ser desalojados pela competição de pessoas mais eficientes.  
A concorrência só podia existir de forma muito limitada.  A aquisição de grandes extensões rurais era reservada aos nobres; a de propriedades urbanas, aos burgueses do município, a de pequenas propriedades agrícolas, aos camponeses.  No campo das artes e ofícios, a competição era restringida pelas guildas.  Os consumidores não podiam satisfazer seus desejos de forma mais econômica, uma vez que o controle de preços proibia os vendedores de oferecer preços menores. Os compradores ficavam à mercê de seus fornecedores.  Se estes produtores privilegiados se recusassem a empregar as matérias-primas mais adequadas e os métodos de produção mais eficientes, os consumidores se viam forçados a suportar as consequências dessa teimosia e desse conservadorismo.
Aquele proprietário de terras que vivia em perfeita autossuficiência, dos frutos de sua própria atividade agrícola, era independente do mercado.  Mas o agricultor moderno que compra equipamentos, fertilizantes, sementes, mão de obra, assim como outros fatores de produção, e vende produtos agrícolas, está sujeito às leis do mercado. Sua renda depende dos consumidores e ele terá de adaptar suas operações aos desejos dos consumidores.
A função selecionadora do mercado também funciona em relação ao trabalho.  O trabalhador é atraído por aquele tipo de trabalho no qual espera ganhar mais.  Da mesma forma que os fatores materiais de produção, o fator trabalho também é alocado para aquelas atividades nas quais serve melhor ao consumidor.  Prevalece a tendência de não desperdiçar qualquer quantidade de trabalho na satisfação de uma demanda menos urgente, se uma demanda mais urgente não foi ainda satisfeita.  Como todos os outros estratos da sociedade, o trabalhador também está sujeito à supremacia dos consumidores.  Se desobedecer, será penalizado por uma redução nos seus ganhos.
A seleção feita pelo mercado não instaura ordens sociais, castas ou classes, no sentido marxista do termo. Empreendedores e promotores não formam uma classe social integrada. Todo indivíduo tem liberdade para se tornar um promotor, se estiver disposto a depender da sua própria capacidade de antecipar, melhor do que seus concidadãos, as futuras condições do mercado, e se a sua disposição de agir por conta própria e sob sua responsabilidade for aprovada pelos consumidores.  
É enfrentando espontaneamente as situações, aceitando o desafio ao qual o mercado submete todo aquele que deseja tornar-se um empresário ou permanecer nesta posição eminente, que se ascende à condição de empreendedor.  Todos têm a possibilidade de tentar sua sorte.  Quem quiser iniciar um negócio não precisa esperar que alguém o convide ou o encoraje.  Deve lançar-se por conta própria e deve saber como conseguir os meios necessários.
Diz-se com frequência que, nas condições de um capitalismo "tardio" ou "maduro", não é mais possível, a quem não tenha dinheiro, galgar a escada da riqueza e atingir a posição de empresário.  Ninguém jamais tentou demonstrar esta tese.  Pelo contrário, desde que ela foi enunciada, a competição dos grupos empresariais e capitalistas mudou consideravelmente.  Uma grande parte dos antigos empresários e seus herdeiros foram eliminados e outras pessoas, novos empresários, tomaram os seus lugares.  É indiscutivelmente verdadeiro que, nos últimos anos, foram intencionalmente implantadas instituições que, se não forem logo abolidas, tornarão impossível o funcionamento do processo de seleção do mercado.
Os consumidores escolhem os líderes da indústria e do comércio exclusivamente pela capacidade por estes demonstrada de ajustar a produção às necessidades dos próprios consumidores. Nenhuma outra característica ou mérito lhes interessa.  Querem um fabricante de sapatos que fabrique sapatos bons e baratos.  Não pretendem confiar a direção do negócio de calçados a pessoas amáveis, de boas maneiras, que tenham dons artísticos, sejam cultas ou possuam quaisquer outros talentos e virtudes.  Um homem de negócios bem-sucedido, frequentemente, é desprovido daqueles atributos que contribuem para o sucesso pessoal em outras esferas da vida.
É muito frequente, hoje em dia, condenar os capitalistas e os empreendedores.  O homem comum tem uma tendência a zombar das pessoas que são mais prósperas que ele. Pensa que, se essas pessoas são mais ricas, é simplesmente porque são menos escrupulosas, e que, se ele não fosse tão respeitador das leis da moralidade e da decência, também seria rico.
Ora, não há dúvida de que, nas condições criadas pelo intervencionismo, muitas pessoas enriquecem pelo suborno e pela corrupção. Em alguns países, o intervencionismo já solapou a supremacia do mercado a tal ponto, que é mais vantajoso para o homem de negócios recorrerem à ajuda de alguém no governo do que depender de sua capacidade de melhor satisfazer os desejos dos consumidores. Mas não é a isso que se referem os críticos mais populares da riqueza alheia. Tais críticos sustentam que a maneira pela qual se adquire riqueza numa genuína economia de mercado é condenável de um ponto de vista ético.
Contra tais argumentos, é necessário enfatizar que, na medida em que o funcionamento do mercado não seja sabotado pela interferência do governo, pelo protecionismo, por privilégios estatais e por outros fatores de coerção, o sucesso nos negócios é a prova de serviços prestados aos consumidores.
Um homem pobre não é necessariamente inferior ao próspero empresário; ele pode destacar-se por suas realizações científicas, literárias ou artísticas, ou por sua liderança cívica.  Mas, no sistema social de produção, ele é inferior.  O gênio criador pode ter razões para desdenhar o sucesso comercial; pode ser até que tivesse êxito nos negócios, se não tivesse preferido outras coisas.  Mas os funcionários e operários que alardeiam sua superioridade moral iludem-se a si mesmos e encontram consolo nessa ilusão.  Não querem admitir que foram postos à prova por seus concidadãos, os consumidores, e não foram aprovados.
Também se afirma frequentemente que o fracasso do homem pobre no processo de competição é causado por sua falta de instrução. Só pode haver igualdade de oportunidade, costuma-se dizer, quando a educação, em qualquer grau, se torna acessível a todos. Prevalece hoje a tendência de reduzir as diferenças entre as pessoas a diferenças de educação, negando-se a existência de diferenças inatas como a inteligência, a força de vontade e o caráter. Geralmente não se percebe que a educação nunca pode ser mais do que uma doutrinação de teorias e ideias já conhecidas. A educação, qualquer que seja o seu benefício, é transmissão de doutrinas e valores tradicionais. É, por necessidade, conservadora; produz imitação e rotina, e não aperfeiçoamento e progresso. Os inovadores e os gênios criadores não se formam nas escolas. Eles são precisamente aqueles homens que questionam o que a escola lhes ensinou.
Para ser bem-sucedido nos negócios, um homem não precisa ter um diploma de administração de empresas.  Essas escolas treinam os subalternos para trabalhos rotineiros. Certamente não formam empreendedores.  Não é possível ensinar uma pessoa a ser empresário.  Um homem se torna empreendedor ao perceber oportunidades e preencher vazios.  O julgamento penetrante, a capacidade de previsão e a energia que a função empresarial requer não se aprendem na escola.  Os homens de negócio mais bem-sucedidos foram frequentemente ignorantes, se considerarmos os critérios escolásticos do corpo docente. Mas estavam à altura de sua função social de ajustar a produção à demanda mais urgente.  Em razão desse mérito, são escolhidos pelos consumidores para liderar a atividade econômica.

Aos 28 anos e perto dos US$ 100 bilhões


Zuckerberg comemora seu aniversário a poucos dias da estreia do Facebook na bolsa de valores
NOVA YORK – O cofundador e executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, comemorou nessa segunda-feira, 14, seu 28º aniversário imerso nos preparativos da iminente estreia na bolsa de valores da popular rede social, que provavelmente começará a cotar na sexta-feira em Wall Street.
Nascido no dia 14 de maio de 1984 em White Plains (Nova York), de pai dentista e mãe psiquiatra e com três irmãs, Zuckerberg começará em poucos dias a se acotovelar com os diretores executivos das maiores empresas de Wall Street, que têm em média o dobro de sua idade.
Apesar disso, o jovem fundador da rede social, que já conecta mais de 900 milhões de pessoas no mundo todo, conseguiu atrair investidores para a maior oferta pública de venda de ações (IPO, na sigla em inglês) de uma empresa da internet da história.
Se tudo sair como está previsto, Zuckerberg protagonizará na próxima sexta-feira a cerimônia de abertura do mercado nova-iorquino Nasdaq, onde cotam algumas das maiores empresas tecnológicas do mundo como a Apple e o Google, para marcar a esperada estreia de sua empresa na bolsa.
O canal financeiro CNBC informou que na próxima sexta o fundador de Facebook pressionará, da sede da rede social em Menlo Park (Califórnia), o botão que a cada manhã dá início às contratações no mercado Nasdaq, e um pequeno grupo de diretores será transferido para Nova York para realizar a estreia.
Tanto o CNBC como outros veículos especializados publicaram nessa segunda-feira, citando fontes ligadas à empresa fundada em fevereiro de 2004, que Facebook fixará o preço final de sua saída da bolsa na próxima quinta-feira e suas ações começarão a girar em Wall Street na sexta-feira, embora a rede social ainda não tenha confirmado a data.
Segundo os últimos documentos apresentados perante a Comissão da Bolsa de Valores dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), a rede social chegará à bolsa com um total de 388 milhões de ações por um preço de entre US$ 34 e US$ 38 cada uma, e o IPO poderia chegar a arrecadar até US$ 13,58 bilhões.
Com base nesses números, a firma chegará a Wall Street avaliada em mais de US$ 100 bilhões -, o que seria a maior estreia em Bolsa de uma empresa americana da internet desde a estreia do Google em 2004, com uma avaliação de US$ 23 bilhões.
Segundo esses documentos, Zuckerberg controlará 57,3% do poder de voto da companhia, uma vez que comece a cotar no Nasdaq sob o símbolo “FB”.

A luta de classes

 


Marx.gif
Qualquer filosofia da história deve demonstrar qual é o mecanismo por meio do qual aquela agência suprema que determina o curso de todas as relações humanas irá induzir os indivíduos a trilhar exatamente os caminhos destinados a levar a humanidade até o objetivo determinado.  No sistema de Marx, a doutrina da luta de classes foi criada para responder a essa questão.
A fragilidade inerente a essa doutrina é que ela lida com classes e não com indivíduos.  O que tem de ser mostrado é como os indivíduos são induzidos a agir de tal modo que fará a humanidade finalmente atingir o ponto que as forças produtivas querem que ela atinja.  A resposta de Marx é que o que determina a conduta dos indivíduos é a consciência dos interesses de sua classe.  Ainda falta ser explicado por que os indivíduos dão aos interesses de sua classe preferência em relação aos seus próprios interesses.  Podemos, por enquanto, nos abster de perguntar como o indivíduo aprende quais são os genuínos interesses de sua classe.  Porém, mesmo Marx não pôde deixar de admitir que existe um conflito entre os interesses de um indivíduo e os interesses da classe a que ele pertence.[1] Ele faz um distinção entre aqueles proletários que possuem consciência de classe — isto é, que colocam as preocupações de sua classe acima de suas preocupações individuais — e aqueles que não possuem.  Ele considera ser um dos objetivos de um partido socialista despertar a consciência de classe daqueles proletários que não possuem espontaneamente uma consciência de classe.
Marx obscureceu o problema ao confundir as noções de casta e classe.  Onde prevalecem diferenças de status e casta, todos os membros de cada casta — exceto a mais privilegiada — possuem um interesse em comum, a saber: acabar com as limitações legais de sua própria casta.  Todos os escravos, por exemplo, estão unidos em seu interesse de abolir a escravidão.  Porém, conflitos desse tipo não estão presentes em uma sociedade na qual os cidadãos são iguais perante a lei.  Nenhuma objeção lógica pode ser feita contra o ato de se distinguir várias classes entre os membros de tal sociedade.  Qualquer classificação é logicamente permissível, por mais arbitrária que seja a marca de distinção escolhida.  Porém, seria algo despropositado classificar os membros de uma sociedade capitalista de acordo com a posição que cada um ocupa no arranjo da divisão social do trabalho e, em seguida, identificar essas classes com as castas de uma sociedade de status.
Em uma sociedade de status, o indivíduo herda de seus pais sua afiliação em uma determinada casta.  Ele permanece toda a sua vida em sua casta, e seus filhos já nascem membros dela.  Somente em casos excepcionais pode a sorte elevar um homem para uma casta superior.  Para a imensa maioria da população, o nascimento determina inalteravelmente a posição social de toda uma vida. 
As classes que Marx distingue em uma sociedade capitalista são diferentes.  A condição de membro de uma dada classe é volátil.  A afiliação a uma classe não é hereditária.  Ela é designada a cada indivíduo por meio de um plebiscito diariamente repetido — plebiscito esse, de certo modo, feito por todas as pessoas.  Ao gastar e comprar, o público determina quem deve ser o proprietário e o administrador das indústrias, quem deve atuar nas peças de teatro, quem deve trabalhar nas fábricas e nas minas.  Os ricos se tornam pobres, e os pobres se tornam ricos.  Os herdeiros, bem como aqueles que adquiriram riqueza, devem tentar mantê-la defendendo seus ativos contra a concorrência de empresas já estabelecidas e de ambiciosos recém-chegados.  Em uma economia de mercado livre e desobstruído não existem privilégios, não há proteção de interesses especiais, não há barreiras impedindo qualquer pessoa de se esforçar para obter algum prêmio.  O acesso a qualquer uma das classes marxistas é livre para todos.  Os membros de cada classe concorrem entre si; eles não estão unidos por um interesse de classe comum e eles não se opõem aos membros de outras classes aliando-se à defesa de um privilégio comum que aqueles vitimados por ele querem ver abolido ou na tentativa de abolir uma deficiência institucional que aqueles que obtêm vantagens dela querem preservar.
Os liberais laissez-faire afirmaram: se as antigas leis estabelecendo privilégios e desvantagens de casta forem repelidas e nenhuma nova prática do mesmo tipo — tais como tarifas, subsídios, tributação discriminatória, indulgências concedidas a agências não-governamentais, como igrejas, sindicatos e afins, para que elas utilizem coerção e intimidação — for introduzida, haverá igualdade de todos os cidadãos perante a lei.  Ninguém terá suas aspirações e ambições tolhidas por quaisquer obstáculos legais.  Qualquer indivíduo estará livre para concorrer para a função ou posição social para as quais suas habilidades pessoais o qualifiquem.
Os comunistas negam que é dessa maneira que opera uma sociedade capitalista organizada de acordo com o sistema liberal de igualdade perante a lei.  Ao seu modo de ver, a propriedade privada dos meios de produção confere aos seus proprietários — a burguesia ou os capitalistas, na terminologia de Marx — um privilégio que, virtualmente, em nada se difere daqueles concedidos aos senhores feudais.  A "revolução burguesa" não aboliu o privilégio e a discriminação das massas; o que ela fez, diz o marxista, foi meramente derrubar a velha e exploradora classe de nobres e substituí-la por uma nova classe exploradora, a burguesia.  A classe explorada, os proletários, não lucrou com essa reforma.  Eles mudaram de mestres, mas permaneceram oprimidos e explorados.  O que se faz necessário é uma nova e definitiva revolução, a qual, ao abolir a propriedade privada dos meios de produção, irá estabelecer uma sociedade sem classes.
A doutrina socialista ou comunista é totalmente incapaz de levar em consideração a diferença essencial entre as condições de uma sociedade de status ou casta e as condições de uma sociedade capitalista.  A propriedade feudal surgia pela conquista ou pela doação feita por seu conquistador.  E acabava por revogação da doação ou pela conquista feita por um conquistador mais poderoso.  Era propriedade pela "graça de Deus" porque sua conquista derivava, em última instância, da vitória militar — algo que a humildade ou a arrogância dos governantes atribuíam à intervenção especial do Senhor. 
Os proprietários da propriedade feudal não dependiam do mercado; eles não serviam aos consumidores.  Dentro dos limites de seus direitos de propriedade eles eram verdadeiros senhores.  Porém, as coisas são bastante diferentes para os capitalistas e empreendedores de uma economia de mercado.  Eles adquirem e aumentam sua propriedade por meio dos serviços que prestam aos consumidores, e somente podem conservá-la caso sirvam esses consumidores diariamente da melhor maneira possível.  Essa diferença não é erradicada ao se chamar metaforicamente um bem sucedido fabricante de spaghetti de "O Rei do Spaghetti".
Marx nunca embarcou na impossível tarefa de refutar a descrição feita pelos economistas do funcionamento da economia de mercado.  Ao invés disso, sua ânsia era mostrar que o capitalismo iria, no futuro, levar a condições bastante desagradáveis.  Ele tentou demonstrar que a operação do capitalismo inevitavelmente iria resultar, de um lado, na concentração de riqueza nas mãos de um número cada vez menor de capitalistas, e, de outro, no progressivo empobrecimento de uma imensa maioria. 
Na execução dessa tarefa, ele iniciou seu raciocínio pela espúria 'lei de ferro dos salários' — de acordo com a qual o salário médio é aquela quantidade específica dos meios de subsistência absolutamente necessários para permitir, de maneira escassa, que o trabalhador possa sobreviver e criar sua prole.[2] Essa suposta lei já foi, desde então, inteiramente desacreditada, e até mesmo os mais fanáticos marxistas já a abandonaram.  Porém, mesmo que alguém estivesse disposto, pelo bem da argumentação, a dizer que tal lei é correta, é óbvio que ela não poderia de maneira alguma servir como base para uma demonstração de que a evolução do capitalismo leva ao empobrecimento progressivo dos assalariados.
Se, sob o capitalismo, os salários são sempre tão baixos a ponto de, por razões psicológicas, não poderem cair ainda mais sem que isso extermine toda a classe de assalariados, é impossível manter a tese apresentada peloManifesto Comunista de que o trabalhador "se afunda mais e mais" com o progresso da indústria.  Como todos os outros argumentos de Marx, essa demonstração é contraditória e autodestrutiva.  Marx jactava-se de ter descoberto as leis imanentes da evolução capitalista.  A mais importante dessas leis, segundo ele próprio, era a lei do empobrecimento progressivo das massas assalariadas.  É o funcionamento dessa lei que ocasionaria o colapso final do capitalismo e a emergência do socialismo.[3] Quando essa lei for entendida como totalmente espúria, as bases tanto do sistema econômico de Marx quanto de sua teoria da evolução capitalista estarão acabadas.
Incidentalmente, temos de compreender o fato de que, desde a publicação do Manifesto Comunista e do primeiro volume de O Capital, o padrão de vida dos assalariados, nos países capitalistas, aumentou de uma forma sem precedentes e até mesmo inimaginável.  Marx deturpou a operação do sistema capitalista em todos os aspectos possíveis.
O corolário do suposto empobrecimento progressivo dos assalariados é a concentração de todas as riquezas nas mãos de uma classe de exploradores capitalistas que existem em números continuamente decrescentes.  Ao lidar com essa questão, Marx foi incapaz de levar em consideração o fato de que a evolução das grandes empresas e suas unidades comerciais não necessariamente envolve a concentração de riqueza em poucas mãos.  As grandes empresas são, quase que sem exceção, corporações — precisamente porque elas são grandes demais para que poucos indivíduos sejam inteiramente os proprietários delas.  O crescimento das unidades comerciais ultrapassou em muito o crescimento das fortunas individuais.  Os ativos de uma corporação não são idênticos à riqueza de seus acionistas.  Uma parte considerável desses ativos, o equivalente a ações preferenciais, títulos corporativos emitidos e empréstimos levantados, pertence virtualmente, senão no sentido do conceito legal de propriedade, a outras pessoas — a saber, os donos dos títulos, das ações preferenciais e os credores das dívidas.  Onde essas ações e obrigações são mantidas por bancos e companhias de seguro, e esses empréstimos foram concedidos por esses bancos e companhias, os virtuais proprietários são as pessoas clientes dessas instituições.  Da mesma forma, as ações ordinárias de uma corporação não estão, via de regra, concentradas nas mãos de um homem.  Quanto maior a corporação, mais amplamente distribuídas estão suas ações.
O capitalismo é essencialmente produção em massa para satisfazer as necessidades das massas.  Mas Marx sempre trabalhou com o conceito enganoso de que os trabalhadores labutam arduamente apenas para o benefício da uma classe superior de parasitas ociosos.  Ele não percebeu que os próprios trabalhadores consomem, de longe, a maior parte de todos os bens de consumo produzidos.  Os milionários consomem uma porção quase que insignificante daquilo que é chamado de produto nacional.  Todas as sucursais das grandes empresas provêem direta ou indiretamente às necessidades do cidadão comum.  As indústrias de luxo nunca se desenvolvem além das unidades de pequena ou média escala.  A evolução das grandes empresas é, por si só, prova do fato de que as massas, e não os ricaços nababos, são os principais consumidores.  Aqueles que lidam com o fenômeno das grandes empresas classificando-o de "concentração do poder econômico" não percebem que o poder econômico pertence ao público consumidor, de cujo consumo depende a prosperidade das fábricas.  Na sua capacidade de consumidor, o assalariado é o cliente que "sempre tem razão".  Mas Marx declara que a burguesia "é incompetente em garantir uma existência para seu escravo dentro de sua escravidão".
Marx deduziu a excelência do socialismo do fato de que a força motora da evolução histórica — as forças materiais produtivas — certamente ocasionará o socialismo.  Como ele estava absorto naquele tipo hegeliano de otimismo, não havia qualquer necessidade em sua mente de demonstrar os méritos do socialismo.  Era óbvio para ele que o socialismo, sendo a última etapa da história após o fim do capitalismo, era também uma etapa superior. Era uma blasfêmia absoluta duvidar de seus méritos.
O que ainda faltava ser demonstrado era o mecanismo por meio do qual a natureza produziria a transição do capitalismo para o socialismo.  O instrumento da natureza é a luta de classes.  À medida que os trabalhadores vão se afundando cada vez mais em decorrência do progresso do capitalismo, à medida que sua miséria, opressão, escravidão e degradação aumentam, eles são induzidos à revolta, e sua rebelião estabelece o socialismo.
Toda a cadeia desse raciocínio é despedaçada pela observação do fato de que o progresso do capitalismo não empobrece os assalariados de modo crescente; ao contrário, melhora seu padrão de vida.  Por que as massas seriam inevitavelmente induzidas a se revoltarem quando se sabe que elas estão tendo acesso a mais e melhores alimentos, habitações e vestuários, carros e geladeiras, rádios e aparelhos de televisão, nylon e outros produtos sintéticos? 
Mesmo se, em prol da argumentação, admitíssemos que os trabalhadores são induzidos à rebelião, por que seu motim revolucionário almejaria apenas o estabelecimento do socialismo?  O único motivo que poderia induzi-los a pedir a implementação do socialismo seria a convicção de que eles próprios estariam melhores sob o socialismo do que sob o capitalismo.  Porém os marxistas, ansiosos para evitar lidar com os problemas econômicos inerentes a uma economia socialista, nada fizeram para demonstrar a superioridade do socialismo em relação ao capitalismo, exceto apresentar este raciocínio circular: o socialismo está destinado a surgir como a próxima etapa da evolução histórica.  Sendo uma etapa histórica posterior ao capitalismo, ele é necessariamente melhor que o capitalismo.  Por que ele está destinado a surgir?  Porque os trabalhadores, condenados ao empobrecimento progressivo sob o capitalismo, irão se rebelar e estabelecer o socialismo.  Porém, qual outro motivo poderia impeli-los a almejar o estabelecimento do socialismo, além da convicção de que o socialismo é melhor do que o capitalismo?  Essa superioridade do socialismo é deduzida por Marx do fato de que a vinda do socialismo é inevitável.  E assim o círculo se fecha.
No contexto da doutrina marxista, a superioridade do socialismo é comprovada pelo fato de que os proletários estão visando ao socialismo.  O que os filósofos, os utópicos, pensam não interessa.  O que interessa são as ideias do proletariado, a classe a quem a história confiou a tarefa de moldar o futuro.
A verdade é que o conceito de socialismo não se originou da "mente proletária".  Nenhum proletário ou filho de proletário contribuiu com qualquer ideia substancial para a ideologia socialista.  Os pais intelectuais do socialismo eram membros da intelligentsia, descendentes da "burguesia".  O próprio Marx era filho de um advogado abastado.  Ele estudou no Gymnasium alemão, a escola que todos os marxistas e outros socialistas denunciavam como sendo o principal braço do sistema burguês de educação, e sua família o sustentou ao longo de todos os anos de seus estudos; ele não teve de trabalhar para chegar à universidade.  Ele se casou com a filha de um membro da nobreza alemã; seu cunhado era Ministro do Interior prussiano e, como tal, líder da polícia da Prússia.  Em sua casa trabalhava uma governanta, Helene Demuth, que nunca se casou e que seguia a família Marx em todas as suas trocas de residência, o modelo perfeito da empregada doméstica explorada cuja frustração e atrofiada vida sexual já foram repetidamente retratadas nas ficções realistas "sociais" da Alemanha.  Friedrich Engels era filho de um industrial rico, e ele próprio era um industrial; ele se recusou a se casar com sua amante Mary porque ela era inculta e de origem "baixa"[4] ele apreciava as diversões propiciadas pela alta classe britânica, como, por exemplo, caçar a cavalo junto com cães de caça.
Os trabalhadores nunca foram entusiastas do socialismo.  Eles apoiavam o movimento sindical cuja luta por maiores salários Marx desprezava como inútil.[5] Eles pediam por todas aquelas medidas de interferência do governo nas empresas, medidas essas que Marx rotulava como tolices pequeno-burguesas.  Eles se opunham ao progresso tecnológico — nos primórdios, destruindo as novas máquinas; mais tarde, utilizando os sindicatos para, por meio da coerção, forçar o empregador a contratar mais operários do que o necessário.
O sindicalismo — apropriação das empresas pelos trabalhadores que nela trabalham — é um programa que os trabalhadores desenvolveram espontaneamente.  Porém o socialismo foi trazido para as massas por intelectuais de procedência burguesa.  Jantando e tomando vinhos conjuntamente nas luxuosas mansões londrinas e nas mansões rurais da "sociedade" vitoriana, damas e cavalheiros com trajes elegantes planejavam esquemas para converter o proletariado britânico ao credo socialista.

Conheça as mães dos famosos


Tom Cruise e sua Mãe Mary Lee
Matt Damon e sua mãe Nancy Carlsson-Paige
Brad Pitt e sua mãe Jane Etta

Orlando Bloom e sua mãe, Sonia Constance Josephine Copeland
David Beckham e sua mãe Sandra Georgina West
Pierce Brosnan e May Smith
Sylvester Stallone e sua mãe Jackie Stallone
Beyonce and Tina Knowles são sempre vistas juntas
Helana Bonham-Carter e sua mãe Elena
Mamãe Jonas e seus meninos
Ellen DeGeneres e sua adorável mãe, Betty
Justin Timberlake disse que sua mãe, Lynn Harless, é sua melhor amiga
Bruce Willis ganhando um beijinho da sua mãe Marlene
Robert Downey, Jr. abraçando sua mãe Elise Downey
Keanu Reeves e sua mãe Patricia
Paris Hilton e sua mãe Kathy
George Clooney e sua mãe Nina
Justin Bieber e sua mãe Pattie Mallette
Kate Hudson e Goldie Hawn
Johnny Depp e sua mãe Betty Sue Palmer
Kanye West e sua mãe Donda West
Ryan Gosling e a mamãe Donna Gosling

Fonte:Ocioso

Top 10 mulheres mais ricas do mundo em 2013


As mulheres mais ricas do mundo • 2013

1. Liliane Bettencourt

Fortuna: $30 bilhões de dólares | L’Oreal (França)
Liliane Bettencourt

2. Christy Walton

Fortuna: $28,2 bilhões de dólares | Walmart (EUA)
Christy Walton

3. Alice Walton

Fortuna: $26,3 bilhões de dólares | Walmart (EUA)
Alice Walton

4. Iris Fontbona

Fortuna: $17,4 bilhões de dólares | Mineração (Chile)
Iris Fontbona

5. Jacqueline Mars

Fortuna: $17 bilhões de dólares | Setor de Doces (EUA)
Jacqueline Mars

5. Georgina Rinehart

Fortuna: $17 bilhões de dólares | Setor de Mineração(Austrália)
Georgina Rinehart

7. Susanne Klatten

Fortuna: $14,3 bilhões de dólares | BMW (Alemanha)
Susanne Klatten

8. Abigail Johnson

Fortuna: $12,7 bilhões de dólares | Setor de Aço e Energia (Índia)
Abigail Johnson

9. Miuccia Prada

Fortuna: $12,4 bilhões de dólares | Setor de Embalagens (Suécia)
Miuccia Prada

10. Anne Cox Chambers

Fortuna: $12 bilhões de dólares | Setor de Mídia (Rádio, TV, Jornais) (EUA)
Anne Cox Chambers
Fonte:Curiosando

10 produtos que ninguém precisa mas todo mundo quer


0 produtos criativos que tenho certeza que não vão fazer falta na sua vida, mas que pode deixa-la mais divertida.
Hub USB em formato de poodle
produtos-comprar10
Tapete que fica vermelho quando você pisa molhado
produtos-comprar1
Caneca que muda de cor de acordo com a temperatura do líquido
produtos-comprar2
Papel de parede pra pintar
produtos-comprar3
Escova de dente com fonte pra enxaguar a boca
produtos-comprar4
Brinco de orelha com brinco
produtos-comprar5
Esse porta-facas super simpático
produtos-comprar6
A cortina dos fãs de redes sociais
produtos-comprar7
Campainha de piano
produtos-comprar8
Guarda-chuva de sabre de luz
produtos-comprar9
Fonte: Xonei!

Como Franklin Roosevelt piorou a Depressão




Franklin Delano Roosevelt "realmente nos tirou da Depressão", disse o líder republicano Newt Gingrich a um grupo de republicanos após as eleições parlamentares de 1994, e isso faz de FDR "a maior figura do século XX". Como retórica política, seria mais provável que a declaração acima tivesse vindo de alguém que não apóia a economia de mercado. Afinal, o New Deal representou a maior expansão do poder do governo federal em tempos de paz em todo o século XX. Mais ainda, a visão de Gingrich de que FDR salvou os EUA da Depressão é indefensável; as políticas de Roosevelt prolongaram e aprofundaram a depressão.
Não há duvidas de que Roosevelt mudou as feições do governo americano - para pior. Muitas das reformas da década de 1930 permanecem entranhadas nas políticas atuais: distribuição arbitrária de terras, subvenção de preços e controles de mercado para a agricultura, ampla regulação de títulos privados, intromissão federal sobre as relações entre sindicatos e empregadores, governo fazendo empréstimos e atividades seguradoras, o salário mínimo, seguro-desemprego nacional, Previdência Social e pagamentos assistencialistas, produção e venda de energia elétrica pelo governo federal, papel-moeda de curso forçado - a lista é infindável.
A revolução de Roosevelt começou já com seu discurso de inauguração, que não deixou dúvidas sobre suas intenções de se aproveitar e se apoderar do momento para proveito próprio. Sempre lembrado por sua evidentemente falsa declaração de que "a única coisa da qual devemos ter medo é o próprio medo", Roosevelt também, nesse discurso, já clamava por extraordinários poderes governamentais que ele considerava emergenciais.
No dia seguinte à posse de FDR, ele emitiu uma proclamação na qual convocava o Congresso para uma sessão extraordinária. Antes que essa sessão ocorresse, ele decretou um feriado bancário nacional - uma atitude que ele se recusou a endossar quando Hoover a havia sugerido apenas três dias antes.
Invocando o decreto Trading with the Enemy[1], de 1917, Roosevelt declarou que "todas as transações bancárias deveriam ser suspensas". Os bancos só poderiam reabrir após uma minuciosa inspeção seguida de uma aprovação do governo, um procedimento que se arrastava por meses. Essa ação intensificou no público a sensação de crise e permitiu que Roosevelt ignorasse as tradicionais restrições sobre o poder do governo central.
Roosevelt e seus assessores econômicos entenderam a Depressão de maneira completamente equivocada, invertendo as relações de causa e efeito. Eles não entenderam que os preços haviam caído por causa da Depressão; eles acreditavam que a Depressão era o resultado da queda dos preços. Assim sendo, o remédio óbvio - pensaram eles - seria aumentar os preços, o que eles decidiram fazer através da criação artificial de escassez em vários setores da economia. Consequentemente, um compêndio de políticas malucas foi surgindo com o intuito de curar a Depressão através da redução da produção. O esquema era tão evidentemente auto-destrutivo que é difícil crer que alguém acreditava piamente que ele iria funcionar.
A aplicação mais idiota da teoria tinha a ver com o preço do ouro. Começando com o feriado bancário e prosseguindo até um maciço programa de compra de ouro, Roosevelt abandonou o padrão-ouro, que é a base fundamental para se restringir a inflação e o crescimento estatal. Ele nacionalizou o estoque monetário de ouro, proibiu sua posse privada (exceto para jóias, para uso científico e industrial, e para pagamentos externos), e anulou todos os contratos - públicos ou privados, antigos ou futuros - que demandavam pagamento em ouro.
Além de ser um roubo simples e direto, o confisco do ouro não funcionou. Seu preço aumentou de $20,67 para $35 por onça, um aumento de 69%, mas o nível dos preços domésticos aumentou apenas 7% entre 1933 e 1934; e até o final da década o nível de preços sequer chegou a aumentar. A desvalorização provocada por FDR levou a retaliações por parte dos outros países, sufocando ainda mais o comércio internacional, intensificando a depressão nas economias ao redor do mundo.
Após ter aleijado o sistema bancário e destruído o padrão-ouro, Roosevelt voltou-se para a agricultura. Trabalhando com o politicamente influente Farm Bureau[2] e com a gangue de Bernard Baruch[3], Roosevelt decretou o Agricultural Adjustment Act, em 1933. Ele estipulava controles sobre a produção e sobre o tamanho das terras, restringia acordos até então feitos livremente no mercado e regulamentava licenças para produtores e negociantes com o objetivo de "eliminar práticas e custos injustos"; autorizava novos empréstimos governamentais, taxava processadores de commodities agrícolas e recompensava agricultores que reduzissem a produção.
O objetivo era aumentar os preços das commodities agrícolas até que eles atingissem um nível de "paridade" muito maior. Os milhões que mal podiam alimentar e vestir suas famílias devem ser perdoados por questionarem a nobreza de um programa planejado para tornar os alimentos e os produtos têxteis mais caros. Apesar de essa ter sido chamada de "medida de emergência", nenhum presidente americano desde então resolveu declarar que a emergência está findada.
A indústria foi praticamente nacionalizada pelo decreto National Industrial Recovery Act, assinado por Roosevelt em 1933. Como a maioria das legislações do New Deal, esse decreto foi o resultado de um acordo conciliatório entre vários grupos de interesses: empresários querendo preços mais altos e mais barreiras à concorrência, sindicalistas buscando proteção e patrocínio governamental, assistentes sociais querendo controlar as condições de trabalho e proibir o trabalho infantil, e os habituais proponentes de gastos maciços em obras públicas.
A legislação permitiu que o presidente Roosevelt tivesse a autoridade para licenciar empresas ou controlar importações com o intuito de atingir objetivos vagamente definidos pelo decreto. Todas as indústrias tinham de seguir normas de "concorrência justa". Essas normas continham cláusulas que determinavam as horas máximas de trabalho, o salário mínimo e as condições "decentes" de trabalho. Toda a política se baseava na dúbia noção de que tudo o que o país mais precisava eram cartéis, preços altos, menos trabalho e custos trabalhistas exorbitantes.
Para administrar esse decreto, Roosevelt criou a National Recovery Administration e indicou o General Hugh Johnson, um amigo íntimo de Baruch e um ex-recrutador militar, como diretor. Johnson adotou o famoso emblema da "Águia Azul" e obrigou todos os estabelecimentos a exibi-lo, bem como a aceitar as leis e regulamentos da NRA. Havia desfiles, cartazes, pôsteres, outdoors, bottons e anúncios de rádio, todos feitos para silenciar aqueles que questionavam as políticas adotadas. Desde a Primeira Guerra Mundial não havia nada parecido com essa efusão de publicidade espalhafatosa e coerção. Diminuir preços foi considerado "trapaça", algo equivalente a uma traição. Toda essa política foi reforçada por um vasto sistema de agentes e informantes.
No final, a NRA aprovou 557 leis básicas e 189 suplementares, cobrindo quase 95% de todos os empregados industriais. Grandes empresários controlavam a criação e a execução dos documentos. Eles geralmente almejavam suprimir a concorrência. Figurando proeminentemente nesse empenho estavam quesitos como preços mínimos aceitáveis, conluio de preços oligopolísticos, padronização de produtos e serviços, e notificação antecipada de intenção de se alterar preços. Tendo ganho o comprometimento do governo em pacificar a concorrência, os magnatas simplesmente se puseram a desfrutar de um sossego lucrativo.
Mas o entusiasmo inicial se evaporou quando a NRA não cumpriu sua promessa, e por razões óbvias. Mesmo seus apoiadores do mundo corporativo começaram a se opor aos maciços controles governamentais que ela requeria. Já em 1935, quando a Suprema Corte invalidou todo o empreendimento, a maioria dos defensores da NRA já tinha perdido o ânimo com a empreitada.
Ao revogar a NRA, o juiz da Suprema Corte Evans Hughes escreveu que "condições extraordinárias não criam ou ampliam poderes constitucionais". O Congresso "não pode delegar poder legislativo ao Presidente de modo que ele tenha irrestrita liberdade de ação para criar quaisquer leis que pense ser necessárias".
Apesar dessa decisão judicial, o "método NRA" não desapareceu por completo. Uma enxurrada de decretos intervencionistas surgiu logo após sua extinção. Por exemplo, a lógica econômica da NRA reapareceu no National Labor Relations Act, de 1935, restabelecendo privilégios sindicais, e no Fair Labor Standards Act, de 1938, estipulando regulamentações para salários e horas de trabalho. O Bituminous Coal Act, de 1937, reinstalou leis típicas da NRA para a indústria carvoeira, incluindo congelamento de preços. A Works Progress Administrationtransformou o governo no empregador de última instância. Utilizando o Connally Act, de 1935, Roosevelt cartelizou a indústria petrolífera. No fim, é claro, a Suprema Corte acabou mudando de idéia e se integrou ao jeito Roosevelt de pensar.
Mesmo depois de tudo isso, a grande promessa do fim do sofrimento nunca se concretizou. À medida que o setor estatal foi drenando o setor privado, controlando-o em detalhes alarmantemente minuciosos, a economia foi chafurdando na depressão. O impacto conjunto das intervenções de Herbert Hoover e de Roosevelt sobre a economia foi fatal, pois o governo em momento algum deixou o mercado se corrigir a si próprio. Longe de ter tirado os EUA da Depressão, FDR não só a prolongou como também a aprofundou, levando um sofrimento desnecessário para milhões.
Ainda mais trágico é o duradouro legado de Roosevelt. O comprometimento que tanto as massas como as elites tinham com o individualismo, o livre mercado e um governo limitado sofreu um golpe súbito na década de 1930, golpe do qual o país ainda tem que se recuperar por completo. A teoria da economia mista, na qual o estado controla a economia de mercado, ainda é a ideologia dominante que sustenta todas as políticas governamentais. Em lugar da velha crença na liberdade, temos hoje uma tolerância maior com - e até mesmo uma demanda por - esquemas coletivistas que prometem seguridade social, proteção contra os rigores da concorrência de mercado e alguma coisa em troca de nada.
"Nunca é possível estudar Franklin Delano Roosevelt em excesso", disse Gingrich. Mas se estudarmos FDR com reverência, a lição que aprenderemos será essa: o governo é um meio imensamente útil para quem quiser atingir suas aspirações particulares, e recorrer a esse reservatório de benefícios potencialmente apropriáveis é perfeitamente legítimo.
Uma coisa que devemos definitivamente temer é o político que acredita nisso.
_______________________________
[1] Lei federal para restringir o comércio dos EUA com países que lhes são hostis. Essa lei dá ao presidente americano o poder para supervisionar ou restringir todas as transações comerciais entre os EUA e países inimigos em tempos de guerra. [N. do T.]
[2] Organização lobista que representa os agricultores e fazendeiros dos EUA. [N. do T.]
[3] Bernard Baruch foi um financista, especulador da bolsa, ocupante de cargos públicos e conselheiro presidencial. Foi após ter obtido sucesso nos negócios que ele se tornou o mentor de presidentes democratas - como Woodrow Wilson, além do próprio Roosevelt - para assuntos econômicos. Foi um dos criadores da idéia de que, durante uma guerra, o estado deve controlar todos os aspectos da economia, e pouco espaço deve ser dado à iniciativa privada. [N. do T.]

Robert Higgs um scholar adjunto do Mises Institute, é o diretor de pesquisa do Independent Institute.

Tradução de Leandro Roque