quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sector privado FMI insiste em cortes salariais e nem ordenado mínimo escapa


Após a polémica que ontem estoirou sobre a deturpação de dados ao nível dos cortes salariais que já haviam sido levados a cabo pelo Executivo, o Diário Económico adianta na edição de hoje, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) permanece irredutível na necessidade de reduzir os encargos com os trabalhadores do sector privado, insistindo, nomeadamente, numa baixa do ordenado mínimo nacional.
FMI insiste em cortes salariais e nem ordenado mínimo escapa
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ECONOMIA
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Os números que o Executivo apresentou em Junho passado, e que davam conta de cortes salariais no sector privado na ordem dos 27%, parecem ser insuficientes para a instituição presidida por Christine Lagarde.
Segundo noticia esta quinta-feira o Diário Económico, o FMI insiste em mais cortes e nem o salário mínimo nacional fica imune às intransigentes recomendações dos técnicos de Washington nesse sentido.
No fim de Setembro, quando tiveram lugar a oitava e nona avaliações ao programa de ajustamento português, o FMI voltará à carga com a necessidade de se proceder a uma maior flexibilidade laboral.
De acordo com o guião proposto na reunião de Junho, que visava preparar a oitava avaliação, e ao qual o Diário Económico teve acesso, do pacote de medidas que estará em cima de mesa no exame do próximo mês, constam, nomeadamente, a redução do ordenado mínimo; a redução dos salários dos jovens; a eliminação de cláusulas de protecção do posto de trabalho dos trabalhadores que pertencem aos quadros das empresas, em detrimento de outros; ou a introdução de um contrato único para novos contratados.
Saliente-se que o Jornal de Negócios adiantava ontem que os dados fornecidos pelo Governo ao FMI sobre os cortes salariais no sector privado haviam sido deturpados, por forma a sustentar a premência de novas reduções.

Incêndio Morreu mais uma bombeira no combate às chamas. Tinha 21 anos


Uma bombeira de 21 anos morreu hoje no combate a um incêndio em São Marcos/Muna, no concelho de Tondela, e outros dois ficaram feridos, hoje à agência Lusa o comandante operacional distrital de operações de socorro de Viseu.
Morreu mais uma bombeira no combate às chamas. Tinha 21 anos
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Há mais uma morte a assinalar no combate às chamas que consomem o País. É a quinta num espaço de dois meses.
A bombeira em causa, pertencia à corporação de Carregal do Sal, tinha 21 anos e faleceu quando enfrentava um incêndio em São Marcos/Muna, no concelho de Tondela.
De acordo com Lúcio Campos, os bombeiros faziam um “ataque inicial” a um incêndio novo na Serra do Caramulo. “Foi com uma violência tal que resultou nesta tragédia”, lamentou o comandante.
Informações iniciais, dadas hoje à Lusa pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Soares, no funeral de um bombeiro que se realizou hoje no Estoril, davam conta de quatro desaparecidos e dois feridos graves no combate a um incêndio na Serra do Caramulo.
Lúcio Campos esclareceu que o incêndio onde hoje morreu a bombeira e ficaram feridos outros quatro, todos de uma corporação Carregal do Sal, decorre na Serra do Caramulo, perto do local onde neste Verão já morreram dois bombeiros. Ana Rita Pereira, de 24 anos, no dia 22, e Bernardo Figueiredo, de 23 anos, na terça-feira.
Dos quatro bombeiros feridos, dois estão em estado grave, e os outros dois apresentam ferimentos ligeiros, adiantou o comandante. Além disso, há ainda três elementos do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR com ferimentos ligeiros.
Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Nelas, Guilherme Almeida, em declarações à Lusa, os dois feridos graves foram transportados para o Hospital de Viseu.
Neste incidente ardeu ainda uma viatura dos bombeiros e esteve desaparecido por alguns momentos um militar da GNR.
De acordo com Lúcio Campos, o homem “refugiou-se numa mina e conseguiu sair ileso”.
A TVI continua, porém, a avançar que outros quatro bombeiros permanecerão desparecidos.
Refira-se que pelas 11h00, estavam cerca de 500 operacionais no local, apoiados por 139 viaturas e cinco meios aéreos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cinco tratamentos psiquiátricos estranhos que não são mais utilizados no mundo



Em pleno século XXI seria inimaginável que certas técnicas ainda fossem usadas no tratamento de doenças mentais. A história nos mostra exemplos bizarros praticados na Medicina: choque térmico, infecção pelo protozoário da malária culminando com perfurações no crânio (os dois últimos renderam o Prêmio Nobel a seus criadores).
Vamos conhecer os cinco tratamentos mais bizarros que hoje não são utilizados mais:
  • 1- Infecção por malária
Por volta de 1930 havia uma doença que era a maior causa de loucura no mundo: a sífilis. Além disso, era incurável. Os manicômios estavam lotados de pessoas paranóicas e violentas.
Foi nessa época que o médico austríaco Julius Wagner von Jauregg observou que se essas pessoas fossem acometidas por febre alta e convulsão quando ficavam doentes, a loucurasimplesmente ia embora. Foi então que o doutor Julius colocou o sangue contaminado de um soldado com malária em nove pacientes para que elas contraíssem febre alta e tivessem convulsões. Destes pacientes, quatro desses se curaram e dois apresentaram considerável melhora. Conclusão: Jauregg ganhou um Premio Nobel em 1927. “Parece absurdo dar o Prêmio Nobel a alguém que infectava os pacientes com a malária, mas o desespero na época era muito grande”, diz Renato Sabbatini, neurocientista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O problema é que de brinde o paciente ganhava uma doença grave: a malária.
Este método só deixou de ser utilizado nos anos 60 com a descoberta de antibióticos e medicamentos próprios para o tratamento de doenças mentais.
  • 2- Terapia por choque insulínico
Em 1927, por um erro médico do neurologista e psiquiatra polonês Manfred Sakel (ele exagerou na dose de insulina em uma paciente diabética e ela entrou em coma) foi descoberto que esta medicação ministrada em doses altas provocava uma notável melhora das faculdades mentais, já que a paciente era psicótica e melhorou muito depois deste incidente.
Desta maneira, o médico descobriu um tratamento eficaz em pacientes com vários tipos de psicoses, particularmente a esquizofrenia. “Esta foi uma das mais importantescontribuições jamais feitas pela psiquiatria”, diz Sabbatini.
Logo a técnica passou a ser usada em todo o mundo. Só que estudos posteriores demonstraram que a melhora era, na maioria das vezes, temporária e também o tratamento muito perigoso. Devido a estes motivos, o tratamento caiu em desuso.
  • 3- Trepanação
É uma cirurgia antiga (feita em várias partes do planeta há cerca de 40 mil anos atrás) onde era aberto um buraco no crânio das pessoas. Era realizada em rituais religiosos para liberar a pessoa de demônios, mas na verdade ela era vítima de doenças mentais. O costume persiste em algumas tribos da África e da Oceania e também em alguns centros modernos de neurologia para aliviar a pressão intracraniana em caso de fortes pancadas na cabeça, por exemplo. “Se esse procedimento for feito por algum outro motivo, isso é bizarro e perigoso”, afirma Sabbatini.
  • 4- Lobotomia
A lobotomia deve a sua origem à Trepanação. Trata-se de uma incisão pequena para separar o feixe de fibras do lobo pré-frontal do resto do cérebro. O resultado era o desligamento na parte das emoções, tornando pessoas agitadas e violentas mais calmas.
Essa técnica foi criada em 1935 pelo neurologista português Antônio Egas Moniz, e também lhe rendeu um Nobel, em 1949. Como os resultados foram tão bons, a lobotomia começou a ser utilizada largamente em vários lugares na tentativa de conter a psicose e comportamento violento, mas somente deveria ser usada em casos extremos que não tivessem respondido a outros tratamentos. No entanto, a lobotomia passou a ser utilizada com muita freqüência nos manicômios para controlar comportamentos indesejáveis – inclusive em crianças agitadas e adolescentes rebeldes. Num período de 11 anos, mais de 50 000 pessoas foram sujeitas a lobotomia no mundo inteiro.
grande problema é que os efeitos colaterais eram terríveis: a pessoa virava um vegetal, sem emoções, completamente apática. Graças ao aparecimento de medicamentos mais modernos e eficazes, nos anos 50 a lobotomia foi deixando de ser usada.
  • 5- Mesmerismo
Criado pelo médico austríaco Franz Anton Mesmer, o mesmerismo pregava que passando imãs sobre o corpo dos pacientes era possível aliviar sintomas clínicos e psicológicos da doença mental. “Mesmer acreditava que os fluidos do corpo eram magnetizados e que muitas doenças físicas e mentais eram causadas pelo desalinhamento desses fluidos. Ele também achava que era possível obter os mesmos resultados sem os imãs, passando apenas as mãos sobre o corpo do paciente”, explica o professor de psicologia Renato Sampaio Lima, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Só que não tinha fundamentação científica nenhuma e logo o doutor Mesmer foi expulso de vários países e cidades por prática enganosa da medicina. “Em todos os lugares em que ele foi, a comunidade médica o repudiou. Ele pegava madames com doenças psicossomáticas leves, fáceis de tratar com placebo, e baseava o seu prestigio nesse efeito”, completa Sabbatini.
O mesmerismo, depois de sofrer muitas críticas, caiu em desuso no começo do século XX.
Fonte: Revista Super Interessante
Fotos/Ilustrações: Google Imagery

Adolescentes grávidas são a maior causa de morte no mundo



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Países com taxas altas de mortalidade infantil também possuem índices altos de fertilidade Uma organização de defesa dos direitos da infância afirmou nesta quarta-feira que a gravidez é a principal causa de morte entre adolescentes em todo o mundo.
A ONG “Save the Children”(em Português: “Salvem as Crianças”), com sede na Grã-Bretanha, comenta que parece absurdo que o processo de nascimento se torne a principal causa de morte de adolescentes no mundo, mas é exatamente isto o que está acontecendo. Gestações e partos causam a morte anual – ou sérias lesões – em mais de um milhão de adolescentes, a maior parte jovens com poucos recursos, pouco ou nenhum acesso à educação e habitantes de países em desenvolvimento. Segundo um relatório da organização, a raiz do problema está na falta de acesso a métodos anticoncepcionais e ao pouco planejamento familiar em muitos países. Mas, na verdade, as causas são muito mais profundas, envolvendo, principalmente, a falta de educação sexual e o ambiente familiar desintegrado.
A “Save the Children” é uma organização não governamental de defesa dos direitos da criança no mundo, existente desde 1919, dedicando-se tanto a prestar ajuda humanitária de urgência como aodesenvolvimento a longo prazo, através do apadrinhamento de crianças. O apadrinhamento humanitário consiste em prover as necessidades da criança, permitindo que continue no seu meio familiar, sua cultura e seu país.
Riscos
Jovens entre 15 e 18 anos se casam e engravidam logo depois do casamento, quando seus corpos ainda não estão preparados para dar à luz. Possibilitar oacesso ao planejamento familiar de modo que elas possam adiar outra gravidez por, pelo menos, 3 anos depois de ter dado a luz, diminui a possibilidade de complicações para a mãe, para o filho e pode salvar até 1,8 milhões de vidas anualmente. Aproximadamente 220 milhões de mulheres em todo o mundo que não querem engravidar não têm acesso a métodos anticoncepcionais. Este ano, calcula-se que haverá cerca de 80 milhões de gravidezes sem nenhum tipo de planejamento familiar nos países em desenvolvimento.
Gravidez de adolescentes
• Uma, em cada cinco meninas no planeta, foi mãe antes dos 18 anos.
• Problemas na gravidez são a maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos no mundo.
• Anualmente, 50.000 adolescentes morrem durante a gravidez ou o parto.
• O risco de uma mulher morrer por causa relacionada à maternidade é de 1 em 3,8 mil em países desenvolvidos, mas de apenas 1 em 150 em países em desenvolvimento.
• Uma pesquisa na Nigéria constatou que quase um terço das mulheres acreditava que certos métodos anticoncepcionais podem provocar infertilidade.
• De acordo com as estatísticas, cada dólar investido em planejamento familiar economiza, no mínimo, 4 dólares gastos em complicações de gravidez.
• O risco de óbito para recém nascidos aumenta em 60%, se a mãe tiver menos de 18 anos.
• 10 milhões é o número estimado de meninas menores de 18 anos que se casam por ano, o que equivale a 25 mil por dia.
Estatísticas
Numa clínica de uma região pobre da Libéria, na África, um terço das crianças recém-nascidas tem mães entre 15 e 19 anos. Algumas nem passaram dos 13. Essas mães tão jovens estão expostas a complicações médicas, porque seus organismos não estão preparados, podendo desenvolver fístulas num parto prolongado. Os bebês também correm riscos. Os riscos de morte aumentam, se as meninas têm menos de 18 anos. Durante anos, os programas de planejamento familiar lutaram para encontrar financiamento e apoio, muitas vezes sofrendo resistência de grupos religiosos reacionários.
Líderes internacionais se reunirão em Londres, no próximo mês, para uma conferência sobre planejamento familiar promovido pelo governo britânico e pela Fundação Bill e Melinda Gates. A agência americana de desenvolvimento USAID, em cooperação com os governos de Índia e Etiópia, fez um apelo mundial para ações que ponham fim, em apenas uma geração, às mortes consideradas evitáveis. A Save the Children participa deste projeto, promovendo o planejamento familiar. Segundo a entidade, satisfazer à demanda global por anticoncepcionais pode prevenir em 30% as mortes maternas e em 20% as mortes de recém-nascidos nos países em desenvolvimento, além de salvar potencialmente 649 mil vidas por ano.
A Fundação Bill & Melinda Gates é a maior fundação de caridade do mundo. Foi criada por Bill Gates, fundador e ex-presidente da Microsoft, e a sua mulher, Melinda Gates. Os fundos desta Organização sem fins lucrativos proveem de doações, sendo as principais da parte de Bill e Melinda Gates e de Warren Buffet, considerado o homem mais rico do mundo. A fundação foi criada em janeiro de 2000 e tem a sua sede em Seattle, Washington, EUA, gerindo cerca de US$ 38 bilhões. É dirigida por William H. Gates, pai de Bill Gates, e por Patty Stonesifer. A Fundação tem como objetivo central a melhoria das condições de vida, principalmente na saúde e a luta contra a pobreza. Nos EUA, a instituição promove a educação e o acesso à tecnologia. Em 20 de Julho de 2006 a Fundação anunciou a doação de US$ 287 milhões para 16 projetos de pesquisa, com o objetivo de aumentar a colaboração internacional e a troca de informações científicas, com o objetivo de obter uma vacina contra a AIDS. De acordo com matéria publicada no site do jornal Folha de São Paulo, serão beneficiados pela doação pesquisadores da Áustria, Bélgica, Camarões, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, África do Sul, Espanha, Suécia, Uganda, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos e Zâmbia. Em meio às trevas que predominam neste final de ciclo na Terra, aqui e ali ainda brilham alguns raios de luz, que nos fazem crer que nem tudo está perdido. Testemunhar a solidariedade e a humildade de um dos homens mais ricos do planeta nos enche de esperança por um mundo melhor.

‘Doi-Codi é tão distante da Embaixada brasileira como o céu é do inferno’, diz Dilma

  • Presidente critica Eduardo Saboia e afirmação de que senador boliviano corria riscos ao ficar na embaixada do Brasil em La Paz
  • Ao saber da reação de Dilma, o diplomata fez um apelo: 'Rezem por mim!'


Dilma Rousseff, ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Dilma Rousseff, ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves Givaldo Barbosa / Agência O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff se pronunciou pela primeira vez, no início da tarde desta terça-feira, sobre a operação que trouxe o senador boliviano Roger Pinto ao Brasil. Em tom grave, criticou duramente a decisão tomada pelo encarregado de negócios brasileiros na Bolívia e ministro conselheiro, Eduardo Saboia, que saiu de La Paz e foi até Corumbá de carro, em um trajeto de 22 horas com o parlamentar da Bolívia. A presidente rechaçou a comparação feita por Saboia, que afirmou que a situação de Roger Pinto na embaixada era semelhante a de um preso no Doi-Codi. Ao saber da reação da presidente, o diplomata pediu orações. Segundo a agência de notícias Reuters, Dilma deve conversar no mais tardar amanhã com o presidente da Bolívia, Evo Morales, sobre o caso.
- Não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo em qualquer país do mundo aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida. Se nada aconteceu, essa não é a questão. Um governo não negocia vidas, um governo age para proteger a vida. Nós não estamos em situação de exceção, não há nenhuma similaridade. Eu estive no Doi-Codi, eu sei o que é o Doi-Codi. E asseguro a vocês: é tão distante o Doi-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso - afirmou Dilma, em tom severo.
Ao saber das fortes declarações da presidente, Saboia fez um apelo: "Rezem por mim!". Ele reafirmou que agiu para defender a vida do boliviano, que estava em um processo acelerado de depressão e falando em suicídio pelo longo confinamento em um cubículo da embaixada em La Paz.
- Reze por mim. Só digo uma coisa: eu defendi a vida. O governo não se empenhou para tirá-lo de lá - disse Saboia ao ser informado das declarações de Dilma.
Ele discordou de Dilma, entretanto, quando ela diz que "um governo não negocia vidas, um governo age para proteger a vida". Ele comparou a situação dos americanos sequestrados na embaixada do Irã com a de Roger Pinto.
- O senador Roger Pinto ficou mais tempo na embaixada do Brasil do que o pessoal no Irã. Os americanos ficaram confinados 440 dias, com o governo americano se empenhando para tirá-los de lá. O (Roger Pinto) Molina ficou 452 dias confinado. E o governo não se empenhou - reagiu Saboia.
A fala de Dilma ocorreu na saída de um evento no Senado Federal no qual foram comemorados os sete anos da Lei Maria da Penha. A presidente assegurou ainda que o governo brasileiro havia tentado, em vários momentos, negociar o salvo-conduto que permitiria a saída segura de Roger Pinto do país. Segundo ela, a embaixada brasileira era confortável, e o primeiro dever do Brasil é proteger a vida do senador boliviano, sem correr os riscos de tirá-lo do país.
- Um país civilizado e democrático protege seus asilados sobre os quais ele tem que garantir, sobretudo, a segurança em relação à integridade física. O Brasil jamais poderia aceitar, em momento algum, sem salvo-conduto do governo boliviano colocar em risco a vida de uma pessoa que estava sob sua guarda. A Embaixada do Brasil é extremamente confortável. Nós negociamos em vários momentos o salvo-conduto, não conseguimos. Lamento profundamente que um asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança que ele foi. Lamento. Porque em um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que se faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração. Protegemos a vida, a segurança e garantimos conforto ao asilado - afirmou a presidente.
Ao desembarcar em Brasília na segunda-feira, Saboia afirmou que desejou proteger um perseguido político, da mesma forma que um dia a presidente Dilma também se viu perseguida. Ele se reuniu nesta terça-feira com o secretário-geral do Itamaraty, Eduardo Santos, para prestar esclarecimentos sobre o caso.
- Eu escolhi a vida. Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidenta Dilma foi perseguida - declarou Saboia ontem. - Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se estivesse no Doi-Codi - disse o diplomata.

Governos pediram dados de 38 mil usuários do Facebook até junho


Facebook (PA)
Empresa prometeu divulgar relatórios semestrais sobre pedidos oficiais
Governos de 74 países solicitaram informações sobre cerca de 38 mil usuários de Facebook nos seis primeiros meses de 2013, informa um relatório inédito divulgado pela rede social nesta terça-feira.
De acordo com o chamado Relatório Global de Requisições de Autoridades, no caso do Brasil, foram 715 solicitações do governo a respeito de 857 usuários do site.

A Índia, o segundo país a pedir mais informações, fez solicitações sobre 4.144 usuários. A Grã-Bretanha, o terceiro, solicitou dados de 2.337 mil usuários.Os EUA foram autores da maioria das requisições: pediram dados de entre 20 mil e 21 mil usuários da rede social (o número exato não foi divulgado por conta de restrições legais).
O Facebook também detalhou revelou a porcentagem dos pedidos de informação que foram atendidos pela empresa - no caso do Brasil, 33%; no dos EUA, 79%.

Motivos

O relatório engloba seis meses até 30 de junho, e é a primeira vez que o Facebook divulga dados dessa natureza.
"Esperamos que esse relatório seja útil para todos os envolvidos nos debates constantes sobre requisições de informações por parte das autoridades em investigações oficiais", diz o relatório do Facebook, assinado pelo advogado Colin Stretch, alegando que a empresa tem "processos rígidos" para lidar com as solicitações oficiais e liberar informações.
"Acreditamos que esses mecanismos protegem os dados das pessoas que usam o nosso serviço e fazem com que as autoridades precisem cumprir diversos requisitos legais em cada uma das requisições a fim de receber informações sobre nossos usuários. (...) Contestamos muitas dessas requisições quando encontramos deficiências legais ou quando identificamos requisições amplas ou vagas."
A empresa disse que espera publicar relatórios semelhantes a cada semestre a partir de agora.
A rede social não deu detalhes sobre os motivos por trás de cada requisição oficial, revelando apenas que “a vasta maioria dessas requisições é relacionada a casos criminais, como roubos ou desaparecimentos.”
“Em muitos desses casos, essas requisições referem-se a informações básicas, tais como nome e extensão do serviço. Outras requisições podem também buscar endereços IP ou informações sobre a conta.”

Países em turbulência

Uma coisa que chama a atenção no relatório é o número de solicitações oficiais em países que foram recentemente palco por distúrbios civis.
Na Turquia - que, como o Brasil, viveu uma onda de protestos -, por exemplo, houve 96 solicitações relacionadas a 173 usuários, das quais 45 geraram dados. Oficialmente, porém, as solicitações são relacionadas a "proteção infantil" e questões legais "emergenciais".
Segundo o relatório, nenhuma solicitação foi feita pelas autoridades egípcias, que também estão diante de uma ampla convulsão social.
O grupo de defesa da privacidade Privacy International elogiou a publicação do relatório do Facebook, mas cita preocupações maiores.
"Ante a crescente presença do Facebook na vida das pessoas ao redor do mundo, elogiamos a empresa por (publicar) um relatório há muito tempo aguardado", diz o grupo.
"Mas resta uma sensação perturbadora quanto ao gesto do Facebook, e que tem pouco a ver com o Facebook em si. Desde que documentos vazados por Edward Snowden (ex-técnico da CIA) foram analisados, nos demos conta de uma terrível realidade - a de que os governos não necessariamente precisam de intermediários como Facebook, Google e Microsoft para obter dados sobre nós."

Venezuela monta hegemonia de meios de comunicação oficiais

Venezuela monta hegemonia de meios de comunicação oficiais



CARACAS - Recentemente o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que muito em breve a Força Armada Nacional Bolivariana terá sua própria rede de televisão. “E isso não é tudo”, acrescentou, depois de determinar que uma das emissoras de TV oficiais, a ViveTV, será agora a ComunasVTV, dedicada a fomentar a criação e consolidação das “comunas” — forma de organização coletiva promovida pelo falecido presidente Hugo Chávez como base de seu “socialismo do século XXI”.
O novo governo venezuelano mantém a estratégia de ampliar seu controle sobre os meios de comunicação do país. Já possui oito televisões (só há quatro privadas), 36 emissoras “comunitárias” e 250 estações de rádio “comunitárias”, em sua maioria sustentadas com dinheiro público, segundo um estudo dos comunicólogos Marcelino Bisbal e Andrés Cañizales. O estudo assinala, por outro lado, que ainda existem 530 rádios comerciais no país.
O alcance midiático do governo venezuelano também inclui 120 jornais comunitários (regionais e locais) e três oficiais de circulação nacional, todos distribuídos gratuitamente, com o intuito de promover, sem descanso, a “revolução bolivariana”.
— Certa vez um ministro do chavismo afirmou que eles queriam implementar uma “hegemonia comunicacional”, conceito que duplica a oferta de mídias como serviços para toda a população — diz Gustavo Hernández, diretor do Instituto de Investigações sobre Comunicação (Ininco) da Universidade Central da Venezuela. — Na verdade o que há é uma hegemonia presidida por um partido oficial, que se encarrega de difundir a doutrina política do governo.
Num domingo qualquer, por exemplo, em quase metade do espectro FM das rádios de Caracas, se retransmitem os programas “Alô, presidente”, instaurados pelo falecido Chávez. As mensagens institucionais da Venezolana de Televisión (VTV), canal do governo, se referem constantemente a representantes da oposição como “traidores da pátria”. Atualmente se concentram na imagem do falecido presidente, procurando demonstrar que seu legado continua: “Chávez vive, a pátria segue”. A mensagem se repete pelo menos cem vezes ao dia.
Informação governamental vedada
Gloria Cuenca, professora de Ética e Leis de Mídia, explica que a hegemonia que se implementa na Venezuela vai além dos meios que o governo controla.
— A liberdade de expressão que existe na mídia é parcial e mediada, e o custo é alto. Jornalistas sofrem diariamente agressões e perseguição ao tentar levar ao público alguma notícia. A informação governamental está totalmente fechada para os meios independentes e livres, cujos repórteres não conseguem acesso.
Denúncias sobre qualquer tema, nas televisões e rádios da plataforma oficial rebatizada como “Sistema Bolivariano de Comunicação e Informação”, só surgem quando ocorrem em regiões e municípios governados por líderes da oposição.
O governo também capricha no uso da mídia, obrigando cadeias de rádio e TV a transmitir mensagens da Presidência da República com frequência. Segundo Cañizales, o presidente Maduro já fez 86 horas de pronunciamentos este ano, o que dá, desde sua posse, uma média diáriade 32 minutos no ar.
Mas os espectadores se cansam. Segundo estudo da agência AGB Panamericana, que mede os índices, em julho canais do Estado só alcançaram 13% de audiência.
As recentes decisões judiciais contra a mídia na Venezuela mostraram a difícil situação da imprensa no país. Neste contexto, o Grupo de Diarios América (GDA), do qual O GLOBO participa, realizou uma série especial, que se encerra nesta quarta-feira, sobre a situação da imprensa venezuelana.