quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O que as urnas farão com as ruas?, por Ruth de Aquino Ruth de Aquino, ÉPOCA

GERAL


A pergunta, feita por um jovem durante debate na Casa do Saber, no Rio de Janeiro, provocou um silêncio pesado e ensurdecedor, na plateia e na mesa. Ninguém ousaria responder. O medo da radicalização se instalou nas casas, nas famílias, nos locais de trabalho.
As ofensas de baixo calão na internet mostram que uma simples divergência de opinião leva pedradas e balas de borracha. O gás lacrimogêneo nubla a lucidez, o spray de pimenta favorece o extremismo. Não se prevê sequer o que acontecerá no próximo dia 7 de setembro. As redes sociais convocam todos os brasileiros para “o grito do gigante” contra a corrupção política.
Um tema válido e nacional, que causa a repulsa de todo cidadão de bem e transcende partidos. “Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção. Não há corrupção melhor ou pior. Dos ‘nossos’ ou dos ‘deles’. Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada”, disse o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso. Concordo.
Espero que a declaração de Barroso signifique que todos serão punidos. E não que todos serão inocentados, sob o argumento de que “sempre se roubou” no Brasil. Caso contrário, o julgamento dos mensaleiros virará uma chicana.

Foto: André Coelho

Barroso poderia acrescentar que os abusos e desvios não se restringem ao Legislativo. Contaminam o Executivo e também o Judiciário, Poder que ele representa. Há mordomias imorais para todo gosto entre os excelentíssimos representantes do povo.
Ou Barroso acha válido que a gente pague R$ 101 milhões de auxílio-alimentação retroativo a juízes? Por isso, as ruas se levantaram com tanta indignação. Não porque as pessoas estão felizes e querem mais.

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