MARIA
ROSINÊIDE REZENDE DE MATOS
Para compreendermos
a amplitude do termo política se faz necessário buscarmos o seu significado e a
amplitude do mesmo a partir da sua origem. Portanto, o termo política é
derivado do grego antigo πολιτεία
(politeía), que indicava
todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Mais não fica por ai. No
sentido comum, vago e às vezes um tanto impreciso, política, como substantivo
ou adjetivo, compreende arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela
organização de um partido político, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores.
Se aprofundarmos iremos descobrir que na sua
conceituação erudita, política "consiste nos meios adequados à
obtenção de qualquer vantagem", segundo Hobbes ou "o
conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados", para Russel ou "a
arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo", que é a noção dada por Nicolau Maquiavel, em O Príncipe. Desta forma fica claro que a expressão política
pode ser ainda a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos
assuntos e problemas de interesse público: política financeira,política educacional, política
social, política do café com leite.
Numa conceituação moderna,
política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil.
Com o passar dos tempos o
termo política, que se expandiu graças à influência de Aristóteles, para aquele
filósofo categorizava funções e divisão do Estado e as várias formas de Governo, com o significado mais comum de arte ou ciência do Governo;
desde a origem ocorreu uma transposição de significado das coisas qualificadas
como político, para a forma de saber mais ou menos organizado
sobre esse mesmo conjunto de coisas. A partir daí a expressão política passa a assumir novos
significados. Novas conotações. Pois a política, como forma de atividade ou de práxis humana, está estreitamente ligada ao poder. Sendo que o poder político é o poder do homem sobre outro homem,
descartados outros exercícios de poder, sobre a natureza ou os animais, por
exemplo. Poder que tem sido tradicionalmente definido como "consistente
nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem" (Hobbes) ou, como "conjunto dos meios que permitem
alcançar os efeitos desejados"
(Russell). Com o
aprofundamento dos estudos relativos a política destacam-se novas posturas e
surgem as mais variadas formas de exercícios de
poder de um indivíduo sobre outro; o poder político é apenas uma delas.
O
que a política pretende alcançar pela ação dos políticos, em cada situação, são
as prioridades do grupo (ou classe, ou segmento nele dominante): nas convulsões
sociais, será a unidade do Estado; em tempos de estabilidade interna e externa,
será o bem-estar, a prosperidade; em tempos de opressão, a liberdade, direitos
civis e políticos; em tempos de dependência, a independência nacional. A
política não tem fins constantes ou um fim que compreenda a todos ou possa ser
considerado verdadeiro: "os fins da Política são tantos quantas são
as metas que um grupo organizado se propõe, de acordo com os tempos e
circunstâncias". A política se liga ao meio e não sobre o fim,
corresponde à opinião corrente dos teóricos do Estado, que excluem o fim dos
seus elementos constitutivos. Para Max Weber: "Não é possível
definir um grupo político, nem tampouco o Estado, indicando o alvo da sua ação
de grupo. Não há nenhum escopo que os grupos políticos não se hajam alguma vez proposto(…) Só se pode, portanto, definir o
caráter político de um grupo social pelo meio(…) que
não lhe é certamente exclusivo, mas é, em todo o caso, específico e
indispensável à sua essência: o uso da força". Portanto,
o fim essencial da política é a aquisição do monopólio da força. Hoje em
dia não é muito diferente. A prática política está muito longe da realidade. E a
sociedade tem clamado por uma reforma imediata em todo o contexto político. Não discuto a técnica jurídica, mas a flagrante contradição e
potencial de manipulação midiática quando habilmente manejada. Certo é que a
reforma política que tramita no Congresso Nacional talvez atenue o dinamismo
corruptor, mas certamente não impedirá que o pensamento conservador continue a
se proclamar dono da ética. Reforma política já.
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