sábado, 21 de setembro de 2013

DILMA JÁ CONVERSOU COM MANTEGA E TOMBINI SOBRE REAJUSTE DA GASOLINA



POR PAULO SIVA PINTO

A recuperação do real ante o dólar — a moeda brasileira subiu mais de 5% neste mês — está sendo observada pelo governo como uma janela de oportunidade para reajustar os preços da gasolina, sem que a inflação estoure o teto da meta, de 6,5%. O aumento, que pode chegar a 10% nas refinarias e ser anunciado nas próximas semanas, ajudará a reforçar o caixa da Petrobras.

A correção já foi prometida pela presidente Dilma Rousseff à comandante da estatal, Graça Foster. “O pedido da Petrobras está muito próximo de ser atendido. O momento ficou mais favorável ao governo, pois a inflação está bem comportada e se reduziu a pressão do dólar sobre os consumidores”, explicou um técnico da equipe econômica.

Segundo a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o governo foi ajudado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Como a instituição decidiu adiar as mudanças na política de incentivos à maior economia do planeta, o real começou a ganhar força perante o dólar. Assim, o risco de a moeda norte-americana atingir os R$ 2,70, como previram os especialistas, foi afastado e a tendência, por enquanto, é de o dólar se acomodar entre R$ 2,20 e R$ 2,25, diminuindo o impacto na inflação, que atormentava o BC brasileiro.

A presidente Dilma, conforme interlocutores do Planalto, já teria consultado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, para saber se há espaço, agora, para a correção nos preços da gasolina e do diesel. Os dois teriam avalizado o reajuste até meados de outubro. A perspectiva é de que, no caso da gasolina, o aumento para os consumidores fique entre 6% e 8%. “O martelo já foi levantado e será batido mais cedo do que muitos acreditam”, destacou um assessor econômico da Presidência da República.

Eleições de 2014

A expectativa de Solange e de vários analistas é de que as medidas de estímulo do Fed à economia norte-americana se mantenham até dezembro, o que contribuirá para segurar a cotação do dólar em relação ao real. Nessas condições, segundo ela, é possível elevar o preço da gasolina entre 8% e 10% nas refinarias, o que provocará aumento de 0,2 ponto percentual no IPCA. Mesmo com esse impacto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano em 6%, abaixo do teto da meta.

O reajuste dos combustíveis neste momento teria um benefício extra para o Palácio do Planalto: evitar a má notícia em meados de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff já estará em campanha aberta à reeleição. Além disso, destacou Solange, haverá outros fatores de pressão nos preços. “É melhor ter um pouco mais de inflação neste ano e menos no próximo”, explicou.

Para o economista e diretor de gestão da Vetorial Asset, Pedro Paulo Silveira, a desaceleração do custo de vida e o aperto de caixa da Petrobras aumentam as possibilidades de reajuste neste momento.

Segundo o economista David Zylbersztajn, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), seria necessário elevar em 30% o preço do combustível para zerar a defasagem em relação ao mercado internacional, que prejudica a Petrobras.

Ele acredita, porém, que o reajuste da gasolina ficará bem abaixo disso, em torno de 10%. “Isso não vai resolver os problemas de caixa da estatal, apenas vai reduzir as perdas”, afirmou.

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