quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Memórias de um Rei:

Memórias de um Rei: 



Eis que ainda lembro-me de teus verdes campos onde o vento mais parecia escovar tua relva; teu crepúsculo era ainda mais lindo que uma gravura divina e teu amanhecer, como o próprio paraíso.
Ainda lembro-me de teus vales e córregos e o florescer de tuas primaveras; teus rios eram a essência de teus cidadãos e tuas matas, o saciar de nossa fome.
Lembro-me de ventos, chuvas e estrelas que tantas vezes foram os berços que acalentaram minhas noites; tuas águas, tuas montanhas, tua vida.
Minha querida Camelot!
Os medos que existiam em mim eram desfeitos quando em ti pensava; minhas glórias e meus feitos tinham a ti como objetivo.
Jamais duvidei de ti e todas as honras vos eram dedicadas; meu paraíso e meus tesouros certamente encontram-se em teus domínios. 
Pode haver mais beleza e magia em algum outro lugar?
Não minha doce Avalon!
Vós que me enfeitiçais com encantos de ternura e compaixão e que em beijos, saciaram minha sede; vós que espalhaste amor por todo meu reino e que com sabedoria deixaste em mim a marca de vosso ser sabeis: nunca haverá em meu coração outra senão vós. Jamais tornarei a amar alguém com tanta intensidade e minha alma estará eternamente selada a vossa.
Mesmo que as nuvens caiam e que se torne negro o sol, o meu amor não diminuirá minha amada Morgana.
Porém sei também odiar e que os céus me ouçam! Vós que manchastes de negro meu reino e de minhas terras afastastes a paz, rezai.
De trevas e perversão tingistes meu povo e de calúnias e engodos construístes um império. Não terás de mim nenhuma compaixão nem piedade. 
Pode haver escuridão e névoa em vosso redor, mas ainda assim vos digo: temei vilão, pois minha ira só será aplacada após vossa destruição.
Esperai por mim odioso Modred!
Amigos são como o vento que não sabemos de onde vem ou para onde vão. Por toda a minha vida esperei por um irmão e eis que, diante de mim, como uma labareda flamejante tu apareceste. Nenhum ser, mortal ou divindade teve por mim maior afeto.
Vossa espada e vosso escudo defenderam meu reino como a águia defende seu ninho; vosso cajado se ergueu para proteger camelot e, por isso meu irmão, eu o saúdo.
Agora que o ar se esvai de meu peito e minha alma se afasta de meu corpo, posso apenas me despedir de ti:
Adeus meu amigo! Adeus Lancelot!
FIM 
MARTHA MEDEIROS

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