sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cadê?, por Maria Helena RR de Sousa

GERAL


Elas começaram bonitas em São Paulo. Chegaram aqui fortes, determinadas e, permitam o uso da palavra que parece não ter nada a ver, mas tem, fagueiras. Era um prazer “ler” os cartazes empunhados pelos jovens. Pela justeza de suas reivindicações e reclamos: queriam mais atenção para Saúde, Educação, Transportes, Segurança.
Ninguém falava em reforma política, nem em político algum. Vi frases pertinentes ao tema das manifestações e outras com dizeres até engraçados, como um garoto com um cartaz onde se lia “Mãe, estou bem”. Com certeza, ao sair de casa, deixou sua mãe em pânico, com medo de que algo pudesse lhe acontecer. Multidão e PMs, deve ter pensado a mãe dedicada e, penso eu, já vivida, nunca deram bom ponto.
E não deram.
Dois casos chamam a atenção e arrebentam nosso coração: o fotógrafo Sergio Silva, em São Paulo, e a publicitária Renata da Paz Ataíde, aqui no Rio. Ambos perderam um olho ao serem atingidos por balas de borracha.
Enquanto eles dois e outros feridos viviam sua saga, as manifestações foram tomando novos rumos: o Governo Federal- Em-Duplicata sentiu a força da meninada e se apavorou. Em vez de agir com a cabeça, agiu com o pavor de perder o poder.
E tiveram a ideia do século: vamos adotar a manifestações, elas passam a ser orientadas por nós, a meninada que está nesse pique bom vem atrás e pronto, tudo igual em 2014.
O governo se estrepou nessa. Deu com os burros n’ água. Não emplacou nem uma de suas ideias geniais e conseguiu o que a brilhante oposição não conseguia – se é que tentava, acho que só sonhava. A popularidade do governo despencou ladeira abaixo, todas as instituições se estabacaram, menos a Família e a Imprensa.
O que na verdade nem espantoso é: como dizia o Chacrinha, quem não se comunica, se trumbica. E a Comunicação deste governo está mais para Ordem Unida.
A grande novidade política neste país, as manifestações de junho, parece que definharam. O PT conseguiu: viraram manifestações a serviço das futuras eleições.
Aqui no Rio, praia que melhor conheço, o objetivo é acabar com Sergio Cabral. Não vou discutir os desacertos cabralinos porque o que tinha que ser dito sobre o Governo Cabral já foi dito por jornalistas competentes e brilhantes. Meu caso é outro.


Desde quando os vizinhos do Cabral, no Leblon ou nas Laranjeiras, merecem ser punidos com ele? Cadê a Lei do Silêncio? Será mais uma falecida, junto com tantas outras?
Durante quanto tempo vamos ter que tolerar o que vi na Internet: um sujeito abrutalhado, com gestos obscenos, a berrar duas palavras dirigidas ao governador, duas palavras que o definem muito bem, a ele, o eleitor do Cabral que ele, com certeza, quando lhe foi ordenado, já foi.
Passava da meia-noite e ali, naquela esquina, moram bebês, idosos, doentes, grávidas...

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Ela também tem uma fanpage e um blog – Maria Helena RR de Sousa.

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