sábado, 6 de julho de 2013

Finalmente batizados!


 Cássio Barbosa |


Esta semana a União Astronômica Internacional (IAU, em inglês) encerrou um debate que se iniciara em 2011 acerca dos nomes dos novos satélites de Plutão. Só para lembrar, Plutão era classificado como planeta até 2006, apesar de suas características peculiares.
Plutão foi descoberto em placas fotográficas obtidas nos dias 21, 23 e 29 de janeiro e outra em 18 de fevereiro de 1930 por Clyde Toumbagh, depois de mais de 40 anos de procura, principalmente por Percival Lowell. Lowell não era astrônomo profissional, mas um comercianterico de Boston que, aficionado por astronomia, acabou assumindo a busca por um planeta para além da órbita de Urano. Foi ele quem chamou esse possível planeta de “Planeta X” que volta e meia aparece em algum e-mail sobre cataclismos cósmicos. O fato é que Lowell criou uma obsessão por Marte após ler um livro sobre esse planeta escrito por Camile Flammarion, principalmente sobre os supostos canais de Marte, desenhados por Giovanni Schiaparelli.
Em 1894, Lowell decidiu construir um observatório em Flagstaff, no Arizona, para satisfazer sua obsessão por Marte e foi lá que decidiu entrar na procura pelo tal nono planeta do Sistema Solar. Logo após sua descoberta, ficou claro que Plutão não poderia ser o Planeta X, tal como Lowell havia definido. Plutão era muito fraco e muito pequeno para ser esse planeta. Logo outras características observadas de Plutão mostraram que ele era particularmente estranho.
Além do baixo brilho, e do seu tamanho, Plutão é um corpo rochoso e com a órbita mais “achatada” entre os planetas do Sistema Solar. Os corpos celestes têm órbitas elípticas, mas os planetas de nosso sistema têm órbitas quase circulares e quase num mesmo plano, a eclíptica. Plutão, tem uma órbita bem diferente de um círculo e que também é inclinada, bem fora da eclíptica. Por esses motivos, aliado ao fato de mais e mais objetos como esse estarem sendo descobertos nos confins do Sistema Solar é que em 2006 a IAU decidiu rebaixar Plutão para a categoria de planeta-anão. Sete anos depois, ainda há protestos querendo uma “virada de mesa” para que ele volte a ser planeta.
O nome Plutão vem de um deus grego que habita o submundo, uma espécie de inferno, justamente por estar numa região remota e escura do Sistema Solar. Em 1978, uma lua foi descoberta em Plutão, bem grandinha até, comparativamente falando, que foi batizada de Caronte, um barqueiro que leva as almas para esse submundo. Analisando imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble em 2005, mais duas luas foram descobertas e receberam os nomes de Nix (deusa da escuridão e da noite, mãe de Caronte)e Hydra (uma serpente de nove cabeças que lutou com Hércules).
Em 2011 e 2012, novas imagens do Hubble revelaram mais dois objetos orbitando Plutão. Na verdade, esses objetos já tinham sido observados nas imagens de 2005, mas foram confundidos com estrelas de fundo. Com as novas imagens, ficou claro que esses corpos estavam ligados a Plutão.
Desde sua descoberta, um concurso foi aberto para que o público pudesse escolher os nomes das novas luas. A premissa era que os nomes tinham de estar ligados à mitologia de Plutão. Dentre as opções disponíveis, foram escolhidos Kerberus e Styx. Kerberus (ou Cérbero) é o cão de muitas cabeças (às vezes aparece descrito com duas, às vezes 3) que acompanha Plutão em seu submundo. Optou-se pela grafia Kerberus (que vem do grego) para não confundir com Cérberus, que já dá nome a um asteroide. Styx é o nome de outra deusa do submundo e do rio que Caronte cruza levando as almas perdidas.
Os nomes foram ratificados pela IAU no início de junho, mas, curiosamente, o nome mais votado não foi nenhum deles. Assim que o concurso foi estabelecido, William Shatner, o eterno capitão Kirk, sugeriu e pediu votos para Vulcan e Romulus, em clara alusão ao planeta natal do sr. Spock e ao planeta dos romulanos. Romulus foi descartado logo de cara, por ser um dos fundadores de Roma e por já dar nome a uma lua de um asteroide. Mas eis que Vulcan foi o mais votado. Além da clara menção a “Jornada nas Estrelas”, Vulcan é também o sobrinho de Plutão. Entretanto, a IAU não quis aceitar esse nome por vários motivos. O principal é que Vulcan é o nome de um hipotético planeta interior a Mercúrio e também dá nome a um grupo de asteroides, chamado de vulcanoides.
Bom, o fato é que para um planeta-anão, um sistema com cinco luas chama bem a atenção. Uma hipótese é que teria havido uma colisão entre Plutão e outro objeto distante do Sistema Solar e seus fragmentos acabaram se aglutinando para formar seu sistema de satélites.
Mas a piada corrente é que, como vingança por ter sido rebaixado, Plutão decidiu formar seu próprio sistema quase-planetário.

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