quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Há 90 anos: o fim da hiperinflação na Alemanha

Há 90 anos: o fim da hiperinflação na Alemanha
6588.jpgNo dia 15 de novembro de 1923, medidas decisivas foram adotadas para acabar com o pesadelo da hiperinflação na República de Weimar: o Reichsbank, o banco central alemão, simplesmente parou de monetizar a dívida do governo, e um novo meio de troca, orentenmark, começou a ser emitido paralelamente ao papiermark (que, como diz o nome, era uma moeda de papel sem absolutamente nenhum lastro em ouro). 
Estas medidas foram bem-sucedidas em acabar com a hiperinflação, mas o poder de compra dopapiermark já estava totalmente arruinado.  Para entender como e por que tudo isso aconteceu, é necessário analisar tudo o que ocorreu imediatamente antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Foi em 1871 que o marco se tornou a moeda oficial do Império Alemão (Deutsches Reich).  Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a conversibilidade do reichsmark em ouro foi suspensa no dia 4 de agosto de 1914.  Sendo assim, o reichsmark, que até então era lastreado em ouro (e que, por isso, também era chamado degoldmark), se transformou no papiermark, uma moeda de papel puramente fiduciária, sem nenhum lastro.  Inicialmente, o Reich financiou suas despesas de guerra majoritariamente por meio do endividamento.  A dívida pública total subiu de 5,2 bilhões de papiermark em 1914 para 105,3 bilhões em 1918.[1] 
Em 1914, a quantidade de papiermark em circulação era de 5,9 bilhões; já em 1918, era de 32,9 bilhões.  De agosto de 1914 a novembro de 1918, os preços no atacado subiram 115%, o que significa que o poder de compra do papiermark caiu mais de 50%.  Neste mesmo período, a taxa de câmbio do papiermark se depreciou 84% em relação ao dólar americano.
A nova República de Weimar enfrentou desafios econômicos e políticos magnânimos.  Em 1920, a produção industrial havia despencado para apenas 61% do nível alcançado em 1913, e em 1923 caiu ainda mais, para 54%.  Os terrenos perdidos após a promulgação do Tratado de Versalhes haviam enfraquecido consideravelmente a capacidade produtiva do Reich: o Império perdera aproximadamente 13% de suas terras e, em decorrência disso, aproximadamente 10% da população alemã viva agora fora das fronteiras.  Adicionalmente, a Alemanha tinha de fazer vários pagamentos indenizatórios para os países vencedores da Primeira Guerra.  Ainda mais importante, no entanto, foi o fato de que os novos e inexperientes governos democráticos da Alemanha queriam atender ao máximo possível os desejos de seus eleitores.  Dado que as receitas tributárias eram insuficientes para financiar estas despesas, o Reichsbank teve de recorrer à impressora de dinheiro.
De abril de 1920 a março de 1921, a proporção de receitas tributárias em relação aos gastos totais do governo era de apenas 37%.  Após isso, a situação melhorou um pouco, de modo que, em junho de 1922, os impostos chegaram a cobrir 75% dos gastos totais.  Mas então a situação voltou a deteriorar.  E de maneira pavorosa.  Já no final de 1922, a Alemanha foi acusada de atrasar seus pagamentos indenizatórios.  Para reforçar suas reivindicações, tropas belgas e francesas invadiram e ocuparam o Vale do Ruhr, o coração industrial do Reich, em janeiro de 1923.  O governo alemão, então sob o comando do chanceler Wilhelm Kuno, conclamou os trabalhadores do Vale do Ruhr a resistir a toda e qualquer ordem dos invasores, prometendo que o Reich continuaria pagando seus salários.  Para manter todo esse arranjo, o Reichsbank começou a imprimir ainda mais dinheiro para financiar os gastos do governo (em termos técnicos, o Reichsbank estava "monetizando as dívidas do governo").  O intuito era utilizar o dinheiro recém-criado para compensar a queda da arrecadação tributária e pagar os salários, as transferências sociais e os subsídios. 
De maio de 1923 em diante, a quantidade de papiermark começou a ficar fora de controle.  Subiu de 8,610 bilhões em maio para 17,340 bilhões em abril, para 669,703 bilhões em agosto até alcançar 400 quintilhões (ou seja, 400 seguido de 18 zeros) em novembro de 1923.  Os preços no atacado dispararam para níveis astronômicos, aumentando 18.000.000.000.000% (dezoito trilhões por cento) desde o final de 1919 até novembro de 1923.  Para se ter uma noção deste valor, com a quantidade nominal de dinheiro necessária para se comprar um ovo em novembro de 1923 era possível comprar 500 bilhões de ovos em 1918, ao final da Primeira Guerra.  Apenas em novembro de 1923, o preço do dólar em termos de papiermark subido 8,9 trilhão por cento.  Em suma, o papiermark havia afundado e não comprava nem poeira.
Com o colapso da moeda, o desemprego disparou.  Desde o final da Primeira Guerra, o desemprego havia se mantido em níveis consideravelmente baixos, uma vez que os governos de Weimar mantiveram a economia artificialmente aditivada por meio de vigorosos déficits e impressão de dinheiro.  Ao final de 1919, a taxa de desemprego estava em 2,9%; em 1920, em 4,1%; em 1921, em 1,6%; e em 1922, em 2,8%.  Com o colapso do papiermark, no entanto, a taxa de desemprego chegou a 19,1% em outubro, a 23,4% em novembro e a 28,2% em dezembro de 1923.  A hiperinflação empobreceu a esmagadora maioria da população alemã, especialmente a classe média.  As pessoas passaram a sofrer com a escassez de alimentos e com a falta de proteção contra o frio.  O extremismo político passou a ficar em evidência e se tornou plenamente aceitável.
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Alemães indo comprar pão em 1923
Para acabar com a bagunça monetária, o problema central a ser resolvido era o próprio Reichsbank.  O mandato de seu presidente, Rudolf E. A. Havenstein, era vitalício, e o cidadão era literalmente irrefreável: sob o comando de Havenstein, o Reichsbank emitia quantias cada vez maiores de papiermark para manter o Reich financeiramente solvente.  E então, no dia 15 de novembro de 1923, o Reichsbank foi obrigado (1) a interromper a impressão de dinheiro e a monetização da dívida do governo, e (2) a começar a emitir uma nova moeda, o rentenmark  Foi decidido que, dali em diante, um trilhão de papiermark seria igual a um rentenmark. 
No dia 20 de novembro de 1923, Havenstein morreu repentinamente em decorrência de um ataque cardíaco.  Naquele mesmo dia, Hjalmar Schacht, que viria a se tornar presidente do Reichsbank em dezembro, tomou medidas e estabilizou o papiermark em relação ao dólar: o Reichsbank, por meio de intervenções no mercado de câmbio, fez com que 4,2 trilhões de papiermark se tornassem igual a um dólar.  E dado que um trilhão de papiermark era igual a um rentenmark, a taxa de câmbio passou a ser de 4,2 rentenmark por dólar.  Esta era exatamente a taxa de câmbio vigente entre o reichsmark e o dólar antes da Primeira Guerra Mundial.  O "milagre do rentenmark" marcou o fim da hiperinflação.[2]
Como foi possível que um desastre monetário desta magnitude ocorresse em uma sociedade tão civilizada e avançada, levando à total destruição da moeda?  Várias explicações já foram apresentadas.  Por exemplo, já foi argumentado que os pagamentos de indenização, os crônicos déficits no balanço de pagamentos, e até mesmo a depreciação do papiermark no mercado de câmbio foram as reais causas do colapso da moeda alemã.  Entretanto, essas explicações não são nada convincentes.  Como explicou o grande economista alemão Hans F. Sennholz:
Todos os marcos foram impressos por alemães e emitidos por um banco central gerenciado por alemães em um governo puramente alemão.  Eram partidos políticos alemães — tais como os Socialistas, o Partido Católico de Centro, e os Democratas, formando várias coalizões governamentais — os responsáveis exclusivos pelas políticas que conduziam. Mas é claro que admitir a responsabilidade por qualquer calamidade não é algo que se deve esperar de qualquer partido político.
De fato, a hiperinflação alemã foi produto dos próprios alemães; foi resultado da deliberada decisão política de se aumentar a quantidade de dinheiro na economia sem nenhuma limitação.
Quais são as lições a serem aprendidas com a hiperinflação alemã?  A primeira lição é que até mesmo um banco central politicamente independente não é garantia de proteção confiável contra a destruição da moeda de papel.  O Reichsbank havia se tornado politicamente independente ainda no início de 1922 — a mando das forças aliadas e em troca de um adiamento temporário nos pagamentos de indenização.  Ainda assim, a cúpula do Reichsbank optou por hiperinflacionar a moeda.  Vendo que o Reich estava cada vez mais dependente da impressão de dinheiro do Reichsbank para se manter solvente, a cúpula do Reichsbank optou por fornecer quantias ilimitadas de dinheiro ao governo.  É claro que o apetite dos políticos de Weimar por este dinheiro fácil acabou se mostrando ilimitado.
A segunda lição é que um papel-moeda fiduciário não dura para sempre.  Hjalmar Schacht, em sua biografia lançada em 1953, observou que: "A introdução do rentenmark só foi possível porque o governo e o banco central prometeram que a cédula de papel seria conversível em ouro sempre que o portador assim exigisse.  Garantir a possibilidade de ser conversível em ouro deve ser o compromisso de todos os emissores de dinheiro de papel".[3]
As palavras de Schacht contêm uma constatação econômica primordial: papel-moeda que não é lastreado por uma commodity é apenas um dinheiro político e, como tal, é um elemento que gera perturbações em um sistema de livre mercado.  Os representantes da Escola Austríaca de Economia apontaram este fato ainda no século XIX.
Dinheiro de papel, produzido "do nada" e injetado na economia por meio do crédito bancário, não apenas é cronicamente inflacionário, como também gera ciclos econômicos, investimentos errados e insustentáveis, e endividamento excessivo da população.  Tão logo governo e população começam a sofrer as consequências de seu alto endividamento, o crédito bancário se reduz e a economia entra em recessão.  Ato contínuo, a criação de mais dinheiro passa a ser vista como uma solução política fácil e tentadora demais para ser evitada.  Este é o caminho politicamente mais palatável para se tentar fugir dos problemas que foram criados justamente pela criação de dinheiro via expansão do crédito. 
Olhando para o mundo atual — no qual várias economias vêm há décadas usado papel-moeda produzido via expansão do crédito (endividamento) e no qual o endividamento está atingindo níveis incontornáveis —, os desafios correntes são, de certa forma, muito similares àqueles observados na República de Weimar há 90 anos.  Tanto agora quanto naquela época, uma reforma do sistema monetário se faz urgente; e quanto mais cedo o desafio da reforma monetária for encarado, menores serão os custos deste reajuste.



[1] Ver em H. James, "Die Reichbank 1876 bis 1945," in: Fünfzig Jahre Deutsche Mark, Notenbank und Währung in Deutschland seit 1948, Deutsche Bundesbank, ed. (München: Verlag C. H. Beck, 1998), pp. 29 – 89, esp. pp. 46 – 54; C. Bresciani-Turroni, The Economics of Inflation, A Study of Currency Depreciation in Post-War Germany (Northampton: John Dickens & Co., 1968 [1931]); também F.D. Graham, Exchange, Prices, And Production in Hyper-Inflation: Germany, 1920 — 1923 (New York: Russell & Russell, 1967 [1930]).
[2] Para mais detalhes ver Bresciani-Turroni, Economics of Inflation, chap. IX, pp. 334–358.
[3] H. Schacht, 76 Jahre meines Lebens (Kindler und Schiermeyer Verlag, Bad Wörishofen, 1953), pp. 207-208.

Thorsten Polleit  é economista-chefe da empresa Degussa, especializada em metais precisos, e co-fundador da firma de investimentos Polleit & Riechert Investment Management LLP.  Ele é professor honorário da Frankfurt School of Finance & Management.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Contra o Homo Proletarius - a ascensão dos pobres pelo empreendedorismo

Contra o Homo Proletarius - a ascensão dos pobres pelo empreendedorismo
 

Andreia-Miranda-300x156.png"Classe média é o atraso de vida! A classe média é a estupidez! É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista," grita Marilena Chauí. A audiência aplaude. Discursando no Centro Cultural São Paulo no dia 13 de maio para o lançamento do livro Lula e Dilma, Marilena Chauí admite que sua oposição à classe média é motivada menos por massa cinzenta e mais pelas glândulas salivares: "Por que eu defendo esse ponto de vista? Não é só por razões teóricas e políticas. É porque eu odeio a classe média!" Segue o vídeo:

Para uma marxista como Marilena Chauí, a divisão da sociedade em classes com interesses irreconciliáveis não pode se reduzir a uma sopa de letrinhas A-B-C-D. Chauí não está defendendo a estagnação econômica do trabalhador brasileiro. O que ela critica em coerência com o marxismo clássico é considerar qualquer melhoria no padrão de vida da classe trabalhadora como a transição para uma nova classe social.
Para um marxista, tratar o aumento quantitativo da renda como se fosse um salto qualitativo de classe seria como se, para um racista, um negro se tornasse branco apenas porque se mudou para o Leblon.
Em vez de se olhar para a renda, as classes deveriam ser categorizadas por outros critérios, como sua posição em relação aos meios sociais de produção. Para realmente subir de classe, um trabalhador precisaria se apropriar dos meios de produção que exploram sua mão de obra e passar a extrair mais valia de outros trabalhadores. Mas se essa mobilidade vertical for generalizada, se todos os dias um grande número de trabalhadores virarem empresários, a teoria de luta de classes socialista perde seu sentido.
É difícil para um marxista aceitar que, em vez de ler Das Kapital e assistir às palestras da Marilena Chauí, os pobres brasileiros estão abrindo seus próprios negócios. E essa insubordinação ao status proletário está acontecendo nas regiões mais pobres das cidades brasileiras. Apenas nas favelas consideradas pacificadas, o Sebrae-RJ formalizou cerca de 1.700 empresas só em 2011. Não é pouca coisa em termos absolutos, mas trata-se de uma pequena fatia do capitalismo que está subindo os morros. O Sebrae-RJ estimava em 2012 que 92% dos negócios nas favelas continuavam atuando na informalidade.
O Complexo do Alemão no Rio quer ir mais longe e construir seu próprio templo capitalista: um shopping center em plena favela. Segundo o site da BBC,
Orçado em cerca de R$ 22 milhões, o novo centro comercial deve abrigar 500 lojas e tem previsão de inauguração para novembro. As obras ainda não começaram e o local exato onde será instalado o shopping ainda é incerto, mas uma característica já faz com que ele seja diferente dos mais de 800 empreendimentos do tipo espalhados pelo Brasil: 60% das lojas serão comandadas por moradores da favela.
Ao se tornarem seus próprios patrões em busca do lucro, esses moradores estão formando uma nova classe média. Da próxima vez que vier a BH, coloco-me à disposição para levar Chauí ao Oiapoque. Talvez vendo de perto, ela deixe pra lá essa mania de chamar o sujeito que cria empregos e aumenta o poder aquisitivo dos pobres de "reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista." Olha só a cara desses terroristas:
Será que o ódio de Marilena Chauí pela classe média é maior que seu amor pelos pobres? Se sim, as notícias de empreendedorismo na favela devem soar como um arrastão de mais valia. Quando uma pessoa deixa de ser uma empregada vivendo de salário e passa a ser uma empregadora vivendo de lucro, ela está traindo o processo do historicismo materialista.
Quando Andreia Miranda monta uma venda de souvenires no Morro Dona Marta, quando Cristina da Silva Oliveira abre um albergue no Morro Chapéu-Mangueira, quando Carolina Pacheco dos Santos inaugura um café no Morro da Providência, cada uma delas está se distanciando do proletariado e se aproximando da burguesia. Essas mulheres estão se tornando potenciais inimigas da humanidade.
A popularização das ideias marxistas prega a condenação dos pobres ao trabalhismo. Dentro do materialismo histórico de Karl Marx e Friedrich Engels, o trabalho humano se estabelecia como o patamar supremo alcançado pela evolução natural darwinista. Enquanto os demais animais já nascem com os instrumentos de sobrevivência em sua constituição física, a espécie humana precisa trabalhar para fabricar seus próprios instrumentos. O marxismo, em sua versão popular, substitui o homo economicus fechado na maximização de seu próprio bem-estar pelo homo proletarius fechado na sua condição de trabalhador.
A ideia de homo proletarius pode amarrar os pobres à imobilidade social do trabalhismo. Ela atribui a riqueza dos ricos à exploração, selando com vácuo ideológico o ar de empreendedorismo que os pobres precisam para deixar de ser pobres. Apenas rico pode empreender. Os pobres podem apenas trabalhar.
A retórica anti-empreededorismo faz mais mal ao pobre do que ao rico. Porque mesmo o rico marxista não vai jogar fora a oportunidade de se preparar para o mercado, de continuar os negócios da família ou de investir em ações. Essa instrução de como navegar pelo capitalismo já vem de casa.
Mas o pobre costuma ser pobre em parte porque sua família não soube como sair da pobreza. O caminho ao enriquecimento não é o trajeto que o pobre faz de mãos dadas com seus pais. É uma trilha nova que precisa ser desbravada. Quando jogamos os pobres contra o empreendedorismo, contra a classe média, estamos privando-lhes de oportunidades do crescimento econômico e social. Como diz Thomas Sowell em The Quest for Cosmic Justice, o anticapitalismo priva os pobres de adquirirem capital humano:
Para os atualmente menos afortunados membros da sociedade, os custos da inveja podem ser especialmente altos quando ela faz desviar seu intelecto e sua energia. Nas áreas em que as pessoas mais pobres carecem de capital humano — habilidades, educação, disciplina, visão —, uma das fontes para adquirir essas coisas são as pessoas que prosperaram por essas formas de capital humano. Isso pode acontecer diretamente através da aprendizagem, conselhos, ou tutela formal, ou pode acontecer indiretamente através da observação, imitação e reflexão.
No entanto, todas estas formas de fazer avançar a sair da pobreza podem acabar queimadas por uma ideologia de inveja que atribui a maior prosperidade dos demais à "exploração" de pessoas como eles mesmo, à opressão, ao preconceito, ou a motivos indignos, como "ganância", racismo etc. A aquisição de capital humano, em geral, parece fútil sob esta concepção e a aquisição de capital humano dos exploradores, dos avarentos, e dos racistas especialmente desagradável.
"O trabalho não é um recurso especificamente humano", dizia Ludwig von Mises, "é o que o homem tem em comum com todos os outros animais."
Mises se opunha ao homo proletarius de Marx. Ele não via o homem como uma mera máquina material que trabalha, mas como um agente espiritual que cria. Quando o primeiro homem uniu duas rodas em um eixo, ele não estava apenas cumprindo uma tarefa trabalhosa. Ele estava realizando uma ação empreendedora.
O trabalho por si só não gera riqueza. Apenas o trabalho produtivo gera riqueza. O esforço de se levar um sorvete até a boca pode ser o mesmo de se levar um sorvete até a testa. É a razão humana que empregará nosso trabalho em direção à satisfação humana. O socialista que não entende essa distinção corre o risco de empobrecer seus ouvintes e ainda desperdiçar um sorvete.
A teoria econômica moderna ensina que o capital é mais que um substituto ao trabalho. Apenas o capital enriquece o trabalho humano. Como escreveu Mises, "não há outra maneira de fazer os salários subirem que não seja por meio do investimento em mais capital por trabalhador.  Mais investimento em capital significa dar ao trabalhador ferramentas mais eficientes."
O trabalhador brasileiro ganha pouco porque falta capital para deixar seu trabalho mais produtivo. Ou o morro se move até o capital, ou o capital se move até o morro. Uma forma de resolver o problema é aumentar o número de capitalistas, principalmente permitindo que mais pobres se tornem capitalistas. Se ao desejar que o capitalismo coma na mão dela, a dona de um albergue no Cantagalo aumenta o estoque de capital no morro, ela está de fato aumentando a comida na mão de seus vizinhos.
O trabalhismo do homo proletarius trata o trabalho mais como um fim em si mesmo e menos como um meio para o consumo. Preocupados em dividir a sociedade em classes antagônicas, seus defensores acreditam em tirar dos que têm capacidade para dar para os que têm necessidade. Por isso, a capacitação dos necessitados deve ser a prioridade, mesmo que esse progresso cause a ascensão de uma nova burguesia de ex-pobres. Não queremos um partido apenas para os trabalhadores, queremos um partido para todos os pobres, não importa o tamanho de seus sonhos ou a classe de suas ambições.
O velho socialismo quer os pobres de mãos abertas, prontas para a esmola política, ou de mãos fechadas, prontas para a revolução violenta. O novo capitalismo quer os pobres de mãos cheias, para poder consumir, produzir e empreender.
Diogo Costa é presidente do Instituto Ordem Livre e professor do curso de Relações Internacionais do Ibmec-MG. Trabalhou com pesquisa em políticas públicas para o Cato Institute e para a Atlas Economic Research Foundation em Washington DC. Seus artigos já apareceram em publicações diversas, como O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Diogo é Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis e Mestre em Ciência Política pela Columbia University de Nova York.  Seu blog: http://www.capitalismoparaospobres.com

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Internautas pedem condenação de Lula no Mensalão: 'Queremos o líder'

Internautas pedem condenação de Lula no Mensalão: 'Queremos o líder'


Imagem que circula no Instagram insinua Lula como líder do Mensalão Foto: Instagram / Reprodução
























Terra

Com 11 dos 12 condenados à prisão no julgamento do Mensalão já entregues à Polícia Federal, internautas utilizam o Twitter na manhã deste sábado para comemorar o que chamam de “luta contra a impunidade” e para pedir também a detenção do ex-presidente Lula, a quem eles atribuem a liderança do grupo.

AQUI algumas postagens. Não faltaram ironias, alusões a fatos históricos e indignação.
*
Abaixo, por minha conta, algumas postagens no facebook:

Foto: @STF_oficial E o nosso dinheiro, os Mensaleiros não vão nos devolver ?? "QUEREMOS NOSSO DINHEIRO DE VOLTA "E o nosso dinheiro, os Mensaleiros não vão nos devolver ?? "QUEREMOS NOSSO DINHEIRO DE VOLTA "

Foto

Foto: O que significa o punho cerrado dos petistas? Aí está!



Quando Paulo Henrique Amorim tentou mandar Lula para a cadeia


IMPOSTURAS

Insisto em relembrar o escândalo da CPEM, que atingiu a cúpula do PT, incluindo Luiz Inácio, e envolveu a então prefeita de Santos, para mostra que os "malfeitos" do PT não começaram com a sua chegada ao poder em 2003, como tentam nos convencer.

O jornalista Reinaldo Azevedo também publica em seu blog reportagens antigas que mostraram outros casos envolvendo o EX muito antes dele se tornar presidente, o que comprova que sua índole não corresponde à imagem criada pelos marqueteiros, a de defensor da ética.

Quando Paulo Henrique Amorim tentou mandar Lula para a cadeia

Quando leio a indignação de Paulo Henrique Amorim com a prisão dos “fundadores” do PT (AQUI), sou obrigado a acionar a memória. Quando o vejo afirmar, em tom de ironia, que “ainda não foi possível mandar prender Lula”, tenho de observar que quem tentou mandar Lula para a cadeia foi… Paulo Henrique Amorim, como já demonstrei aqui.
Quem vê ou lê o hoje ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista Amorim não diria que, na campanha eleitoral de 1998, ele foi um implacável algoz de Lula.  Era o chefão do Jornal da Band e liderou uma verdadeira campanha contra o então candidato petista à Presidência, que disputava o cargo pela terceira vez. Lula teve de recorrer à Justiça e ganhou direito de resposta. Vejam uma das reportagens contra Lula. Volto em seguida.

Na reportagem acima, Amorim já informa que Lula ganhara na Justiça o direito de resposta. O vídeo é significativo porque o agora ultrapetista, ultragovernista, ultraesquerdista e ultralulista faz uma reconstituição de sua denúncia. O esforço da investigação de Amorim buscava demonstrar que o apartamento de cobertura em que morava (e mora) Lula era fruto de uma maracutaia envolvendo Roberto Teixeira, seu compadre, e o dono da construtora que levantou o edifício, que teria obtido um benefício ilegal na Prefeitura de São Bernardo quando o petista Djalma Bom era o prefeito. Existe o vídeo em que este incansável perseguidor da verdade apresenta a reportagem específica, contra Teixeira. Vocês terão a chance de vê-lo também.
Os filmes demonstram que Amorim pode mudar de opinião sobre o objeto de seus afetos e ódios, mas não muda o estilo. Em 1998, Lula era um pato manco. FHC o venceu pela segunda vez no primeiro turno. O PT tinha feito a besteira de combater o Real — do qual Amorim era, obviamente, um grande admirador. Mas também é o caso de louvar a coerência do Colosso de Rhodes do jornalismo: ele nunca muda de lado! É sempre governista e não abre mão de ser implacável com quem está fora do poder.
Entendam melhor a denúncia que ele fazia contra o Roberto Teixeira. Retomo depois.
Atenção! Não há um só — e a Internet está aí, aberta à pesquisa — desses governistas fanáticos que não tenha sido governista fanático em qualquer tempo. E isso inclui o passado mais remoto, o regime militar. Nesse particularíssimo sentido, são todos mais espertos do que este escriba. Como comecei cedo na militância política, fui crítico de todos os governos, de Geisel pra cá. Ontem, o alvo era Lula — um representante da oposição. Hoje, os alvos são outros: os que ele considera adversários do PT.
Direito de resposta
Lula ganhou direito de resposta e responde a Amorim. Vejam. Volto depois.
Voltei: a ética de Lula
Lula reclama do que considera ataque injusto contra ele, construído com inverdades. E como faz isso? Pontuo alguns momentos.
1min - Notem que ele sugere saber alguma coisa sobre a vida pessoal de Fernando Henrique Cardoso, mas, generoso que é, decidiu não usar na campanha. Nota: se a denúncia de Paulo Henrique Amorim tivesse fundamento, não se tratava de problema pessoal coisa nenhuma!
2min29s - Lula saca o argumento que ficou internacionalmente conhecido por “Minha mãe nasceu analfabeta”. Usa, para não variar, a sua origem humildade como atestado prévio de honestidade. O que é, evidentemente, uma mistificação.
3min08s – Vejam ali o chefão do PT, o partido dos dossiês, a reclamar que os jornalistas não pensam na sua família, nos seus filhos, que vão à escola. Quando foi que os petistas levaram isso em consideração? Sempre moeram a reputação dos adversários sem piedade.
4min - Para se defender, Lula sai atacando o governo FHC e saca a denúncia estupidamente mentirosa sobre o Proer. O homem que reclamava das injustiças de que era vítima atacava o muito bem-sucedido programa de reestruturação de bancos, que preparou o país para enfrentar crises. Anos depois, na Presidência, dado o estouro da bolha nos EUA, o Apedeuta sugeriu a Obama que adotasse o… Proer!
4min30s - Ataca a imprensa, que acusa de privilegiar o candidato do governo. Expoente hoje do jornalismo chapa-branca e “de alma marrom”, segundo Agamenon, Paulo Henrique acusa a imprensa de privilegiar os candidatos da oposição…
5min25s – Lula anuncia que vai processar seus acusadores. Não sei no que deu o processo. Se descobrir, eu conto.
 A ética de Amorim
Vocês sabem que  Amorim resistiu a cumprir o acordo judicial em que se obrigava a publicar, sem comentários adicionais, uma retratação em que reconhecia a idoneidade do jornalista Heraldo Pereira. Muito bem! Vejam, a partir de 6min19s, o que o valente faz com o direito de resposta de Lula. Encerrado o pronunciamento do outro, sem nem um intervalo, ele reitera as denúncias e ainda acrescenta supostos elementos novos.
Vale dizer: ele decidiu cumprir, muito à sua maneira, a decisão judicial. É evidente que jornalistas e veículos não são obrigados a gostar do direito de resposta nem precisam se calar depois dele. Mas há um modo ético de conduzir a questão. E, evidentemente, não é esse.
Cumpre um esclarecimento: Amorim era fanaticamente antilulista em 1998, mas não trabalhava para o governo FHC. Certamente a Band, a exemplo de todas as emissoras, tinha anúncio de estatais, mas o Colosso de Rhodes não contava com patrocínio pessoal de empresas públicas. A prática, como se conhece hoje, é criação do lulo-petismo — foi uma das inovações do modelo petista de comunicação.
Lula pedia mais responsabilidade da imprensa. Hoje, com dinheiro público, seus áulicos fazem o que se vê. E Amorim se tornou seu amigo desde pequeno.

Mais Médicos: No agreste pernambucano, pacientes agradecem médicos cubanos de joelhos

Mais Médicos: No agreste pernambucano, pacientes agradecem médicos cubanos de joelhos


ANTONIO MELLO

Imagem meramente ilustrativa



É importante que os médicos brasileiros leiam isto, porque é visível o contraste entre uma manchete como a que eu postei acima com aquela outra que inundou jornais e principalmente os blogs falando da prisão de um médico que apenas assinava o ponto e não atendia a população. Ficou pior para ele ainda pois, nas redes sociais, criticava duramente o programa Mais Médicos. (Leia sobre esse médico aqui).

Mas, esta postagem é sobre um outro tipo de médicos (também há brasileiros assim) e como é importante o programa Mais Médicos, que só não é melhor porque não foi feito antes.

Reportagem da Folha mostra a importância da chegada dos médicos cubanos no agreste pernambucano. Vou publicar trechos e dar o link para a matéria completa, embora a Folha não dê links para a blogosfera quando a cita.

A demanda de médicos no interior do país é gigantesca e a cubana Teresa Rosales, 47, se surpreendeu com a recepção de seus pacientes em Brejo da Madre de Deus, no agreste pernambucano. 

"Eles [pacientes] ficam de joelhos no chão, agradecendo a Deus. Dão beijos", afirma a médica, que atendeu 231 pessoas neste primeiro mês de trabalho dos profissionais que vieram para o Brasil pelo programa Mais Médicos, do governo federal. 

(...) 
A agricultora Maria Inácia Silva, 69, havia visto um médico pela última vez em 2005. 

Ela se disse impressionada pela forma como foi atendida pelo cubano Nelson Lopez, 44, novo médico do povoado de Capivara, em Frei Miguelinho (PE). 

A diferença no atendimento está desde a organização dos móveis: a cadeira do paciente fica ao lado da mesa do médico, para que o móvel não seja uma barreira entre eles. 

"Gostamos de examinar o paciente, dedicar um tempo a ele, considerá-lo gente", disse Lopez.[Íntegra aqui]

Enquanto médicos do Mais Médicos são recebidos de joelhos, o médico que fraudava o atendimento à população foi em cana, como mostra a reportagem a seguir.






Polícia Federal do governo Dilma algema Dirceu e Genoíno no voo para Brasília. E o ministro Cardozo? Pergunte à Veja

Polícia Federal do governo Dilma algema Dirceu e Genoíno no voo para Brasília. E o ministro Cardozo? Pergunte à Veja

ANTONIO MELO



Notícia foi veiculada no programa Fantástico da Rede Globo e reproduzida no jornal O Globo do oligopólico grupo.

No trecho final da viagem, entre Belo Horizonte e Brasília, os nove presos sentaram-se nas poltronas das janelas. Ao lado de cada um deles estava um agente da Polícia Federal. Antes da decolagem, todos foram algemados. [Fonte]

A Polícia Federal, não custa lembrar, é subordinada ao ministério da Justiça. Não se tem notícia do titular da pasta desde a ordem de prisão decretada pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, em pleno feriado da proclamação da República.

Mas há um local onde se acha o ministro Cardozo: a revista Veja. Numa entrevista de  2008, o ministro disse que o mensalão existiu:

“Vou ser claro: teve pagamento ilegal de recursos para políticos aliados? Teve. Ponto final.
“É ilegal? É.
“É indiscutível? É.
“Nós não podemos esconder esse fato da sociedade e temos de punir quem praticou esses atos e aprender com os erros.” [Fonte]

Se você que me lê conhece alguém da Veja, peça para que achem o ministro, porque para a revista ele aparece: amarelões adoram as páginas amarelas da Veja.

ITORORÓ: HILUX DERRUBA POSTE DE ELETRICIDADE E INVADE CASA - HOMEM MORRE.

ITORORÓ: HILUX DERRUBA POSTE DE ELETRICIDADE E INVADE CASA - HOMEM MORRE.

MORREU NO LOCAL JOSÉ BERG, FILHO DE QUINCÃO DO RESTAURANTE. 
Um grave acidente na cidade de Itororó nesse domingo, vitimou faltamente JOSÉ BERG MOITINHO PRATES, o BERG, 51 anos, filho de QUINCÃO, do Restaurante.
Segundo informações, Berg se encontrava em uma HILUX Prata, com placa de Barra do Choça – Bahia. O veículo era conduzido por Edilson Monteiro de 47 anos,  quando, ao retornar do distrito de São José do Colônia sentido a cidade de Itororó, perdeu o controle do mesmo, bateu em um poste de energia elétrica e parou na parede de uma residência. Além de Berg e Edilson, Moisés Monteiro também estava no veículo. Edilson e Moisés sofreram várias escoriações, mas não correm risco de morte.
Berg era muito conhecido em Itororó, onde possuía inúmeros amigos. Seu corpo será conduzido para Vitória da Conquista, onde será necropsiado. 
Fonte: Keile Araújo/itororojá
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