segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Batalha pela fé dos índios



A famosa tela “A Primeira Missa no Brasil”(foto), de Vítor Meirelles (1832-1903), mostra que o colonizador português desde que aportou por aqui tentou catequizar os índios na doutrina católica. O invasor holandês no Nordeste, no século XVII, também se empenhou na conversão de índios ao protestantismo. É o que mostra um livro lançado nesta Bienal do Rio. “A primeira Igreja Protestante do Brasil: Igreja Reformada Potiguara” (1625-1692), da historiadora Jaquelini de Souza, editado pela Mackenzie, aborda essa experiência que resultou na primeira igreja evangélica indígena no mundo.

Veja só. Em 1625, holandeses numa frota aportaram na Baía da Traição, na Paraíba, antes de seguirem viagem para a Europa, e encontraram a tribo Potiguara. Treze índios dessa tribo foram levados para a Holanda. Pelo menos dois deles, Pedro Poty e Antonio Paraupaba, ficaram cinco anos por lá desfrutando a melhor educação formal do país. Os dois conheceram o protestantismo na Holanda, que não era tão xiita quanto os países puritanos, e foram evangelizados. Depois desse período, voltaram para a sua tribo no Brasil a fim de ensinar a doutrina e para serem mediadores culturais entre a tribo e a Holanda. Segundo Jaquelini, em 30 anos, a Holanda mandou para o Brasil 90 pastores: 

— Portugal também mandou padres, mas em número menor. Para se tornar protestante, o índio precisava estudar, entender e aceitar a doutrina. No catolicismo, os índios tinham apenas que ser batizados.

Mas, quando os holandeses foram expulsos do Brasil, todas as igrejas protestantes foram queimadas. Parte dos índios foi recatolizada. Pedro Poty foi capturado pelos portugueses durante a Batalha dos Guararapes. Preso em Pernambuco, ele foi torturado para renegar a sua fé. Não renegou e acabou morto. Ele, segundo Jaquelini de Souza, foi o primeiro latino-americano martirizado pela Igreja Católica

Nenhum comentário:

Postar um comentário