sábado, 2 de março de 2013

Ser humano: um ser político


Ser humano: um ser político

A política é a forma que a humanidade encontrou para viabilizar as ações de interesse individual e coletivo. Todos são, na essência, políticos. Inclusive aqueles que se dizem apolíticos.

A sociedade escolheu este caminho porque é o meio capaz de acelerar processo de evolução das civilizações humanas. Em minha opinião, a política é uma qualidade e um dom presente em cada pessoa. Como todo dom, devemos desenvolvê-lo e canalizá-lo de forma positiva, para que produza frutos pelos os quais a sociedade seja beneficiada. Todavia, devido aos fatos negativos provocados por maus cidadãos, a política hoje está estigmatizada porque se tornou um símbolo de corrupção e desonestidade.

 A ausência de participação social nos eventos comunitários produz um prejuízo imensurável, mas apesar disso, observa-se uma cegueira da sociedade. Os problemas experimentados e vividos são de responsabilidade das pessoas envolvidas, portanto, a solução também. É necessário refletir profundamente sobre o conceito equivocado no qual as autoridades constituídas são as únicas responsáveis pelas crises do país; é muito cômodo atribuir responsabilidades aos outros. A indiferença social é um dos maiores males porque é perversa.

O povo está sofrendo as conseqüências do período militar, onde não era permitido o desenvolvimento das idéias e opinião a respeito do contexto social, além de ter produzido muitos analfabetos políticos. Isto quer dizer que de fato, as décadas anteriores foram perdidas porque cercearam o direito do individuo de pensar, de opinar, de discordar e de participar. Uma verdadeira tragédia experimentada por milhões de brasileiros. A exclusão social, a pobreza e miséria são frutos de uma política equivocada e sem compromisso com a maioria da sociedade. Quando um povo é impedido de pensar, torna-se fácil de manipular, alienado e frágil. Ou seja, sem vontade própria, não crê na política e nos políticos.

A política deve ser direcionada para o bem social da humanidade e não existe outra forma possível para a construção de um processo de justiça e equidade na sociedade sem intervenção de ações que valorize o ser humano na dimensão individual e coletiva. Pela política pode-se defender e conservar o meio ambiente, desenvolver atividades científicas, educativas, culturais e sociais. A identidade e o progresso de um povo dependem de práticas que tenham como objetivos principais a evolução e o crescimento do ser em sua essência.

Os segmentos formadores de opinião são responsáveis pela desmistificação da política, a fim de que as pessoas possam agir politicamente sem receio no processo de combate às desigualdades sociais. A politicagem deve ser banida porque já causou muitos danos à sociedade. Não se pode combater a exclusão com eficiência se houver espaços para a política suja e corrompida.

Silvanio Alves

2 comentários:

  1. O SER POLÍTICO-SOCIAL

    Ultrapassada esta fase primária, o homem adquire uma nova dimensão. O pensamento dirigido para a auto-sobrevivência volta-se, então, para a intersobrevivência. Estamos perante o ser humano enquanto ser social, que, entre diversas acepções e em sentido restrito, pode traduzir-se em “consciência comum dos elementos de um grupo ou sociedade sobre os problemas sociais, posição social do homem e governo ou regulamentação da vida social”.[1] Um ser social que incorpora, entre outros, o elemento político, pois não se pode falar de sociedade sem que se fale da sua organização, regulamentação, o que poderá em última análise levar à célebre frase “o Homem é um animal político”.

    Aristóteles[2] surge aqui com fundada actualidade. Não só como memória de que o Homem é um ser social por natureza ou que, por natureza, o Homem é um animal político, mas pela reflexão que faz sobre a política, cerca de 300 anos antes de Cristo; usamo-la a pretexto da abordagem a questões caras ao multiculturalismo, e ao multiculturalismo ele próprio.

    ResponderExcluir
  2. Para Aristóteles, o Estado - cuja função é proporcionar o mais alto bem, uma vida boa - é a mais elevada forma de comunidade, na base da qual se encontra a família, estruturada em duas relações fundamentais: homem e mulher e senhor e escravo. É no seio da família que deve promover-se a discussão da política. Porque não abordar na família, as questões da polis, de que ela própria faz parte? O escravo faz parte da família e, como tal, um dos temas políticos é a escravatura, tida como necessária e justa. O escravo deve ser inferior ao dono, porque, por natureza, senhor e escravo estão no âmbito do que é natural. E escravo é aquele que, por natureza, pertence a outro e não a si mesmo, já que uns nascem para a sujeição e outros para o mando. Aristóteles introduzia a questão da raça, defendendo que os escravos não devem ser gregos, mas de raça inferior, com menos espírito. Sustenta também a discriminação sexual, acreditando que o homem governa melhor os animais domésticos do mesmo modo que os inferiores quando são governados pelos superiores. A construção que desenvolveu sobre escravos e mulheres não permite poder acreditar na igualdade.

    Comparando diferentes formas de governo, considera a democracia má, porque o poder está nas mãos dos carenciados que não atendem aos interesses dos ricos. Um governo bom é o que procura o bem estar da comunidade e não apenas o seu. No entanto, no desencanto que todas as formas de governo lhe trazem, acaba por defender a democracia, porque nada melhor havia ainda sido inventado.






    ResponderExcluir