domingo, 8 de setembro de 2013

Como os impostos em cascata estimulam a concentração do mercado


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P5A843159F11C45BD9338BF962C295B1A.jpgUm imposto em cascata é aquele imposto que incide sobre todas as etapas de fabricação de um produto, de modo cumulativo.  Ao incidir sobre cada etapa da cadeia produtiva, esse imposto acaba sendo incidido sobre o próprio imposto que foi pago na etapa anterior — daí oefeito cascata.  
Isso, é óbvio, aumenta enormemente os custos de produção e, consequentemente, encarece o produto final para o consumidor.
No Brasil, os principais impostos em cascata são a COFINS e o PIS/PASEP (gostosamente classificados como "contribuições").  A CPMF também era considerada um, mas felizmente foi abolida em dezembro de 2007. 
O ICMS, estadual, por sua vez também acaba funcionando como um imposto em cascata, pois seu valor incide sobre o valor acumulado de todos os impostos acima — e quando o produto é importado, o ICMS incide sobre o valor declarado mais o imposto de importação.
Dito isso, analisemos a notícia a seguir:
Fusões envolvendo empresas brasileiras crescem 75% no 1º trimestre
Foram 145 anúncios de operações de janeiro a março.  Total é de mais de US$ 23 bilhões em negócios.
O volume financeiro de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras deu um salto de 75% no primeiro trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Thomson Reuters.

De janeiro a março, foram 145 anúncios, com um montante somado de US$ 23,39 bilhões. Nos primeiros três meses de 2008, as 118 operações tornadas públicas somavam US$ 13,38 bilhões.

Considerado o volume financeiro, o setor de energia foi o líder em transações anunciadas, com 43% do total, seguido por matérias-primas (29%) e consumo (19%).

Entre as operações no período estão a associação entre Shell e Cosan, a incorporação da Quattor pela Braskem e a aquisição dos ativos de fertilizantes da Bunge no Brasil pela Vale.

Entre os bancos coordenadores, o BTG Pactual ficou na liderança do ranking, seguido por JPMorgan, Deutsche Bank, Credit Suisse e Morgan Stanley.
Normalmente, um surto de fusões é mais comum naqueles setores que passaram muito tempo protegidos e, repentinamente, se veem obrigados a enfrentar a concorrência externa.  Nesse caso, as empresas que precisam sobreviver frente a concorrentes mais fortes acabam tendo de juntar forças.  Porém, sabemos que não foi isso o que ocorreu no Brasil recentemente — não temos uma rodada de nova abertura (significante) da economia desde o Plano Real. 
Ademais, como a economia mundial esteve em recessão em 2009, essa explicação da concorrência externa forte não convence.  Logo, a justificativa para esse surto de fusões (muitas delas, inclusive, entre empresas pequenas, que não têm ambições internacionais) tem de estar em outro lugar.
Em época de recessão mundial, as empresas têm de cortar custos e enxugar.  É aí que a carga tributária, especialmente quando assume a forma dos impostos em cascata, funciona como um catalisador.  Ela possui um grande peso em explicar esse repentino surto de fusões, pois funciona como um incentivo adicional em meio a todo esse cenário de crise, como veremos mais abaixo.
Um grande negócio
Como foi dito, impostos em cascata como o COFINS e PIS-PASEP incidem sobre cada etapa do processo produtivo, provocando aumento de custos em cada etapa e, consequentemente, fazendo com que o preço final do produto tenha necessariamente de ser maior.   Para se ter uma ideia do tamanho desse confisco, vale dizer que, em 2009, as arrecadações do governo federal com COFINS e PIS-PASEP totalizaram R$ 150 bilhões de reais, ao passo que o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica amealhou "meros" R$ 83,5 bilhões. 
Ou seja, impostos em cascata são um ótimo negócio para o governo, pois, além de arrecadarem quase o dobro do IRPJ, eles possibilitam que se extraia mais dinheiro da população sem que ela perceba — como o imposto é indireto (ou seja, o consumidor não vê), o governo pode perfeitamente se esquivar de qualquer responsabilidade pelos preços finais, responsabilidade essa que pode ser facilmente imputada aos empresários e capitalistas gananciosos. 
Outra consequência direta desse confisco aparece nos salários, que não conseguem crescer — a produtividade teria de aumentar muito para que fosse possível dar aumentos salariais sem que isso prejudicasse os investimentos futuros das empresas.
Estimulando as fusões e as integrações verticais
Uma integração vertical é quando uma empresa fornecedora de um determinado componente se une à empresa que necessita deste componente para a fabricação de seus produtos.  Por exemplo, quando uma empresa fabricante de computadores adquire ou se funde a uma empresa fabricante de microchips. 
Vejamos um exemplo de como os impostos em cascata estimulam as fusões e as integrações verticais — e, consequentemente, como eles reduzem a concorrência.
Imagine uma simples empresa que vende presuntos.  Tudo o que você precisa fazer para adquirir seus produtos é ir até o supermercado.  Você vai até a gôndola, pega a iguaria com a marca da empresa, vai até o caixa e paga.  Dificilmente você pára pra pensar em todo o processo produtivo por trás daquele simples presunto.  Muitos acham que fazer um presunto é algo simples.  Muito pelo contrário.
Em primeiro lugar, a empresa que fabrica o presunto precisa ter instalações adequadas para mantê-los bem conservados enquanto estiverem estocados.  Isso significa ter um armazém com um bom sistema de refrigeração.  O sistema de refrigeração necessita de manutenção e reparos constantes.  Tem-se aí o custo da mão-de-obra.  Esse sistema precisa também de peças de reposição, e tais peças são geralmente feitas de aço.  E como se obtém o aço?  Compra-se de uma siderurgia.  E como a siderurgia fabrica o aço?  Como o aço é uma liga de ferro e carbono, é preciso antes escavar minas para achar ferro.  Portanto, a siderurgia tem de comprar ferro das mineradoras, e as mineradoras têm todo o seu processo de produção.  Vamos parar por aqui, pois, caso contrário, poderíamos nos estender infinitamente.
Após ter sido produzido pela siderurgia, o aço precisa ser transportado para a empresa de refrigeração que irá montar todos os insumos para fazer o equipamento de refrigeração.  O transporte é feito por uma empresa terceirizada.
Observe que ainda estamos falando apenas do sistema de refrigeração que vai conservar o presunto.  Só aí já vimos várias etapas da cadeia produtiva; vários processos de produção, sendo que cada um desses processos tem várias etapas.  E sobre cada uma dessas etapas há a incidência de COFINS e PIS-PASEP.  Agora vamos falar mais especificamente do presunto.
O presunto, obviamente, não surge do nada.  Quem o traz?  Uma empresa de transportes.  Ela o traz de onde? De um frigorífico.  E onde o frigorífico arrumou a matéria-prima (porcos) que se transforma em presunto?  Em um abatedouro.  Quem fornece pro abatedouro?  Um suinocultor.  Qual a função do suinocultor?  Criar os porcos.  Como se cria porcos?  Com milho e soja.  Onde ele arruma milho e soja?  Com agricultores.  E estes precisam de fertilizantes, que precisam ser manufaturados por vários outros processos de produção, e assim por diante.
Ou seja, aquele simples presunto que você compra no supermercado só chegou àquela prateleira após passar por várias etapas de uma intrincada cadeia produtiva, toda ela devidamente tributada. 
(Um adendo: só com esse exemplo já é possível entender por que uma economia planejada é impossível.  Imagine se um comitê central seria capaz de gerenciar todos esses processos necessários para a fabricação de um presunto?  O fato de o governo nunca ter se interessado em produzir presunto explica por que nunca houve escassez dessa iguaria).
Como seria fisicamente impossível desenvolver o raciocínio para todas as etapas descritas acima, vamos simplificar o processo e abordar apenas duas etapas.  Vamos ver o que seria racional para o açougue e a empresa fabricante do presunto — supondo-se que ambas são distintas — fazerem caso os impostos se tornassem pesados em decorrência de um cenário econômico adverso.
Como são distintas, cada uma das empresas tem de pagar uma determinada quantia de impostos para o governo.  O COFINS e o PIS-PASEP são recolhidos sobre o faturamento, sendo que o PIS também incide sobre a folha de salários.  Suponha que cada uma das empresas tenha pagado R$ 1.000 de impostos (o valor é baixo só pra facilitar).  Sendo assim, pela teoria, aparentemente não faria diferença se ambas as empresas estivessem separadas ou integradas.  Afinal, no primeiro caso, cada uma pagaria R$ 1.000, ao passo que, no segundo, essa operação integrada pagaria R$ 2.000.
Só que tal teoria desconsidera todos os custos inerentes à contabilidade e aos registros de informações, além de desconsiderar até mesmo os custos que cada empresa despende apenas para se manter em dia com os impostos.  Logo, se as empresas se fundissem e fizessem uma integração vertical, centralizando e unificando o pagamento de impostos, os custos seriam menores.  Consequentemente, o mais racional seria que a empresa fabricante do presunto e o frigorífico se fundissem, o que faria com que o frigorífico deixasse de fornecer para outras empresas, reduzindo o número de frigoríficos no mercado e, por conseguinte, a concorrência.  E isso ocorreria em toda a economia, em vários setores.
É justamente esse fenômeno que está por trás de todo esse surto de fusões, o qual foi catalisado pelo cenário de recessão mundial.  Desnecessário também dizer que tais impostos são muito piores para as pequenas empresas do que para as grandes: estas têm mais facilidade para lidar com todos os custos inerentes ao serviço contábil.  Como consequência direta, o mercado vai ficando cada vez mais cartelizado, com as pequenas empresas sendo dizimadas, uma vez que não têm como concorrer com as grandes nesse cenário distorcido pelo governo.
Mais ainda: um bom exemplo de como as grandes empresas não se importam tanto com esses impostos, pois eles podem servir como uma regulamentação protecionista, foi a recente cruzada da FIESP contra a CPMF, explicada em detalhes aqui.
Conclusão
O governo cria um sistema tributário completamente irracional (característica essa inerente a todas as ações do governo), que desvirtua todo o mercado e encarece os processos de produção.  Para se manterem solventes e competitivas, não resta outra alternativa às empresas senão a fusão.  Isso aniquila a concorrência. 
Ato contínuo, a Secretaria de Direito Econômico e o CADE entram em ação e começam a deblaterar que o livre mercado está criando monopólios — monopólios esses que só podem ser impedidos pelo estado, como todos sabem.  Após a vociferação, a conclusão é uma só: o mercado não pode de modo algum ficar desregulamentado, pois a tendência à criação de monopólios é total.  E ganham aplausos.
Portanto, quando você ler ou ouvir notícias sobre fusões ou aquisições, ao invés de condenar o livre mercado, veja quem realmente está causando tudo isso — e aponte o dedo para os verdadeiros culpados.

Pelo fim da insanidade da guerra às drogas


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marijuana.jpgÀ luz do recente surto de violência relacionada às drogas no México, é apropriado refletir como a atual proibição das drogas afeta a criminalidade, a manutenção da lei e a economia.
Sempre que ocorrem tais acontecimentos, a reação instintiva de muitos é querer que haja um combate ainda mais intenso às drogas ilegais.  Porém, devo perguntar: já não temos atacado com bastante intensidade o tráfico de drogas durante as últimas décadas?  E qual foi o resultado?  O florescimento e a prosperidade do mercado negro, bem como a escalada da violência. 
Não haveria uma abordagem mais eficaz?
A ilegalidade das drogas é, na verdade, o principal fator que ajuda a manter os altos lucros dos traficantes e dos carteis, e que garante que o crime organizado domine o mercado.
A cocaína, por exemplo, tem uma margem de lucro de aproximadamente 17.000%, chegando a ser mais cara que o ouro em determinadas áreas.  Tal fenômeno não é nada inédito e tampouco é exclusivo das drogas — é apenas um previsível resultado da proibição.
Durante a Lei Seca, Al Capone e todos os outros envolvidos no crime organizado ganharam fortunas tirando vantagem do perigoso e lucrativo mercado negro que havia sido criado unicamente pelas leis governamentais.  Tanto naquela época quanto hoje, as leis econômicas permanecem as mesmas: todas as vezes que o estado faz uma grande apreensão de mercadorias ilegais, os lucros dos fornecedores remanescentes no mercado negro aumentam.  Esse tipo força econômica é intransponível para o aparato estatal, mas resulta em grandes negócios para os traficantes e carteis.
Para os cidadãos comuns, entretanto, tal proibição gerou desastres.  A guerra às drogas mantém as cadeias superlotadas, gerando não apenas um grande custo para os pagadores de impostos, como também um grande perigo para todo o público, uma vez que os verdadeiros criminosos — assassinos, estupradores, molestadores de crianças — são mantidos fora da cadeia apenas para dar espaço para aqueles infratores não violentos que se envolveram com drogas.
Atualmente, os EUA, por exemplo, encarceram mais gente, em termos per capita, do que a Rússia e a China jamais o fizeram - e, ainda assim, criminosos como Phillip Garrido — o sequestrador de Jaycee Lee Dugard, a jovem que foi mantida em cativeiro durante 18 anos na Califórnia e com quem teve duas filhas — continuam à solta, livres para estuprar e sequestrar repetidas vezes.  (É interessante notar que, no caso dele, uma pequena quantidade de maconha chamou mais atenção da polícia do que os repetidos relatos dos vizinhos de que havia constantemente crianças em seu quintal).
A guerra às drogas distorce as prioridades da polícia em prejuízo de todo o público.
A revogação da Lei Seca certamente não trouxe nenhum benefício para o crime organizado.  Da mesma forma, hoje, se quisermos acabar com os violentos carteis da droga, criar oportunidades legítimas de emprego ao invés de um mercado negro sem lei e justiça, reordenar as prioridades da polícia e deixar espaço nas cadeias para as pessoas que realmente deveriam estar nelas, temos de acabar com a insanidade da guerra às drogas.
Descriminalizar a maconha em nível federal já seria um começo.

Ron Paul é médico e congressista republicano do Texas e candidato à nomeação para as eleições presidenciais de 2012. Seu website: http://www.campaignforliberty.com

sábado, 7 de setembro de 2013

Manifestantes invadem desfile militar no Rio e são dispersados com gás


Os manifestantes, alguns mascarados, invadiram a Avenida Presidente Vargas, onde é realizado o desfile no centro do Rio, gritando slogans e confrontando a polícia, que já realizou várias prisões



Cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital, de acordo com (Ricardo Moraes/Reuters)
Cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital, de acordo com
Rio de Janeiro - Dezenas de manifestantes invadiram neste sábado (07/09) o desfile militar pelo dia da Independência brasileira no Rio de Janeiro e foram dispersados com gás lacrimogêneo em mais um dia de convocação de protestos em todo o país, constatou a AFP. Cinco pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital. Dez manifestantes foram detidos, segundo a polícia civil.

Os manifestantes, alguns mascarados, invadiram a Avenida Presidente Vargas, onde é realizado o desfile no centro do Rio, gritando slogans e confrontando a polícia, que já realizou várias prisões. As forças de segurança dispararam gases lacrimogêneos diante dos espectadores do desfile, muitos deles famílias com crianças, que correram para se proteger.

Uma agência bancária próxima ao local do desfile foi destruída pelos manifestantes. Nem o prefeito do Rio, Eduardo Paes, nem o governador do Estado, Sérgio Cabral, assistiam ao desfile, cuja duração e número de participantes foi reduzido devido aos protestos previstos.

Vários grupos convocaram manifestações de ruas através das redes sociais em cerca de 150 cidades do país, na esperança de reviver a força das revoltas sociais ocorridas em junho, quando mais de um milhão de pessoas se manifestaram em plena Copa das Confederações contra a corrupção e por melhores serviços públicos.

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Em Brasília, onde a presidente Dilma Rousseff assistiu ao tradicional desfile militar, a segurança foi reforçada. Centenas de manifestantes começavam a marchar na direção do Congresso, exigindo que os políticos corruptos vão para a cadeia. "Queremos melhorias na educação, reforma política e democratização da mídia, os protestos de junho serviram para pressionar o Congresso a aprovar medidas, temos que manter isso vivo", afirmou à AFP Philip Leite, do movimento estudantil Kizamba.

Está previsto que as manifestações durem todo o dia. Em Brasília, também coincidem com uma partida amistosa da seleção brasileira contra a Austrália, no estado Mané Garrincha. Quase 4 mil policiais protegem a capital federal, onde a polícia advertiu que os manifestantes mascarados serão identificados e detidos, uma medida que já começou a entrar em vigor no Rio para impedir atos de vandalismo contra bancos, comércio e bens públicos.

A presidente Dilma disse na véspera, durante a transmissão de um pronunciamento à nação, que "a população tem todo o direito de indignar-se com o que está errado e exigir mudanças", mas pediu para que não deixem que "uma camada de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante: o Brasil avançou como nunca nos últimos anos".

Em São Paulo, uma manifestação convocada com o lema "Grito dos Excluídos" bloqueava o trânsito em parte da Avenida Paulista, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Em Recife, os manifestantes começavam a se concentrar usando traje de praia, com a ideia de fazer um protestos em bicicleta, segundo o site G1. A princípio, o objetivo era fazer o protestos com todos nus, mas a polícia alertou que haveria prisões caso isso acontecesse.

Chocolate branco é ou não é chocolate?

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Cada receita de chocolate tem suas particularidades. Mesmo os chocolates mais legítimos, exóticos e quase sempre e importados, tem um toque único.
Finos ou não, todos tem em comum um mesmo ingrediente: o cacau.
Mas, quando o assunto é chocolate branco, a história é bem diferente. O chocolate mais clarinho, que conquistou tanta gente, e é excelente para o uso culinário, tem muito mais açúcar que o chocolate comum e não leva o cacau, como a receita do chocolate ‘preto’.
Mas, se o cacau é o ingrediente base do chocolate, o chocolate branco pode ser considerado chocolate, ou apenas um doce?
  • Entenda
Na receita do chocolate branco não há pasta extraída do cacau. Somente a gordura extraída do  fruto quando o cacau é prensado.
Desta forma, utilizando apenas uma espécie de ‘manteiga’ do cacau, o chocolate branco existe ou é uma ilusão?
Para o chef pâtissier e chocolatier Diego Lozano , o chocolate branco não é chocolate. Calma, ele explica. “Chocolate sem cacau é que nem goiabada de banana, (é uma) fantasia. Não que seja ruim mas não é chocolate, é outro doce”, concluiu o chef.
Fonte: IG

Armas, drogas, distintivos e cartéis


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carteis.jpg"Será que existe alguém que realmente acredita que indivíduos que estão preparados para desobedecer às leis contra o homicídio irão obedecer às leis de desarmamento?" — Thomas Sowell
Sempre observo com grande interesse todos os debates sobre desarmamento e controle de armas, e venho fazendo isso há praticamente 50 anos.  Já ouvi os oponentes do desarmamento invocarem este argumento de Sowell.  Não me lembro de ter ouvido nenhuma resposta a ele.  Nenhum desarmamentista jamais forneceu uma resposta.  Eles simplesmente ignoram o desafio.  Eles fingem que ninguém fez uma pergunta.
Curiosamente, eleitores contrários ao desarmamento seguem votando em políticos desarmamentistas, políticos que não respondem ao desafio de Sowell.  Os eleitores nem sequer questionam essa postura fugidia dos políticos.  É verdade que, no geral, os eleitores defendem algum tipo de controle de armas.  A maioria não defende o desarmamento completo, mas eles defendem severas restrições à venda de armas e aos modelos que podem ser comercializados.  E, com isso, políticos desarmamentistas seguem sendo reeleitos, e sem jamais serem questionados acerca de sua postura racionalmente contraditória.
A lei do desarmamento é tão eficaz quanto as leis anti-drogas: ninguém realmente espera que leis anti-drogas irão eliminar o uso de drogas ilegais.  Porém, como os eleitores não querem admitir que a intervenção estatal no mercado de drogas é uma ilusão mais delirante do que a provocada pelo LSD, o ataque estatal a este mercado segue impávido, com a mesma eficiência de um gelo sendo enxugado.  E o mesmo raciocínio é válido para o desarmamento. 
Os eleitores não querem admitir que a intervenção estatal em ambos estes mercados só faz destruir ainda mais a liberdade dos indivíduos, a qual é diariamente sacrificada em nome do aumento do poder e do controle do estado.  A crença é a de que o estado é paradoxalmente capaz de deter o poder de controlar atividades que, em privado, as pessoas aceitam, mas que, em público, são obrigadas a condenar.
Sendo assim, reformulo a pergunta de Sowell:
Será que existe alguém que realmente acredita que indivíduos que estão preparados para desobedecer às leis contra o consumo de maconha irão obedecer às leis que as proíbem de utilizar um papel para enrolarem por conta própria um baseado?
Defensores das leis anti-drogas — pessoas que normalmente são contra o desarmamento — respondem a esta pergunta da mesma maneira que os defensores do desarmamento respondem à pergunta de Sowell.
Resultados: mais leis, mais intrusão estatal, mais gastos governamentais, orçamentos mais polpudos para os burocratas, menos liberdade, e mais discussões vápidas.
No final, tudo se reduz a isso: traficantes de drogas não irão obedecer às leis que supostamente restringem o uso de armas.
Se você quiser que traficantes de drogas parem de comprar armas, então é melhor você acabar com os traficantes, defendendo a descriminação das drogas.  Porém, os progressistas querem criminalizar as armas e os conservadores querem criminalizar as drogas.
E, se você pensa que este argumento não faz sentido, então não espere que os progressistas respondam ao argumento de que "indivíduos que estão preparados para desobedecer às leis contra o homicídio não irão obedecer às leis de desarmamento".
Você por acaso já parou para pensar na cronologia das leis anti-drogas?  Ela se assemelha à criação de licenças para médicos, uma regulamentação que criou um cartel extremamente rentável.  O cartel dos médicos é justificado com este argumento: "Não queremos que o público em geral saia comprando remédios (que são drogas).  Portanto, é necessário que o estado imponha leis e regulamentações para que apenas médicos diplomados possam prescrever receitas".
Tudo se resume a cartéis.  Se você quer criar um cartel extremamente rentável, é fácil.  Eleja um político influente, faça lobby, consiga que o estado torne ilegal um bem ou serviço que a maioria das pessoas quer, e então estipule que apenas um determinado grupo de especialistas tenha a licença para vender este bem ou serviço.  Pronto. 
O problema é que tal medida levará à criação de um cartel paralelo, não-autorizado e ilegal, o qual também venderá o bem ou serviço em questão.  E isso gerará um inevitável conflito: o primeiro cartel, ávido para defender sua reserva de mercado, irá enviar funcionários públicos com distintivos e armas para atacar este segundo cartel, o qual, por conseguinte, irá comprar armas para defender seu terreno e se proteger dos ataques do primeiro cartel.
Cartéis querem uma renda artificialmente elevada em decorrência de restrições colocadas sobre o livre mercado.  Cartéis querem uma renda artificialmente elevada em decorrência de uma reserva de mercado protegida pelo estado.  O verdadeiro debate gira em torno de quem irá portar armas legalmente e quem irá portá-las ilegalmente.

Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seuwebsite

A AÇÃO SEM REAÇÃO

A AÇÃO SEM REAÇÃO


POR ANTONIO MACHADO

A disparada do dólar é um fenômeno global e chegou para ficar por bom tempo, se a recuperação em curso nos EUA não sofrer retrocesso. O fenômeno provoca sequelas que extrapolam a depreciação do real. Brasil e brasileiros estão mais pobres em dólar, embora, exceto em viagens ao exterior, esse efeito ainda seja pouco sentido no bolso.

A inflação devida ao encarecimento das importações — do trigo (com que se faz o pão) ao celular (do qual, tirando a carcaça, tudo mais vem de fora) — será gradual. E poderá até ser baixinha, se a reação preventiva do Banco Central ao esfriar a demanda, levar as empresas a optar entre subir preço e perder venda ou buscar produtividade.

A redução do poder de compra medido em dólar não é definitiva, mas condicionada ao que se fizer daqui para a frente. Não se trata do que tem feito o Banco Central, garantindo liquidez ao fluxo externo de pagamentos e proteção cambial (chamada de hedge) por meio da banca às empresas endividadas em dólar. Isso serve para baixar a febre.

No limite, o BC fará leilões de venda física de dólares da reserva de divisas (US$ 373,7 bilhões no dia 19) do país. Talvez não chegue a tanto. Tais medidas são para ordenar a desvalorização, não contê-la, já que inútil. Destinam-se a evitar que a especulação dirija o mercado e exagere o ajuste (overshooting, conforme o jargão) rumo a um cenário de liquidez global um pouco mais estreita. Quanto menor?

Vai depender da velocidade da volta à normalidade monetária dos EUA. Ela se dará em dois estágios. No primeiro, o Federal Reserve vai reduzir até zerar a emissão excepcional de dólar, hoje ao ritmo de US$ 85 bilhões/mês. No segundo, a taxa de juro básica, análoga à nossa Selic, ao redor de zero (contra 8,5% ao ano aqui), começará a subir. Pela ótica do Fed, esse processo será organizado. Começou em maio com o aviso de que se aproxima a hora do fim do laxismo.

Foi a alvorada para bancos centrais, Tesouros nacionais, políticas econômicas, bancos, empresas, investidores começarem a se preparar. Não se introduz mudanças tectônicas no mundo monetário à socapa. É o que estamos assistindo, com os gestores de hot money procurando pescar vantagens nas águas das economias mais enfraquecidas.

Know-how contra crises

 Infelizmente, fora a China, até agora, o tumulto cambial é a situação recorrente em todas as economias emergentes, nós, entre elas, com o cenário mais complicado onde há deficit externo (o nosso é de 3,1% do PIB). E pior para as que extraem o grosso das receitas em dólar da exportação de commodities. Depois da bonança, graças ao apetite chinês por alimentos e matérias-primas, elas entraram num ciclo de baixa, devido ao ajuste da China. E disso também padecemos. Reservas volumosas e o know-how obtido pelo BC na gestão de crises cambiais, e foram muitas no passado, reciclado depois do crash de Wall Street, em setembro de 2008, tornam o processo menos ruinoso e com menor risco, em princípio, de disrupções na economia.

Especulação com causa

Em nota distribuída segunda-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, garantiu estar atento ao “realinhamento global das moedas” e ao suprimento de liquidez. Por agora, numa operação associada à recompra de títulos públicos pelo Tesouro, a depreciação parou no assoalho do patamar de R$ 2,40. Até quando? Nem o BC pode saber. A especulação quer mais juros para continuar aplicada em reais. E tira sua força do desequilíbrio entre o nível de demanda, dado pelo consumo privado e pelo investimento supridos por importações, e um mundo menos disposto a bancar deficits estruturais. Baixar demanda é a sequela do aumento do dólar em relação ao real, o que passa por alguma inflação para elevar a competitividade industrial.

Salário paga sozinho?

Esse é o embate estrutural entre o câmbio depreciado e o nível da atividade, o que torna falacioso alegar, como alguns ministros têm feito, que a alta do dólar é boa para a indústria e não tem impacto inflacionário. É a mudança de preços relativos que deve alavancar a indústria, o que implica promover a produção à custa da importação, com os custos da transição repassados ao consumidor doméstico.

Se for só esse o resultado, a economia voltará a crescer depois de completado o ajuste, mas com poder de compra em dólar menor. E isso quando, não obstante o aumento real de 70,5% desde 2003, o poder de compra em termos de salário mínimo continue baixo. Pelo índice Big Mac da revista The Economist, o prosaico hambúrguer toma quase três horas de trabalho aqui, contra 35 minutos nos EUA, 53 na Grécia há cinco anos em recessão, 18 na Austrália. Com maior produtividade do gasto fiscal e da máquina pública, o ônus cambial pode ser menor.

Derrama de US$ 32 tri

Entre 2006 e 2012, o suprimento de liquidez no mundo, segundo nota do banco inglês Bedlam, cresceu US$ 32 trilhões em dólar. Quando os governos reduzirem tais estímulos, prevê-se o enxugamento de US$ 1 trilhão a US$ 3 trilhões no médio prazo, conforme o ritmo da volta do crescimento econômico nos EUA, Europa, Inglaterra, Japão, os que mais abusaram das emissões para fortificar a economia. Trata-se de mudança brutal. Os governos não vão ficar parados. A China já iniciou o ajuste para depender menos dos investimentos em infraestrutura e de exportações para crescer, promovendo o mercado interno. E nós? Para crescer sem riscos externos, deve-se elevar a poupança nacional, sinônimo de superavit fiscal, ao menos enquanto o pré-sal não passar de despesa. E os políticos já querem gastá-lo por conta... Tais coisas ilustram a desembaraço da especulação.

PREPARE O BOLSO: COM DÓLAR ALTO, EMPRESAS PROMETEM REAJUSTE DE ATÉ 12%

PREPARE O BOLSO: COM DÓLAR ALTO, EMPRESAS PROMETEM REAJUSTE DE ATÉ 12%


POR DIEGO AMORIM E ROSANA HESSEL

O governo comemorou ontem os resultados da megaintervenção anunciada pelo Banco Central, que resultará na injeção de mais US$ 60 bilhões no mercado até o fim do ano. Depois de ter atingido R$ 2,45 na quarta-feira, a maior cotação desde 2008, a moeda norte-americana fechou a semana valendo R$ 2,353, registrando expressiva queda de 3,23%. Mas esforço algum será suficiente para impedir que o novo patamar da taxa de câmbio contamine os preços e prejudique o orçamento das famílias. A depender do segmento empresarial, as tabelas serão reajustadas em até 12%.

Grandes importadores do país não acreditam em recuos maiores do dólar até o fim do ano, e já renegociam as encomendas para o Natal. No caso dos alimentos e das bebidas, a arrancada da moeda norte-americana encarecerá os produtos entre 8% e 12% no início de setembro, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba), Adilson Carvalhal Júnior. O nível de importação das empresas, informou ele, caiu 10% desde junho.

Já no setor de eletroeletrônicos, bastante dependente de suprimentos importados, os preços devem subir de 7% a 12% no próximo mês. Computadores e, sobretudo, celulares, que têm quase 90% das peças trazidas de fora, custarão mais. “Não há escapatória. Portanto, quem puder antecipar as compras de Natal, que o faça, porque esses aparelhos estarão bem mais caros no fim do ano”, aconselhou o diretor de pesquisa da Consultoria IT Data, Ivair Rodrigues.

Diante dos sinais emitidos pelas empresas, o Ministério da Fazenda decidiu aumentar a vigilância da economia, para conter abusos. O entendimento do governo é de que, com a ação do Banco Central, que totalizará intervenções de US$ 105 bilhões, pois US$ 45 bilhões já foram despejados no mercado, é de que não há mais motivo para estresse ou especulação. A tendência, disseram integrantes da equipe econômica, é de que a divisa dos Estados Unidos se estabilize em um patamar mais próximo de R$ 2,30. “O importante é que haja previsibilidade. A economia não pode conviver com tantas incertezas, sendo o câmbio um fator importantíssimo para a formação dos preços da economia”, disse um técnico.

Falta de confiança

Quase tudo o que é vendido no Brasil está atrelado ao dólar de alguma forma. Para compensar as transações mais caras, as companhias se dizem obrigadas a reajustar os preços. “Desta vez, a variação cambial assusta mais, porque há um grave problema de descrédito com o país. A falta de confiança entre os empresários é muito alta”, sublinhou Carvalhal.

Uma das alternativas do governo para conter os repasses exagerados de preços é reduzir impostos sobre importados. Uma lista com centenas de produtos já foi divulgada neste mês, justamente para compensar a alta do dólar. “Sabemos que já está havendo repasses, mas em proporções pequenas, uma vez que a atividade está mais lenta que o desejado. Ou seja, os consumidores estão retraídos, com elevado endividamento, e não têm aceitado arcar com aumentos de preços fora do normal”, acrescentou outro integrante da equipe econômica.

Ele reconheceu que ainda é cedo para acreditar que os resultados das intervenções do BC são para valer. Mas admitiu que a presidente Dilma Rousseff deposita muita confiança na medida, como forma de manter a inflação sob controle e de evitar que o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reunirá na próxima semana, seja obrigado a elevar tanto os juros. A expectativa dos analista é de que, na quarta-feira, quando o BC baterá o martelo, a taxa básica (Selic) passe dos atuais 8,50% para 9% ao ano. “O consenso dentro do governo é de que o aumento da Selic será de 0,5 ponto percentual, para acalmar os ânimos do mercado e reforçar a visão dos investidores de que se está trabalhando em todas as frentes para corrigir eventuais distorções”, frisou um assessor do Palácio do Planalto.

Estoque elevado

O Walmart é um dos grandes varejistas que começou a refazer o planejamento para o fim do ano, de acordo com o vice-presidente da marca no Brasil, Alain Benvenuti. A empresa reduziu em 15% o volume de importados para o Natal e intensificou as negociações com os fornecedores locais, na intenção de tentar absorver o impacto da escalada do dólar.

Como o consumo no país caiu nos últimos meses, os estoques do varejo estão acima da média, o que pode ser uma vantagem para os consumidores neste momento de forte desvalorização do real. “É possível encontrar produtos de linhas mais antigas, com preços 20% abaixo dos registrados nos “, destacou o diretor da Consultoria IT.

O impacto da mudança do câmbio, explicou o consultor, revela um problema estrutural no Brasil: as indústrias sem fumaça, que fabricam produtos com componentes basicamente vindos do exterior. “Celulares, por exemplo, são montados aqui com quase todas as peças importadas. A tela de um televisor de LCD, item que responde por 90% do custo total do produto, também vem de for a”, emendou.

Antes de mexer na tabela, os atacadistas decidiram esperar um pouco mais. Mas aumentos podem surgir, também em setembro. “Vamos ter o pé no chão. Não é hora de aumentar preço. No entanto, se a situação do câmbio continuar assim, não teremos escolha”, ponderou o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), José do Egito Frota Lopes.

Sem escapatória

Mesmo que o impacto nos preços não existisse, o dólar descontrolado não é bom para o Brasil, acrescentou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz. Ele reforçou que, ao mesmo tempo em que potencializa as exportações, a desvalorização do real eleva os custos da produção interna, uma vez que boa parte dos insumos — no caso do agronegócio — tem cotação internacional. São commodities.