segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A mesmice, o balcão de trocas e o imponderável,

 por Gaudêncio Torquato

Um sentimento de mesmice invade a alma nacional. A luta política, que se trava na arena do processo sucessório muito antecipado, é a teatralização de uma velha guerra que exibe perfis já conhecidos, bordões gastos e quase nenhum elemento de diferenciação.
Para se ter uma ideia, o slogan central das principais pré-candidaturas está centrado na “fazeção”: fazer mais e melhor. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o governador Eduardo Campos trabalham nessa direção discursiva.
O repertório de denúncias começa a ser reaberto, a lembrar, com mais de ano de antecedência, as conhecidas querelas entre o principal partido da situação, o PT, e o principal partido da oposição, o PSDB. Mensalão contra Trensalão.
Ao contrário do que seria de esperar, a sociedade parece esgotada. Não se anima com esta bateria de denúncias recíprocas. Há uma razão para tanto: a repetição cansativa de escândalos embrutece a sensibilidade, como se uma pesada camada de chumbo passasse a cobrir os nossos corpos.
O governo federal enfrenta contrariedade em sua própria base. É reativo, perdeu o comando da ação. A presidente ainda não se convenceu da necessidade de mudar o time que faz articulação política.
Os governadores mais se assemelham a dândis na escuridão. Aguardam, com expectativa, as pesquisas para saber se deverão continuar a surfar na onda governista ou a preparar o barco para novas travessias. Estão à mercê das pressões de suas populações.
Já os parlamentares, tanto deputados quanto senadores, esperam que a presidente mude seu comportamento ante o Parlamento. Hora de cobrar as emendas para as bases.
É bem verdade que o balcão das trocas foi aberto, mas talvez a moeda sonante ainda seja escassa para enfrentar uma semana decisiva: a que vai decidir sobre a derrubada dos vetos presidenciais. Há quatro vetos que podem ser derrubados, o que significaria, nesse momento, mais uma tsunami de dissabores para a presidente Dilma.

José Serra

A disputa sucessória antecipada dá o tom. Pré-candidatos correm atrás de apoio dos partidos, inclusive o tucano José Serra, que começa a por obstáculos no caminho do correligionário Aécio Neves, já consagrado como o nome tucano a entrar no páreo de 2014.
Fala-se de tudo e com todos. Mas conceitos e programas ficam a desejar. As oposições não encontraram rumo. Dilma, apesar da ojeriza que parece conservar sobre a classe política, continua como franca favorita, apesar de se saber que os opositores, hoje, somariam mais de 50% das intenções de voto. Ela teria algo como 40%. Segundo turno na certa.
Claro, se a disputa contar com Dilma, Aécio, Serra, Marina e Eduardo Campos. O que será difícil, levando-se em consideração que Lula ainda tem poder de influência sobre o governador pernambucano e Serra poderá recuar e vir a se candidatar a senador pelo PSDB. E não a presidente da República pelo PPS.

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