domingo, 1 de dezembro de 2013

Temporada ouro: primeiros sinais

Temporada ouro: primeiros sinais 

Ana Maria Bahiana
globes ballot
Esta semana, por mais incrível que pareça, é quando começam a se definir as disputas da corrida dos premios. Explico: esta semana, feriadão do Dia de Ação de Graças, meus colegas da Hollywood Foreign Press Association estarão com tempo para ver as verdadeiras montanhas de DVDs que chegaram com os filmes e séries de TV elegíveis para os Globos de Ouro – mais um catálogo de 220 páginas com os dados de todos eles e as respectivas categorias em que cada um (e  seu elenco e equipe) concorre.
Como sempre digo – não é que os Globos antecipem os Oscars ou outros prêmios. O pool de votantes é completamente diferente, levando a escolhas muito diferentes. O que os Globos fazem, especialmente nas indicações, é estabelecer quem está e quem não está no páreo. Olhem para os anos anteriores e vejam se não tenho razão.
Temos até dia 10 de dezembro para entregar os votos – os indicados serão anunciados dia 12 – e esta pausa vem logo a calhar. Por isso os divulgadores, estrategistas e adjacencias passam esta semana enchendo nossas caixas com emails e nossas salas com posters, cartões, caixas de bonbons e, este ano, até um poster com nossos nomes (para um filme muito ruim, infelizmente…)
Last Vegas poster
A esta altura da disputa, apenas quatro filmes não foram exibidos para os votantes:Lone Survivor,  Trapaça (American Hustle), O Lobo de Wall Street  e O Hobbit – A Desolação de Smaug. Todos estão no nosso calendário das próximas duas semanas, com screeners vindo no rebote. É uma tática radical e um pouco suicida – os estrategistas acreditam que filme que é visto por último tem mais chances de ser lembrado e indicado.
Tem também, na verdade, mais chances de não ser visto. Espero que os estrategistas saibam disso.
Até porque tivemos um bom segundo semestre e já posso contar em ver alguns títulos entre as escolhas finais: Blue Jasmine (que entrou como drama) e Cate Blachett;GravidadeAntes da Meia  NoiteAll is Lost (especialmente para Robert Redford); 12 Years a Slave (pra mim, o melhor filme do ano até agora, e o único que eu vi meus colegas verem e reverem em exibições diferentes).
Não subestimem de jeito nenhum: Saving Mr. Banks;  Mandela:The Road to Freedom; O Mordomo da Casa Branca (e Oprah e Forest Whitaker); A Vida Secreta de Walter Mitty (que está entre as comédias), Philomena . São todos amplos, cheios de apelo sentimental e (o que, eu sei, é um fator decisivo para meus colegas) estrelas.
Álbum de Familia (August:Osage County) está entre as comédias e embora não tenha muitos fãs entre meus colegas, possui estrelas o bastante para ter chances  (Meryl Streep, lead; todo o resto, inclusive Julia Roberts, coadjuvante). Nebraska eInside Llewyn Davis (ambos entre as comedia), não tenho tanta certeza. Enough SaidFrances Ha, por incrível que possa parecer, tem mais chances, especialmente para James Gandolfini, Julia Louis-Dreyfuss e Greta Gerwig. Her (também entre as comédias) é, por enquanto, um grande ponto de interrogação.
Deixei o filme estrangeiro para o final. Não, nenhum filme brasileiro está concorrendo.Flores Raras, de Bruno Barreto, está concorrendo como drama na categoria principal, onde tem que brigar com esse povo todo aí em cima.
Não me perguntem porque o pessoal no Brasil não inscreve seus filmes. O resto do mundo parece estar completamente  ligado – só na América Latina temos filmes do México, Peru, Argentina, Chile. Nem vou falar de Europa e Asia porque nem tem nem graça – tem até um filme da Moldavia, pais simpático que tive que procurar no mapa, e onde, segundo a brochura que veio junto com o filme, produz-se bons vinhos.
O Azul é a Cor Mais Quente, A Caça e O Passado são os favoritos, mas muita coisa ainda pode acontecer. Eu queria muito que o Brasil estivesse nessa briga. Quem sabe, ano que vem…

FHC critica oposição: ‘Estamos berrando pouco’

FHC critica oposição: ‘Estamos berrando pouco’

Josias de Souza
FHCZanoneFraissatFolha2Fernando Henrique Cardoso enxerga na conjuntura “sinais alarmantes”. É esse o título do artigo que o grão-mestre do PSDB levou às páginas neste domingo. Num texto em que chama Lula de “mago do ilusionismo” e trata os punhos erguidos dos presidiários José Dirceu e José Genoino como uma coreografia de “Lenines que receberam dinheiro sujo”, FHC lança um olhar pessimista sobre 2014.
“Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste”, ele anotou, antes de alvejar Dilma Rousseff: “A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa.”
A disputa é “desigual”, avalia FHC. “Só um lado fala”, lamenta. “As oposições, mesmo que berrem, não encontram eco”, constata. “E, sejamos francos: estamos berrando pouco”, critica. Ele não deu nome aos bons cabritos. Mas como falou em “oposições”, assim, no plural, supõe-se que sente falta tanto dos berros de Aécio Neves quanto dos de Eduardo Campos (PSB).
Paradoxalmente, FHC exercitou seu pessimismo ao tratar de um fato que considerou alvissareiro: “Finalmente fez-se justiça no caso do mensalão.” Num gesto de autocontenção, ele reteve o júbilo: “É triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento.”
Lamenta ver os membros do núcleo político do PT presos ao lado dos Valérios do núcleo publicitário e dos banqueiros do núcleo Rural, “que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público”. Mas não foi a promiscuidade das (más) companhias o que mais assustou FHC.
“Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária”, escreveu, numa alusão ao gesto encenado por Dirceu e Genoino no instante da rendição à Polícia Federal.
“Onde está a Revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas usaram-no para construir a ‘nova sociedade’. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para perpetuar-se no poder.”
FHC enxerga na “encenação farsesca”, um “significado claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff…”
Nas pegadas da expedição dos primeiros mandados de prisão de mensaleitos, a repórter Vera Rosa noticiou que Lula telefonou para Dirceu e Genoino. “Estamos juntos”, teria dito o morubixaba do PT. FHC evocou a frase em seu artigo.
Deu a entender que Lula, “o mago do ilusionismo”, traiu-se ao tentar tirar cartolas de dentro dos coelhos. “Neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade: estamos juntos, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?”
O que FHC afirmou nesse trecho, com outras palavras, foi que não merece crédito aquele Lula ‘não sabia nadinha’ da Silva do alvorecer da crise. Em seu artigo, o xamã do tucanato insinuou que, hoje, frequenta a cena um Lula condenado pelo domínio do fato à solidariedade perpétua.
FHC cobra dos antagonistas do petismo um comportamento, por assim dizer, joaquiniano. “É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos.”
Fez bem a FHC a mistura da experiência acumulada na Presidência com o descompromisso da ex-presidência. Munido do salvo-conduto que se autoconcedeu, FHC virou um trombone solitário. No fundo, ele sabe que desperdiça o latim. Quem vive de esperanças de ver o PSDB e o PSB tratando o mensalão com desassombro vai morrer muito magro.
Nessa matéria, a coragem do tucanato diminui na proporção direta da aproximação do dia do julgamento do mensalão emplumado de Minas Gerais. Ex-presidente do PSDB federal, Eduardo Azeredo é uma condenação esperando para acontecer. Quanto ao PSB, a covardia da legenda é proporcional à cumplicidade que exibiu enquanto esteve no governo, até anteontem.
Em setembro de 2012, quando os ministros do STF começaram a condenar os mensaleiros, Eduardo Campos subscreveu um manifesto em que o PT acusava a oposição e a mídia de transformar o mensalão num “julgamento político, golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula”. Se levar a boca ao trombone agora, vai faltar sopro.
O que mais parece incomodar FHC é o fato de o silêncio se propagar em ondas. “É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencer à ‘base aliada’ de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e demais transgressões, como se o ‘hegemonismo petista’ que os mantém seja compatível com a democracia.” Shuááá!
“Que dizer então da parte da elite empresarial que se serve dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos?” Shuááá, shuááá!! “Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?” Shuááá, shuááá, shuááá!!! “Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam.”
Em timbre de desalento, FHC escreve: “Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível.”
Que fazer?  “Só tem um caminho: as urnas”, lenciona FHC aos correligionários. “É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulo-petismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.”
O ex-ministro Sérgio Motta, velho amigo de FHC, morreu sonhando com a permanência do PSDB no poder federal por 20 anos. A julgar pela recuperação de Dilma nas pesquisas —lenta, mas continua— não são negligenciáveis as chances de o petismo obter em 2014 a prorrogação do pesadelo do tucanato até 2018. Serão 16 anos corridos.
Lula estará autorizado a dizer: nunca antes na história desse país um partido conseguiu semelhante façanha. Os militares tiveram 21 anos, mas com um AI-5 de permeio. Getúlio Vargas teve 15, mas foi ditador num pedaço do filme e se matou no final.

Filha de Genoino: ‘Meu pai não dura na prisão’

Filha de Genoino: ‘Meu pai não dura na prisão’

Josias de Souza
A perspectiva de retorno de José Genoino para o xadrez da Papuda atormenta a família. Filha do preso, Miruna Kayano Genoino declara:
AspasPequenas“Esperança eu não tenho. O único dia em que minha mãe perdeu a cabeça foi quando ele passou mal e o médico disse que ele precisava ir ao hospital, mas o juiz não autorizou. Ela gritou, chorou, ficou nervosa, se descontrolou. Quando as pessoas falam que ele vai ficar alguns meses no semiaberto e depois já pode pedir progressão da pena, penso que não sei como ele vai chegar. Em uma semana eu vi como ele piorou, como eu vou pensar em meses? Oito meses? Ele não vai durar isso na prisão. Não vai.”
- Pressionando aqui, você chega à íntegra de uma entrevista quer Miruna Genoino concedeu às repórteres Marina Dias e Mônica Bergamo.

Imposto é roubo, estado é quadrilha, e outras considerações

Imposto é roubo, estado é quadrilha, e outras considerações
 

imposto_roubo.jpgUltimamente tenho tido preguiça de debater com estatistas. Parece que eles são imunes à lógica. No vídeo "Interview with a Zombie", Thomas Woods mostra como as pessoas doutrinadas a defender o status quo simplesmente desconsideram a lógica argumentativa. Repetem aquilo que aprendem na escola e na mídia sem a mínima reflexão crítica, tal qual um zumbi, mas pior. Pelo menos o zumbi valoriza cérebros, a ponto de querer comê-los. As pessoas hoje valorizam certificados. Um diploma do MEC vale mais para elas do que uma bela linha de raciocínio.
Aposto que alguém vai reclamar que citei um vídeo do You Tube e não uma tese de doutorado da UNB. Trata-se de um defeito que uma lição do Hinduísmo poderia resolver.
Saraswati é deusa Hindu do conhecimento e das artes. Ela representa o verdadeiro conhecimento, aquele oriundo da consciência subjetiva, da individualidade, da livre disseminação de ideias e de sabedoria. É alcançado não por imposição ou doutrinação, mas pela reflexão e iluminação pessoal. E é este conhecimento que leva uma pessoa a alcançar o moksha, a libertação do ciclo de vida e morte.
Saraswati é representada vestindo um sári branco, símbolo da pureza do conhecimento — isento, portanto, de agendas ideológicas ou utilitaristas. O conhecimento como um fim em si próprio. Ela senta-se em uma flor de lótus branca, símbolo da Realidade Suprema, que só pode ser compreendida através do conhecimento supremo. Em uma de suas quatro mãos ela segura um rosário, que significa concentração, meditação e contemplação, o caminho para a percepção da unidade entre o espírito e a realidade absoluta, o Princípio Divino, chamado Brahman. Aquele que busca este caminho deve buscar uma relação harmoniosa com o mundo e usar o conhecimento com amor, para o bem da humanidade.
Não imagino como a maneira pela qual o conhecimento é encarado nas modernas democracias poderia destoar mais deste belo ensinamento do Hinduísmo. O conhecimento é encarado como algo que deve ser despejado sobre as crianças em centros de doutrinação chamados escolas e não como fruto de uma busca pessoal e voluntária de todos os momentos. É visto como um processo de condicionamento por repetição, decoreba mesmo, e não de reflexão e meditação. Sua transmissão é atravancada por manuais, legislações e caprichos pedagógicos que causam esclerose naquilo que deveria ser uma rede fluida de saberes. E este falso conhecimento que as pessoas adquirem não liberta, apenas aprisiona. Não é usado com amor para o bem da humanidade. É usado para praticar ou legitimar o mal. Para travestir de eufemismos as piores agressões contra inocentes.
É com base neste falso conhecimento que tanta gente defende a necessidade do imposto, que nada mais é do que um assalto à mão armada sistemático e em larga escala contra populações inteiras. Mais grave do que dizer que tal barbárie é necessária é tentar provar que não se trata de roubo.
É isso que Diogo Coelho tenta fazer no seu lamentável artigo "Imposto não é Roubo". Como eu disse, ando com preguiça de debater com estatistas, mas não posso deixar sem resposta essa desprezível apologia ao crime. Farei uma refutação detalhada. Os trechos do artigo de Diogo seguem em vermelho socialista, como não podia deixar de ser. Minhas respostas seguem em anárquico preto.
Liberais e libertários às vezes recorrem a analogias que pecam pela simplificação. E aquela que mais tem me incomodado é a constante referência aos impostos como roubo.
Primeiramente, devemos fazer uma distinção entre liberais e libertários. Os primeiros diferem das ideologias totalitárias apenas no que diz respeito a quanto de agressão sistemática e institucionalizada contra inocentes deve haver — ou seja, uma diferença de magnitude e não de natureza. Os libertários se opõem completamente à agressão contra inocentes e, portanto, se opõem ao estado, o maior aparato criminoso jamais concebido.
Diogo Coelho acusa os libertários de "pecar pela simplificação" ao classificar todos os impostos como roubo. A simplificação está longe de ser um pecado epistemológico. Pelo contrário. Físicos estão sempre buscando um modelo mais simplificado para explicar o Universo. Provas matemáticas mais simples são as mais elegantes. A navalha de Ockham, um princípio de sinteticidade lógica, estabelece que dentre diferentes hipóteses, aquela com menos premissas deve ser assumida, impondo àquele que defende uma hipótese menos simples o ônus de provar seu maior poder explanatório.
Diogo reconhece no seu texto que o estado é uma entidade que detém o monopólio do uso da violência em determinado território e que obriga os cidadãos, por meio da ameaça física, a entregar a ela parte do que honestamente ganharam. No que isso difere de um assalto à mão armada? Ao assumir imposto como roubo e o governo como uma quadrilha criminosa, aquilo que observamos empiricamente passa a fazer sentido: disputas para controlar o poder político, crescentes gastos governamentais com serviços públicos de qualidade cada vez pior, leis e regulações cada vez mais estúpidas e liberdades cada vez mais ameaçadas. A hipótese de que imposto é roubo é simples, elegante e possui um altíssimo poder explanatório.
À luz da navalha de Ockham, pode-se concluir que o ônus da prova recai agora sobre aqueles que defendem que imposto não é roubo, e que portanto não estão em posição de acusar os libertários de nada, muito menos de simplificação. A posição deles é no banco dos réus. E eu os acuso de tergiversação.
O que Weber, Olson e outros intelectuais nos ensinam é que a origem do poder político está na associação de indivíduos em comunidade, que necessitam criar uma estrutura administrativa capaz de proteger toda a sociedade de ameaças internas e externas, além de fornecer um sistema capaz de resolver conflitos por meio da justiça. Os impostos fazem parte da estrutura de manutenção dessa ordem — e, como seu pagamento é garantido por lei, o governo pode, em última instância, valer-se da coerção física para assegurar o respeito a essa obrigação.
A hipótese de que o poder político surgiu da livre associação de indivíduos pode ser refutada tanto logicamente quanto empiricamente.
Tomemos a definição de poder político. Conforme nos explica o sociólogo e cientista político Franz Oppenheimer, existem duas maneiras opostas de conseguir riqueza: o meio econômico e o meio político. O primeiro consiste nas trocas voluntárias, portanto na livre e pacífica associação de indivíduos. O segundo consiste na coerção. A política é a obscura arte de se manter em uma posição institucionalizada de parasitismo coercivo, e o poder político nada mais é do que essa própria posição. Portanto, a afirmação de que o poder político é oriundo do meio econômico é autocontraditória.
Um oximoro ocorre também quando se assume que o poder político nos protege de ameaças. Sendo o estado um agressor por definição, ele não apenas não nos protege de ameaças, como de fato as pratica, e inclusive nos impede de buscar proteção de outros agentes ao estabelecer o monopólio da força.
Argumentar que um governo cobrador de impostos pode legitimamente proteger seus cidadãos contra agressão é cair em contradição, uma vez que tal entidade inicia todo o processo fazendo exatamente o oposto de proteger aqueles sob seu controle.
Neste mesmo artigo, Block demonstra a inconsistência lógica do conceito de "bens públicos", aqueles que o mercado não seria capaz de prover sozinho e cuja produção dependeria de ação governamental. Então os estados seriam eles próprios bens públicos e, consequentemente, jamais poderiam ter surgido, uma vez que eles nem sempre existiram. Pode-se ainda concluir que o estado não é um bem, e sim um mal, afinal, uma vez provada a absurdidade lógica do conceito de bem público, não há sequer uma justificativa utilitarista para a existência do estado, e nem explicação para seu surgimento que não a sistematização de práticas criminosas em algum estágio da civilização.
De fato, recentes descobertas arqueológicas evidenciam a origem violenta do estado. O mais antigo caso de formação de estado na América Central, há cerca de 2000 anos, foi o do estado zapoteca de Oaxaca, que emergiu após cerca de 450 anos de conflitos. Segundo o antropólogo Charles Spencer em War and early state formation in Oaxaca, Mexico, estados são uma sofisticação do estágio que os precede: grupos liderados por chefes guerreiros (chiefdom, em inglês). Sim, esses grupos são essencialmente quadrilhas bárbaras. O estado é a evolução organizacional destas quadrilhas, uma forma sofisticada de máfia.
Chiefdoms possuíam um único nível decisório e seu raio de influência era limitado pelo alcance de uma cavalgada. Já o estado possui vários níveis hierárquicos e um aparato burocrático que permite a delegação de autoridade administrativa, cobrindo assim áreas muito mais extensas. A transição dos chiefdoms para o estado se deu através de conquista territorial combinada com exigência de tributos. Estes tributos são exatamente aquilo que Don Fanucci cobrava em Little Italy: taxa de proteção contra si próprio.
Hoje usamos eufemismos como "imposto" e "contribuinte". Na Inglaterra a regularização formal do conceito de imposto tem origem no Dannegeld — os tributos cobrados pelos invasores danos (tribo germânica que habitava a atual Dinamarca) para ir embora da ilha e deixar as pessoas em paz. Os conquistadores normandos faziam o mesmo.
Serviços como defesa, segurança e justiça são demandados pelo consumidor e produzidos, ainda que de forma extremamente ineficiente e de péssima qualidade, pelo monopólio coercivo estatal. Não há, portanto, razão para duvidar da capacidade dos empreendedores privados de provê-los, uma vez que estão sujeitos à competição de mercado e devem agradar o cliente se quiserem lucrar. Em Da Produção Privada de Segurança, Gustave de Molinari escreve:
Em todos os casos, para todas as mercadorias que servem à provisão das necessidades tangíveis ou intangíveis do consumidor, é do maior interesse dele que o trabalho e o comércio permaneçam livres, porque a liberdade do trabalho e do comércio tem, como resultado necessário e permanente, a redução máxima do preço.
Há exemplos históricos que comprovam a aplicabilidade desta teoria em qualquer caso: A competição entre cortes privadas na Islândia Medieval; a Lex Mercatoria, um corpo de leis comerciais estabelecidas espontaneamente por mercadores medievais. E incontáveis milícias, exércitos privados, polícias privadas e grupos de resistência civil que derrotaram impérios poderosos ou supriram as deficiências dos serviços estatais. Shoppings Centers são mais seguros que praças públicas, apesar de toda a restrição que a legislação impõe às empresas de segurança patrimonial.
A lógica da privatização total seria também um arranjo mais ordeiro. De acordo com Hans-Hermann Hoppe em As Falácias da Teoria dos Bens Públicos e da Produção de Segurança, um sistema competitivo no mercado de segurança implicaria "erigir uma estrutura institucionalizada de incentivos para produzir ordem legal e aplicação legal que incorpore o mais alto grau de consenso relativo à questão da resolução de conflitos."
Some-se a isso a impossibilidade de socializar os custos dos conflitos através do poder estatal de taxação e fica claro que numa sociedade sem estado as pessoas desfrutarão de um nível maior de paz e ordem.
Diogo Coelho diz que o governo pode se valer da coerção física para cobrar impostos, pois seu pagamento é garantido por lei. O autor renuncia completamente à reflexão ética e moral ao fazer semelhante afirmação, além de desconhecer o significado da palavra "lei" e por consequência, a distinção entre "lei" e "legislação". A única lei que existe é a Lei Natural. Como jusnaturalista clássico católico, acredito na origem divina dos direitos naturais do homem, como proposto por São Tomás de Aquino. Mas autores ateus como Rothbard, Kinsella e Molineux apresentam também deduções lógicas dos direitos naturais, a saber: vida, liberdade e propriedade.
Direito é aquilo que ninguém deve tirar de uma pessoa e a lei impõe ao indivíduo a obrigação negativa de não infringir esses direitos. Lei é diferente de legislação estatal, que é apenas uma série de ameaças escritas com linguajar jurídico.
No lugar de:
 — Perdeu playboy, passa a grana ou toma bala!
Temos:
— Constitui crime de sonegação fiscal: prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei (leia-se legislação).
Argumentar que legislação é lei implica a falácia da definição circular. Qual lei nos obriga a seguir a legislação? Apanhar um pedaço de papel e rabiscar palavras de ordem não gera direito. Não importa se você é um psicopata em um manicômio ou membro de uma quadrilha altamente sofisticada e respaldada por uma maioria de eleitores. Em última instância, a legislação estatal está respaldada apenas pelo cano de um fuzil.
A força física pode ser oriunda de maior aptidão para a guerra, como no caso dos chiefdom, ou da superioridade numérica de uma massa manipulada, como no caso das democracias, mas ainda assim é pura força física. Quanta barbárie, roubo, terror, genocídio, pogroms, perseguições, guerra e terrorismo já foram cometidos em nome da legislação?
Acredito que muitos autores liberais e libertários vão longe demais ao identificar a autoridade coercitiva do estado como a de um pistoleiro dando ordens.
Em uma carta ao presidente Grover Cleveland, Lysander Spooner escreveu: "Se taxação sem consentimento não é roubo, então qualquer grupo de ladrões necessita apenas se autodeclarar governo e todos os seus roubos estarão legalizados."
Este vídeo expressa muito bem a ideia:
Aquilo que um indivíduo ganha honestamente pertence a ele, e somente a ele, em sua totalidade. Qualquer outra forma de distribuição seria arbitrária e agressiva. Se alguma entidade obriga você a entregar a ela uma porcentagem da sua justa renda, por menor que seja, você está sendo escravizado, pois está trabalhando forçadamente para alguém em algum momento. O estado é pior que um pistoleiro esporádico. É um escravizador. Se uma entidade tem o poder de definir o quanto da sua propriedade você deve entregar a ela, não há sequer garantias do direito natural à propriedade privada. Suas posses estão sujeitas ao humor do chefe tribal ou aos caprichos das massas (que costumam ser mais perigosos que o primeiro). Se não pagarmos o imposto somos sequestrados. Se resistirmos ao sequestro somos assassinados.
Diogo Coelho retira alguns exemplos do desolador artigo de Matt Zwolinski, "On Passing Laws and Pointing Guns" para tentar provar sua tese. Zwolinski argumenta que nem todas as formas de coerção são moralmente equivalentes. De fato, ameaçar riscar o rosto de uma pessoa com uma navalha é um ato muito mais imoral do que ameaçar riscar o carro dela com uma chave. Mas ambos os atos são coercivos. O fato de existirem formas de coerção moralmente mais desprezíveis não faz com que uma forma mais branda deixe de ser criminosa. Não entendo por que o autor tentou provar a tese de que imposto não é roubo desta forma.
Seus exemplos foram ainda mais infelizes. Zwolinski afirma que um sinal vermelho no trânsito não é comparável a um policial apontar uma arma na sua cabeça e gritar "pare o carro!". O exemplo escolhido, relativo a uma regra de trânsito, não é a melhor analogia se o intuito é compará-la à taxação. Normas estatais para as ruas, embora coercivas e portanto criminosas, são moralmente menos graves do que impostos, uma vez que é possível se eximir de cumpri-las simplesmente ao não dirigir e se aplicam somente ao espaço público da rua. Já os impostos incidem diretamente sobre propriedade privada e é difícil escapar deles.
Regras de trânsito estatais, como a definição de mão em uma via, podem ser melhor do que regra nenhuma, embora não possamos afirmar com certeza pelo fato de as ruas serem públicas e não estarem sujeitas ao crivo do mercado. Já os impostos são sempre deletérios. Ruas e vias de acesso devem ser privatizadas. Os proprietários que estabelecerem as melhores e mais eficientes normas de trânsito incorrerão em maiores lucros, consequência direta de atenderem às demandas dos consumidores.
Em um estado democrático em que impera a lei e a ordem, a violência física somente é aplicada como forma de sanção depois de uma série de ações que a poderiam ter evitado – e cujas opções seriam menos "intensas" e envolveriam menor grau de restrições à liberdade negativa dos indivíduos. Nesse sentido, para que a sonegação de impostos seja punida com o uso da violência física, ou até com um tiro, é necessário que outras transgressões sejam feitas.
O conceito de lei e ordem de Diogo Coelho é completamente deturpado.  Para ele, um assalto a mão armada não é crime se o bandido ameaçar a vítima de agressões menores antes de finalmente matá-la.  Se o intuito do autor é tentar provar que impostos são diferentes de um assalto comum, ele se contradiz em seu próprio texto. Caso uma vítima de assalto não entregue sua carteira, ela é morta pelo bandido, ainda que a propriedade da carteira seja um direito natural da vítima.
O estado apenas coloca passos intermediários entre o anúncio do assalto, que é a legislação, e o tiro fatal. A justa recusa de entregar nossas posses ao bandido estatal é punida com multas, ou seja, algo como:
— Não quer me dar a carteira? Então agora eu quero o relógio também.
Se não pagamos a multa, somos presos. Algo como:
— Não quer me dar as coisas? Então não é mais um assalto! É um sequestro! Vai pro cativeiro, cara!
E se resistirmos ao sequestro iremos para um lugar lindo, sem sofrimento, sem estado e sem impostos, mas que deveríamos conhecer somente depois de uma longa e bem aproveitada vida.
Ressalte-se que, de todas as formas de ditadura socialista, a democracia é aquela que mais potencializa agressões, desordem e violência. Enquanto um monarca absoluto recolheria a quantidade de impostos necessária às suas lambanças em meio a pesadelos noturnos sobre golpes de estado e revoltas, em uma democracia o estado se legitima ao alimentar conflitos entre pequenos e fluidos arranjos grupais da população. Trata-se da máxima de Napoleão e César: divide et impera (dividir para conquistar). Elevada à sua máxima potência. Cobrando impostos de X para financiar uma política pública para Y, o estado democrático faz com que todos saiam perdendo exceto os governantes e seus aliados, que ganham em poder e legitimação tributária, algo fora do alcance de um rei.
Zwolinski cita em seu texto uma passagem do economista Friedrich von Hayek, da qual destaco alguns trechos:
A coerção que um governo deve usar para este fim é reduzida a um mínimo e tornada o mais inócua possível por meio de sua limitação através de regras propagandeadas, de modo a que na maioria das situações um indivíduo nunca será coagido a não ser que ele se tenha colocado em uma situação em que ele sabe que será coagido.
Uma pessoa eticamente íntegra e logicamente consistente deve saber que coerção mínima também é coerção. Um mínimo de sexo não-consensual continua sendo estupro. Além disso, esperar que o agente responsável pelas tais "regras propagandeadas" não utilize seu monopólio legal para expandir seu próprio poder é uma grande ingenuidade per se.
Como bem notou Charles Black, professor de direito constitucional, o monopólio judicial do estado permite que qualquer arbitrariedade do governo seja declarada como constitucional obtendo assim uma legitimação psicossocial fora do alcance de uma monarquia absolutista. Montesquieu foi extremamente ingênuo ao achar que a separação entre os três poderes não iria se "cartelizar" e acabar em conchavos. O fato é que o homem comum enfrenta cada vez mais taxas e tributos enquanto a arrecadação dos governos cresce quase exponencialmente.
Deve-se acrescentar que ter ciência de que se será coagido não elimina o fato de que haverá coação. Quando um soldado, travando uma guerra defensiva contra um invasor, adentra o campo de batalha, ele sabe que será alvejado, mas isso não torna o conquistador menos criminoso.
Mesmo quando a coerção é inevitável dela são removidos seus perversos efeitos, visto que ela é confinada a deveres previsíveis e limitados – ou ao menos distanciada da vontade arbitrária de outra pessoa.
A coerção é, ela própria, um efeito perverso. Basta perguntar a opinião da pessoa que está sendo coagida. O grande erro dos coletivistas é não considerar o indivíduo como um fim em si mesmo. Ainda que houvesse alguma garantia de que impostos nunca serão modificados, seus efeitos perversos permanecem. Eles continuam sendo uma punição à geração de riqueza, uma depredação do capital acumulado. Continuam aumentando o custo marginal da produção, da apropriação original e do comércio. Continuam reduzindo investimentos, aumentando preços e prejudicando sobretudo os mais pobres.
A imprevisibilidade, contudo, é a única coisa previsível. Ou como diria Heráclito: "tudo flui". Em regimes democráticos, caracterizados por forte ativismo político, a imprevisibilidade é ainda maior. Robert Higgs chamou este fator de "incerteza de regime". Estando a propriedade sujeita às flutuações da política, decorre que os proprietários terão seu cálculo econômico subjetivo afetado. Não saber quais serão as políticas tributárias que o governo vai inventar aumenta a preferência temporal das pessoas levando ao maior consumo em detrimento do acúmulo de capital.
Tornados impessoais e dependentes de regras gerais e abstratas cujos efeitos sobre indivíduos em particulares não pode ser prevista no momento em que elas são escritas, mesmo os atos coercitivos do governo tornam-se informações que guiam a ação dos indivíduos
"Impessoal" é o pior adjetivo para se descrever a natureza dos impostos. Com exceção do chamado poll tax, que estipula um mesmo valor absoluto para todos, todos os outros impostos são persecutórios no nível individual. O imposto de renda persegue aqueles que mais acrescentam valor às trocas comerciais. O imposto sobre consumo persegue aqueles que mais desfrutam da riqueza produzida. E isso sem falar em imposto sobre grandes fortunas e sobre produtos específicos. Mas até mesmo o poll tax possui aquela que é a mais discriminatória das características: ele viola o princípio da igualdade perante a lei. O próprio conceito de taxação divide as pessoas em dois grupos A e B. O grupo A, dos governantes, pode roubar impunemente, enquanto o grupo B, dos governados, não pode roubar e sequer são respeitados em seu direito à propriedade privada. Não poderia ser mais pessoal e elitista.
E, com efeito, o fato de haver imposto guia a ação dos indivíduos, da mesma forma que a existência de bandidos de rua direciona as pessoas a evitar sair de casa, a blindar os carros e a andar com pouco dinheiro na carteira.
A incoerência dos argumentos de Hayek demonstra o perigo de citá-lo como exemplo de defensor do livre mercado. Suas contribuições em economia monetária e ciclos econômicos são brilhantes, mas politicamente ele era um social-democrata, adequadamente qualificado como socialista por Ludwig von Mises no primeiro encontro da Mont Pelerin Society.
Diogo Coelho, porém, segue com seus sofismas:
Leis e obrigações são — na maioria dos casos — respeitadas porque elas emanam de uma autoridade, que é reconhecida como tal. Vejam no caso do Exemplo 1: a possibilidade de coerção está por trás do comando da mãe à sua filha – porém, o que faz a filha obedecer não é somente o medo de sofrer uma sanção, mas a referência à autoridade que decorre da relação mãe-filha, e que ambas entendem como legítima. O mesmo acontece com o poder público – ele poderá impor leis enquanto os cidadãos entendam-no como fonte legítima de autoridade. Nesse sentido, os cidadãos não pagam impostos apenas por medo da coerção física, mas também porque entendem que certas taxas são legitimamente cobradas e que emanam de uma autoridade reconhecida como tal.
O autor acusa os libertários de simplificação. Mas o que dizer de alguém que compara sanções maternas a uma criança pequena para educá-la no âmbito da família a um assalto à mão-armada sistemático, massivo e politicamente motivado contra povos inteiros? Não é um caso de simplificação epistemológica, mas de grosseiro simplismo intelectual e relativismo moral.
Comparar a família, uma das melhores instituições que existem, ao estado, uma das piores, chega a ser ultrajante e até perigoso. É justamente essa doutrina que impregna as piores cartilhas totalitárias. A visão de que o estado tem um papel paternal, e de que os cidadãos são crianças deseducadas e irresponsáveis. A família é um arranjo de mercado. Emergiu das relações voluntárias entre os seres humanos como uma bem-sucedida forma de organização privada.
A discussão sobre os direitos das crianças e os limites da autoridade dos pais é complexa e passa pelo conceito de tutoria temporária condicionada à preservação da integridade física e dos devidos cuidados, bem como pelo direito total à autopropriedade tão logo a pessoa consiga estabelecê-la, se tornando então legalmente adulta. Já a discussão a respeito da intervenção estatal é simples. O estado é um criminoso e sua autoridade é tão ilegítima quanto a de um assaltante de bancos ordenando a abertura do cofre.
A comparação feita por Diogo e Zwolinski foi extremamente infeliz. O estado não é fonte legítima de autoridade, afinal nunca assinamos um suposto contrato social. As pessoas nunca concordaram em fazer parte deste sistema. Elas são vítimas e nenhum grupo, por maior que seja, tem direito de coagi-las. Se houver 1.000 habitantes em uma ilha e 999 apoiarem o estupro de 1 mulher, o ato continua sendo criminoso. Delegar a capacidade de cometer crimes para terceiros, sejam eles reis, generais ou presidentes também não altera a natureza criminosa de uma ação. Como disse John Locke: "As pessoas não podem delegar ao governo algo que seria ilegal elas próprias fazerem".
Por fim vale lembrar que, em seu artigo, Diogo Coelho tentou defender a afirmação do título alegando a importância dos impostos. Tais argumentos, além de refutáveis econômica, sociológica e historicamente, não permitem concluir que imposto não é roubo. Teria sido mais coerente se o autor tentasse, por meio de uma abordagem assumidamente utilitarista, defender a importância do roubo.
O indivíduo deve ser livre para viver sua vida da forma como lhe apraz, sendo o respeito aos mesmos direitos do próximo sua única restrição legal. Deve ser livre para reter tudo aquilo que ele ganhar honestamente, para utilizar seus recursos da maneira como julgar mais conveniente. Deve ser livre para errar e ser o único responsável por seus erros. E para acertar, tendo total direito de colher os frutos de seu bom julgamento.
Oscar Wilde nos lembra: "A vida não é complicada. Nós somos complicados. A vida é simples, e o simples é o correto."
Meu amigo Mané Dias, homem da roça, diria de maneira ainda mais simples: "A vida é simples, o povo é que complica".

Paulo Kogos é um anarcocapitalista anti-político. Estuda administração no Insper 

A coragem se dá por meio do empreendedorismo

A coragem se dá por meio do empreendedorismo
 

destaque_3318.jpgE se o Brasil começasse a levar a sério o Dia do Empreendedor? É o 5 de outubro, data da aprovação do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, que não importa agora. Importa celebrar aquelas pessoas que estão abrindo novos caminhos sem a certeza de que alguém irá segui-las, celebrar quem está apostando alto em projetos que acabarão abandonados, superados ou copiados. Vamos celebrar as futuras falências, o fracasso iminente.
Nassim Taleb escreve em Antifragile a mensagem que deveria acompanhar a celebração de um Dia do Empreendedor:
A maioria de vocês irá fracassar, acabarão desrespeitados, empobrecidos, mas nós somos gratos pelos riscos que estão tomando e pelos sacrifícios que vocês estão fazendo para o crescimento econômico do planeta e para tirar os demais da pobreza. Vocês são a fonte da nossa antifragilidade. Nossa nação agradece a vocês.
Por que comemorar o fracasso, e não apenas o sucesso? Porque a estrada do sucesso futuro é pavimentada com as ruínas dos fracassos passados. A falência cumpre na economia o papel que a falsificação de hipóteses cumpre na ciência experimental. "Alguém que não encontrou uma coisa está fornecendo conhecimento aos demais", diz Taleb, "conhecimento do melhor tipo, aquele da ausência (do que não funciona)." 
Cada vez que você entra em um restaurante bom, que lhe agrada, lembre do outro empreendedor, que naufragou com seu outro restaurante menos agradável, mas que ajudou o processo de aprendizado de todo o setor de alimentação. Se o setor de restaurantes parece imune a crises, agradeça ao fato de ser um setor de maior rotatividade, com alto índice de falências. A fragilidade de cada estabelecimento deixa mais robusto o setor como um todo.
Enquanto cada empreendedor caminha com prudência em sua luta por sobreviver, a sociedade se beneficia de quem está mais disposto a correr altos riscos. Para que haja mais empreendedores com maior ousadia, precisamos elevar moralmente o status da atividade empresarial. Continua Taleb:
A fim de progredir, a sociedade moderna deveria tratar empreendedores arruinados da mesma maneira que honramos soldados mortos, talvez não com tanta honra, mas usando exatamente a mesma lógica.
Não é difícil encontrar empreendedores arruinados. Cerca de metade das empresas no Brasil não consegue sobreviver mais de três anos. Apenas uma minoria atravessa a marca dos cinco anos com vida. Como já disse em outro lugar, para abrir uma empresa no Brasil, gasta-se 152 dias com a obtenção de todas as licenças, inspeções e registros necessários. Leva-se quatro anos para fechá-la. No mesmo período, é possível abrir e fechar 7 empresas em Cingapura.
Até quando os empreendedores vencem no mercado, seu sucesso pode ser logo perturbado pelo que Werner Sombart e Joseph Schumpeter chamavam de destruição criadora. A próxima inovação pode sepultar a anterior. Deirdre McCloskey dá um exemplo:
Pense nas mais recentes cadeiras de praia, dobráveis e de lona, antes vendidas por U$40 e que agora custam U$6. Elas levaram à falência companhias que faziam as cadeiras de alumínio mais antigas. Por sua vez essas levaram à falência as velhas cadeiras dobráveis de madeira, que por sua vez levou à falência as ainda mais antigas cadeiras de madeira não dobráveis.
As pequenas grandes maravilhas do mundo contemporâneo foram trazidas por empreendedores. Foram eles que fizeram com que o smartphone que você tem no bolso (ou que está usando para ler esse texto) tenha uma capacidade de processamento superior a todo o projeto Apolo no ano em que o homem foi à lua.
Também foi o empreendedorismo que ajudou a cortar a pobreza mundial pela metade nas duas últimas décadas. E os pobres não apenas enriquecem como objetos do empreendedorismo alheio. Eles abandonam o poço da pobreza pela escalada do empreendedorismo próprio — especialmente quem estava amarrado ao fundo, como os Dalit, a casta dos "intocáveis" na Índia.
New York Times relata a transformação dos intocáveis. Estagnados em meio a preconceito social e político histórico, os Dalit nasciam pobres e morriam sem esperança de mobilidade social. A constituição indiana "relegou os Dalit à base da pirâmide social e os condenava a empregos de baixo status, como barbearia e trabalhos com couro". Nas salas de aula, as crianças Dalit tinham que se sentar no chão. Os pais não podiam ir ao mesmo templo ou beber da mesma água das castas superiores.
Até que algo aconteceu. Os Dalit começaram a "combater o sistema de castas com o capitalismo." Com a abertura comercial indiana em curso há mais de vinte anos, os intocáveis aproveitaram a oportunidade para abrir suas próprias empresas e contratar funcionários da sua própria casta. Formaram sua própria câmara de comércio e indústria,
Um próspero centro de líderes empresariais que ignoram por completo a intervenção do governo, realizando contato diretamente com candidatos qualificados e preenchendo ordens de compra de outras empresas Dalit.
Resultado? A diferença salarial entre os intocáveis e as outras classes caiu de 36% em 1983 para 21% em 2011, "menor que a diferença salarial entre trabalhadores brancos e negros nos Estados Unidos. A desigualdade educacional caiu pela metade."
A ascensão econômica traz ascensão social. Ashok Khade, um empresário Dalit, ainda se lembra de como era a vida antes do capitalismo, apesar de hoje ser recebido com saudação pelos líderes locais quando chega de BMW prata em sua vila natal.
'Esse é um período de ouro para os Dalit', diz Chandra Bhan Prasad, pesquisadora e ativista Dalit que hoje defende o capitalismo entre os intocáveis. 'Por causa da nova economia de mercado, a sinalização material está substituindo a sinalização social. Os Dalit já podem comprar sua posição na economia de mercado. A Índia está passando de uma sociedade de castas para uma sociedade de classe.'
(Fazemos filmes de atletas em provas de superação e de artistas psicologicamente torturados. Mas não celebramos o suficiente nossos empreendedores. Pense nas novelas. Quantos vilões eram empreendedores? E quantos heróis?)
Os pobres brasileiros podem exercitar a mesma coragem dos intocáveis indianos se suas oportunidades econômicas forem ampliadas. Devemos diminuir o custo de abrir e operar uma empresa para que o caminho do empreendedorismo esteja aberto à base da nossa pirâmide social. Muitos irão fracassar. Por isso é importante honrar cada tentativa. Outros irão ter sucesso, e servirão de exemplo para novas gerações:


Diogo Costa é presidente do Instituto Ordem Livre e professor do curso de Relações Internacionais do Ibmec-MG. Trabalhou com pesquisa em políticas públicas para o Cato Institute e para a Atlas Economic Research Foundation em Washington DC. Seus artigos já apareceram em publicações diversas, como O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Diogo é Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis e Mestre em Ciência Política pela Columbia University de Nova York.  Seu blog: http://www.capitalismoparaospobres.com


Vamos culpar os alemães!

Vamos culpar os alemães!
2012-bmw-6-series_100330707_m.jpgA Alemanha voltou a ser o espantalho favorito.  Poucas coisas são tão populares quanto criticar alemães.  O governo americano, a Comissão Europeia e o FMI recentemente se entregaram a este esporte e passaram a condenar a Alemanha pelo fato de sua economia estar apresentando grandes superávits comerciais e um grande saldo na conta-corrente de seu balanço de pagamentos.  Paul Krugman contribuiucom a seguinte pérola:
O problema é que a Alemanha continua mantendo seus custos trabalhistas em níveis altamente competitivos e vem apresentando enormes superávits comerciais desde o estouro da bolha — e, em uma economia mundial deprimida, isso torna a Alemanha uma parte significativa do problema.
Apenas no surreal estado atual da discussão econômica ser 'altamente competitivo' pode ser considerado algo deletério.  Esta crítica à Alemanha, aliás, não é nada nova; ele remonta à década de 1950.  Porém, não mais estamos vivendo na década de 1950.  A Alemanha não possui moeda própria e há muito pouco de genuinamente "alemão" em uma exportação alemã.
Um BMW produzido na Alemanha e vendido na Espanha contém peças oriundas de todos os cantos do mundo.  A maior parte da mão-de-obra utilizada na construção do automóvel de fato será alemã, mas as inovações tecnológicas reduziram os custos desta mão-de-obra para aproximadamente 10% do preço final de um carro na Europa.  O retorno do capital irá para os acionistas, que podem estar em qualquer lugar do mundo.  A BMW pode distribuir dividendos para um acionista espanhol, o qual poderá utilizar estes euros para comprar bens espanhóis.  Dizer que um BMW é um produto da Alemanha é algo bastante forçado.
A Alemanha também faz parte de um arranjo de moeda única.  Reclamar do superávit comercial de uma região dentro de uma área de moeda única é como reclamar que, dentro de um mesmo país, há um superávit comercial de um estado em relação a outro ou de uma cidade em relação a outra.
Aliás, podemos nos aprofundar ainda mais e reduzir esta discussão ao nível individual para esclarecer melhor o argumento e, com isso, ressaltar sua tolice.  Nós temos um superávit em conta-corrente em relação ao nosso empregador e um déficit em conta-corrente em relação ao nosso supermercado.  Nosso empregador compra mais de nós do que nós compramos dele, e o oposto é válido para nossa relação com o supermercado.  No entanto, não estamos reclamando do supermercado, exigindo que seu gerente compre mais de nossos bens e serviços.
Adicionalmente, o superávit comercial da Alemanha com outros países europeus ou com membros da zona do euro foi reduzido à metade entre 2007 e 2012.  Ao mesmo tempo, o superávit da Alemanha com o resto do mundo mais do que triplicou.  Essa é exatamente a consequência esperada de uma abertura comercial, de um aumento na divisão do trabalho e da especialização possibilitada pelo enfoque em áreas em que se possui vantagens comparativas.  Criticar essa tendência é criticar as próprias razões declaradas para a criação da União Europeia.
Por motivos difíceis de serem compreendidos, a Comissão Europeia determinou que terá de intervir caso um país-membro apresente um superávit da conta-corrente do balanço de pagamentos superior a 6% do PIB durante um período de três anos.  No ano passado, o superávit da Alemanha foi de 7%, e provavelmente será bastante similar este ano. 
Um dos princípios básicos por trás da criação da União Europeia é justamente a livre comercialização de bens e serviços, e a livre movimentação de mão-de-obra e capital.  Sendo assim, se a livre comercialização de bens, serviços, mão-de-obra e capital levar a um superávit de 10%, 20% ou mais, qual o problema?  Por que esta regra sequer existe?  Por que a Comissão Europeia quer impor uma restrição que limita a movimentação de bens, serviços e capitais?  A União Europeia não foi criada para estimular a eliminação de limitações injustificadas?  A UE não deveria se surpreender caso alguns países queiram deixar o arranjo, uma vez que ela própria está impondo regras ilógicas.
Por trás de toda esta crítica à Alemanha está, como sempre, o fantasma do mercantilismo.  Dentro da mentalidade mercantilista, uma transação comercial voluntária sempre gera um ganhador e um perdedor, sendo que a realidade é que, se a transação foi voluntária, então ambos os lados se beneficiam.  Segundo os mercantilistas, a Alemanha supostamente está produzindo mais do que está consumindo.  Obviamente, isso é uma falácia — bastante comum — que alguns adoram explorar visando a benefícios políticos.  Cada euro gasto em um carro alemão ou em qualquer outro produto alemão será recebido como renda por alguém que, por sua vez, irá gastar esta renda.  Há um elo direto entre produção e gastos.  A Lei de Say nos diz que a (correta) oferta cria sua própria demanda.  O consumo nunca necessita ser estimulado: tudo o que é produzido é consumido, seja para na produção de outros bens (investimento), seja na satisfação pessoal (consumo).
Como era de se esperar, a "solução" proposta por estes mercantilistas a este problema imaginário é obrigar a Alemanha a aumentar seus gastos governamentais.  Isso, segundo eles, estimularia o crescimento dos outros países da União Europeia.  Pouco importa que a Alemanha já tenha uma relação dívida/PIB de 82%, bem acima dos 60% que alguns anos atrás era vista como excessiva.  Trata-se de uma solução-padrão keynesiana que constantemente vai contra a lógica econômica.  Cada euro que o governo gasta é um euro que foi retirado dos cidadãos e que poderia ter sido gasto por ele.  Tudo o que governo pode fazer com seus gastos é alterar quem irá receber esse dinheiro.  Tudo o que ele pode fazer é alterar quem irá receber um pedaço do bolo.  Mas ele não pode aumentar o tamanho do bolo.
Quando a Alemanha tinha sua própria moeda, a crítica era idêntica.  E, mesmo naquele arranjo, a crítica continuava sendo infundada.  Naquela época, um superávit na conta-corrente do balanço de pagamentos alemão significava um equivalente déficit na conta de capitais.  Essa saída de capitais ia financiar os gastos governamentais da Itália ou da França, ou então investimentos em fábricas e equipamentos na Espanha, em Portugal, na China ou em qualquer outro lugar do mundo.  Novamente, palavras como superávit ou déficit são remanescentes de nosso passado mercantilista e não têm absolutamente nada a ver com coisas positivas ou negativas.
Se a Alemanha possui custos trabalhistas mais competitivos e é capaz de fabricar produtos melhores, qual o problema?  Por que isso deveria ser tolhido em nome do "bem comum"?  Desde quando uma produção eficiente é ruim para os consumidores?  A União Europeia não foi criada para tornar a Europa mais competitiva ao permitir que os recursos pudessem circular livremente e ir para onde eles fossem mais eficientemente utilizados?  As críticas à Alemanha feitas pela Comissão Europeia e pelo FMI são ainda mais descabidas quando se leva em consideração as razões dadas para a existência destas instituições.
O ministro das finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, membro do partido de centro-direita União Democrática Cristã, o mesmo de Angela Merkel, estava totalmente correto quando disse que "O superávit comercial da Alemanha não é nenhum motivo de preocupação nem para a Alemanha, nem para a zona do euro e nem para a economia mundial".  Na realidade, a Alemanha deveria ser louvada, e não repreendida.  Sua eficiência produtiva é um dos poucos fatores que ainda seguem estimulando a economia mundial.

Frank Hollenbeck é Ph.D. em economia e leciona na Universidade Internacional de Genebra.


FUNCIONA MESMO : Mistura especial para eliminar a barriga, RESULTADO em 8 dias

FUNCIONA MESMO : Mistura especial para eliminar a barriga, RESULTADO em 8 dias

mistura especial para eliminar a barriga pode ser a solução para homens e mulheres que querem resolver esse problema sem ter que recorrer aexercícios físicos. Trata-se de uma água preparada com determinados ingredientes, que por sua vez, reúnem o necessário para acabar com os “pneuzinhos”. A promessa é de resultados visíveis depois de 8 dias. 
 Passo a passo da preparação

Ingredientes

      • 8,5 Copos de Água
      • 1 Pepino grande
      • 2 Limões
      • 150 Gramas de folhas de hortelã
      • 150 Gramas de gengibre

       Modo de Preparo
      Providencie um jarro de vidro onde vai colocar os ingredientes. Descasque o pepino, o limão e o gomo de gengibre. Corte em fatias bem finas. Esmague as folhas de hortelã. Passe tudo para o jarro, e adicione a água. Tampe, e reserve. Poderá levar a geladeira, ou deixar em temperatura ambiente, se preferir. A preparação deve ser feita a noite, e só consumida no dia seguinte, para dar tempo de que ocorra a fusão necessária entre os ingredientes.
      Vai beber esta água preparada todas as vezes que sentir sede, ou fome. Também deverá consumi-la em horários específicos: meio copo em jejum, e 1 copo meia hora antes das refeições principais.

       O segredo
      Essa água preparada vem fazendo muito sucesso, sendo recomendada por dietistas. O segredo de sua eficácia está mesmo nos ingredientes. O pepino, por exemplo, é excelente para a hidratação, mantém a temperatura interna do corpo sob controle, é fonte de fibras dietéticas, alivia indigestão, e é fonte de potássio e magnésio.
      O limão é rico em ácido cítrico, cálcio e Vitamina C, pectina, flavonoides e limoleno. Entre tantas outras qualidades como fruta medicinal, previne a prisão de ventre e o inchaço, além de que promover a limpeza interna do corpo.


      gengibre possui propriedades anti virais e anti fúngicas, acelera o metabolismo, e melhora o sistema digestivo.
      As folhas de hortelã eliminam toxinas, limpam o sangue, aceleram a digestão de gorduras, tratam infecções gástricas e estimulam a secreção biliar.
      O detalhe é que não adianta nada beber esta água e continuar comendo excesso de gorduras e de frituras. Modere nestes itens se quer mesmo dar adeus a barriguinha. Beba pelo tempo que considerar necessário.