quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

CIRCO


Cores do picadeiro
Peripécias circences se renovam para manter a tradição do espetáculo popular
Keyla Cristina Silva7º Período de Jornalismo
Fotos:Keila Cristina Silva
Encanto, magia, sonho. Ele faz a alegria não só das crianças, como também dos adultos. Não tem local certo, porque o artista vai onde o povo está. 15 de março, dia do circo.
Os artistas circenses surgiram na China, onde foram descobertas pinturas de quase cinco mil anos em que apareciam acrobatas, contorcionistas e equilibristas. A acrobacia era o treinamento dos guerreiros que necessitavam desenvolver agilidade, força e flexibilidade. Com o passar do tempo, as qualidades se uniram ao charme, a beleza e harmonia.
Este é o exemplo da acrobata aérea e bailarina, Valéria Farfan. Ela é da quarta geração do circo. Desenvolvendo toda habilidade e força que possui em seu corpo, Valéria desenvolve um número de contorcionismo nas alturas, só que sem a rede de proteção. Uma verdadeira demonstração de equilíbrio econcentração, em que tudo neste espetáculo depende dela, da sua força. É um número perigoso, onde mãos, corpo e cabeça devem estar firmes, pois a vida está em risco.
O circo no Brasil existe desde o fim do século 19. Ele começou com ciganos que vinham da Europa para fugir de perseguições. Entre suas especialidades incluiam-se a domadora de ursos, o ilusionismo e as exibições com cavalos. Especialidades do artista Luciano Portugal que é adestrador, cavaleiro e trapezista, e um dos motoqueiros do globo da morte. Antes de falarmos sobre Luciano, que no show apresenta quatro espetáculos, vale explicar como acontece o adestramento dos animais. Existe um certo tipo de mito em relação a estes serem machucados para que possam aprender os números que apresentam. Luciano nos explica que o adestramento ocorre através do carinho e da recompensa que o animal recebe ao estar fazendo o seu número, no caso dos cachorros que andam e se apresentam vestidos de heróis da ficção, a carne é o agradecimento do seu domador pela tarefa cumprida. Não há agressões aos animais, que para o artista Luciano são como parte da família.
Uma das grandes atrações é o globo da morte. O circo Estoril, que está em Uberaba até o dia 22 de março, se atreveu e coloca a sexta moto, o que é inédito, dentro de um globo de 4,30 x 4,30 metros de circunferência. Quando se apresentam com as seis motocicletas chegam a ficar a dois palmos uns dos outros. É um número muito perigoso. Luciano e seu irmão Tiago Portugal, que apresentam um número de dança de cavalos juntos, são motoqueiros do globo. Eles nos conta como é arriscado, é o mínimo de espaço e depende das máquinas, porque se elas falham tudo pode acontecer. E já aconteceu. Uma vez estavam apresentando e a corrente de uma das motos arrebentou, três delas chegaram a bater e os motociclistas caíram. Em outra vez choveu e, o globo pegou umidade. Se tornou escorregadio, a quarta e quinta moto caíram. Mas independente disso, para eles o que vale é a adrenalina do momento. Luciano diz que no início dava medo, mas que depois a emoção supera tudo.
A pessoa que participa e quer fazer parte do globo da morte começa de bicicleta, rodando em horizontal, até que consiga se acostumar, porque de início fica-se tonto.
O circo necessita inovar, superar limites, para que o público não perca o interesse pelo espetáculo. E foi por isso, que o circo Estoril em suas apresentações inseriram mais uma moto, apesar do perigo. Normalmente os outros circos têm por costume que o globo fique em um canto, eles o trouxeram para o centro do picadeiro. Antes da apresentação montaram uma coreografia de abertura e no tão esperado espetáculo, a música que se ouve é o ronco dos motores. Inovação que não pára por aí, eles ainda se arriscam mais e sem as mãos fazem suas manobras dentro daquele círculo.
Mas a vida no circo não é nada fácil. É necessário superar todos os problemas existentes e com o abrir das cortinas, o sorriso também é necessário aparecer. A cada dia um novo público, e depois outras cidades. E não pense que o cansaço abate estes jovens não, no domingo, por exemplo, eles fazem três sessões e ao finalizar, retoma os ensaios. No outro dia o processo é o mesmo, e apesar de ser um mundo de sonhos, os nossos artistas são pessoas comuns que trabalham arduamente, mas que vão às compras, apresentam e saem à noite para aproveitar e fazer novas amizades.
Amizades que nem sempre perduram, como nos conta a relações públicas Margareth Pereira. Toda semana estão em um local diferente, o que dificulta um pouco os relacionamentos duradouros, devido as distâncias. Mas eles podem contar uns com os outros e o bom relacionamento é imprescindível, pois é o que os tornam uma grande família. E como em uma família, intrigas acontecem, mas como passam todo o dia juntos é necessário ser superado.
O circo é apaixonante, prova disso são as pessoas que não são de famílias tradicionais circenses, mas que se encantaram e vieram trabalhar nele. É o caso de Margareth. O circo foi em sua cidade, a irmã dela conheceu um rapaz que lá trabalhava. Namoraram, casaram e ela foi passear com a irmã, se deslumbrou e hoje acompanha esta vida há quatorze anos.
Para estes artistas o circo significa mais do que uma forma de viver, é amor. Não trocariam esta vida por nada. A acrobata aérea Valéria uma vez tentou mudar de profissão, mas o convencional não lhe agradou. Estava de férias e foi para a casa da prima em São Paulo, começou a trabalhar de balconista em uma loja. A brincadeira era geral, enquanto os outros trabalhavam parados de qualquer jeito, a trapezista, como era chamada, levou a postura do picadeiro para o balcão. E não conseguiu imaginar parada em um só local, logo voltou ao circo.
E que seja assim. Que o circo possa continuar a nos encantar com o mundo de sonhos, onde as luzes acendem, as cortinas se abrem e a fantasia acontece. Aplausos, que é a maior recompensa de um artista, a todos os circenses pelo dia mundial do circo.

Um comentário:

  1. História do circo

    O circo é uma expressão artística, parte da cultura popular, que visa a diversão e o entretenimento dos espectadores.

    Há referências sobre o circo desde a antiguidade. Durante o Império Romano, por exemplo, grupos de pessoas ganhavam a vida fazendo apresentações na rua, nas casas de famílias nobres ou até mesmo em arenas destinadas às apresentações (anfiteatros).

    Na Idade Média, grupos de malabaristas, artistas de teatro e bufões (comediantes) viajavam pelas cidades da Europa com suas apresentações.

    Porém, foi somente em 1769 que o circo ganhou o formato que temos atualmente. Neste ano, o inglês Philip Astley organizou as apresentações circenses, destinando também uma tenda de lona para as apresentações. Estas seriam itinerantes (com mudança constante do local de apresentação).

    Embora enfrentem um período de crise na atualidade, os circos ainda fazem sucesso, principalmente nas reuniões do interior do Brasil. As apresentações contam com palhaços, shows musicais, malabaristas, mágicos e trapesistas.

    Os palhaços brasileiros que fizeram mais sucesso nos circos brasileiros foram: Carequinha, Arrelia, Torresmo e Piolin.

    Você sabia?

    Comemora-se em 27 de março o Dia do Circo. É uma homenagem ao palhaço Piolin que nasceu nesta data, no ano de 1897.

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