quarta-feira, 17 de julho de 2013

Democracia e seus desafios




É grande a indignação nas ruas e nas redes sociais com eleição de Renan Calheiros para presidir o Senado. Mas por que não houve a mesma comoção coletiva quando ele foi reeleito depois dos escândalos em que se envolveu? Por que não houve o mesmo sentimento durante o período em que, apesar do vasto material à disposição das autoridades, ele sequer foi investigado?

Parece que tudo isso passou despercebido... e não podia ter passado, porque a democracia se constrói com a participação popular, acompanhando a política, dando sugestões e pedindo providências.

Da mesma forma, e no mesmo ambiente, a política de alianças de alguns partidos tem sido muito questionada pela “vida pregressa” dos aliados.
Democracia é doce, mas não é mole, não; Renan e alguns outros políticos foram eleitos pelo povo, e é por isso que temos que engoli-los. Da mesma forma, a experiência já demonstrou que o governo do ‘eu-sozinho’ não chega a lugar nenhum e, em tese, quando se fazem alianças e se cedem cargos, o objetivo é que o aliado vá aplicar no setor pelo qual fica responsável o programa do seu partido, e não a roubalheira irrestrita.

Não é para ser Alice no País das Maravilhas, mas não podemos desacreditar do processo democrático, porque se está ruim, sem democracia piora muito. O caminho da indignação é o correto, mas não podemos nos dar ao luxo de não acompanhar, com lupa, os acontecimentos e deixar a repulsa só para quando o fato estiver consumado.

A democracia não existe sem que as pessoas se manifestem fiscalizando, criticando ou elogiando. Aí está a chave do processo. E não interessa o conteúdo da opinião, o que vale é a vontade de participar, de ser ouvido, de marcar posição. Mas fica muito melhor quando a manifestação acontece no acompanhamento diário dos acontecimentos. Para cima deles!

Publicado no Jornal O DIA

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