sábado, 21 de setembro de 2013

PIRÂMIDE DA TELEXFREE COMEÇA A RUIR



POR ANA CAROLINA DINARDO

O esquema das empresas-pirâmides, que está deixando um rastro de prejuízos, está desabando. A Ympactus Comercial, conhecida como Telexfree, entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), onde está localizada a sede da companhia. De acordo com o comunicado oficial publicado em uma rede social, os mais de 1 milhão de associados foram informados da situação. Segundo o informe, a decisão garante a proteção da empresa, como também a dos divulgadores. Caso seja deferida pela Justiça, a medida suspenderá por 180 dias todas as cobranças da Telexfree.

Até julho deste ano, a empresa era alvo de 176 processos judiciais. Ela é acusada pela Justiça de aplicar o golpe do lucro fácil, que já levou milhares de pessoas a pesados prejuízos. O TJ-ES confirmou que o pedido foi feito, mas que não daria informação sobre o processo até que o caso seja julgado. O ganho da Telexfree vem do recrutamento de pessoas, que têm que pagar uma taxa de adesão de R$ 600, e não da venda de produtos. A empresa-pirâmide está com as atividades e as contas bloqueadas desde 8 de junho último, a pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC). 

Os representantes da Telexfree sempre negaram irregularidades e afirmam que a empresa pratica marketing multinível, um modelo de venda direta de produtos. O MP do Acre provou, porém, que a firma tinha mais pacotes Voip — produto que as pessoas que aderiram ao negócio comercializam — do que habitantes do estado. Procurado, o advogado da empresa, Horst Fuchs, não foi encontrado. 

Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em agosto deste ano, Fuchs disse que não há o que temer. “Não somos pirâmides e vamos provar isso”, declarou. No entender da juíza do MP do Acre, Nicole Arnold, o pedido de recuperação judicial já era esperado, tendo em vista os inúmeros processos judiciais que envolvem a Telexfree. “Acredito que não há surpresa no pedido de recuperação judicial da empresa, devido a todos os problemas e acusações que ela tem enfrentado”, destacou.

Alertas 

O golpe do dinheiro fácil tem atraído milhões de pessoas. Na avaliação do educador financeiro Pedro Braggio, as práticas de pirâmide atingem, sobretudo, dois perfis de pessoas. O primeiro deles envolve endividados, que acreditam que ganharão recursos fáceis para tirar a corda do pescoço. O outro inclui aqueles que almejam ficar ricos de forma rápida e sem esforço algum de trabalho. “Todos acabam se iludindo. Afinal, estamos falando de fraude. Não há vantagem nesse tipo de negócio, a não ser para os líderes do esquema”, explicou.

Braggio disse ainda que o consumidor deve ficar atento a todas as ofertas que prometem ganhos muito altos, principalmente sem esforço algum. “Trata-se de um armadilha em que as pessoas caem e só percebem que é um golpe quando já perderam muito”, afirmou. Outra dica é questionar as pessoas que estão oferecendo o negócio. Se elas não conseguirem dar explicações ou ficarem confusas, é sinal de que algo pode estar errado. 

“Pesquise, também, a imagem da empresa, se ela tem credibilidade. Caso cobre uma taxa de adesão e exija o recrutamento de pessoas, tudo indica que é fraude”, alertou Braggio. O educador financeiro acrescentou que ganhar dinheiro atraindo outras pessoas para o negócio, em vez de vender algum produto, é um dos sinais mais claros de se tratar de golpe de pirâmide financeira.

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