segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Bahia às baratas

POLÍTICA

 por Vitor Hugo Soares

Dois fatos emblemáticos, dos tempos temerários que atravessamos, levaram a Bahia, tristemente, esta semana, ao noticiário nacional. Tudo com direito a repercussões externas de causar vergonha e indignação a gregos e baianos. Mesmo quando quase nada mais é capaz de envergonhar ou indignar pessoas ou sociedades.
Governos e políticos então, nem se fala, a concluir pela omissão diante do sumiço de Amarildo, no Rio de Janeiro, ou o massacre monstruoso de civís no Egito.
O primeiro caso é o espantoso furto, impune e continuado, durante 11 anos, de todas as 454 peças, uma a uma, que compunham o esplendido painel concebido e montado por Siron Franco, na encosta de um morro na área do Dique do Tororó (belo e e do mais visitados pontos turísticos de Salvador).
Um presente precioso, ofertado pelo consagrado artista plástico goiano, quando das comemoração dos 454 anos de fundação da cidade, em 2002.

Painel de Siron Franco ainda com algumas peças

O segundo caso, que levou o Estado e a sua capital às manchetes, foi o assassinato, frio e cruel, da jornalista e servidora da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), Selma Barbosa, na noite de domingo passado. A coordenadora do Laboratório de Vídeos da Facom foi morta quando parou o automóvel que dirigia, para deixar em casa, no bairro Costa Azul, uma amiga e colega com quem passara o dia estudando, para um trabalho acadêmico de mestrado.
Enquanto a amiga fechava o portão do prédio, o carro de Selma foi “fechado” por um automóvel com dois bandidos em fuga da polícia. Os dois desceram e um deles, com revolver em punho, se aproximou da janela do carro da servidora pública e disparou à queima-roupa. Toda a cena foi registrada por uma câmera instalada no prédio em frente ao local do crime.
Depois, os bandidos roubaram objetos pessoais, arrancaram Selma do interior do automóvel e deixaram o corpo sem vida estirado na pista de tráfego, para em seguida continuar na fuga usando um novo automóvel. E praticando novos assaltos.
“Quando eu entrei no portão, que eu me virei para fechar o portão, ele já estava atirando nela. Eu acho que ela nem viu direito. Não escutei ela gritar, não escutei nada. Eu só ouvi os tiros. Até agora eu não acredito”
A declaração é da amiga de Selma - ela preferiu não se identificar, tomada ainda pelo pânico e a insegurança - feita à TV Bahia (afiliada da Rede Globo), no dia seguinte à barbaridade. A também servidora pública fala enquanto a sua imagem é mantida sob sombras. Medo, abandono, revolta e impotência registrados em uma cena só.

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