Por
Rosinêide Rezende
O
termo cidadania tem origem etimológica no latimcivitas, que significa "cidade". Estabelece um
estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente
articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de
direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos
direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania moderna, embora
influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter próprio e
possui duas categorias: formal e substantiva.
A
história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos
direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um
referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por
mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e
não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de
outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e
de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer
ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda
que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de
direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim,
direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda.
Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas
responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo
que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm
de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final,
coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.
Na
Grécia de Platão e Aristóteles, eram considerados cidadãos todos aqueles que estivessem em condições de
opinar sobre os rumos da sociedade. Entre tais condições, estava a de que fosse
um homem totalmente livre, isto é, não tivesse a necessidade de trabalhar para
sobreviver, uma vez que o envolvimento nos negócios públicos exigia dedicação
integral. Portanto, era
pequeno o número de cidadãos, que excluíam além dos homens ocupados
(comerciantes, artesãos), as mulheres, os escravos e os estrangeiros.
Praticamente apenas os proprietários de terras eram livres para ter o direito
de decidir sobre o governo. A cidadania grega era compreendida apenas por
direitos políticos, identificados com a participação nas decisões sobre a
coletividade.
A
história da cidadania mostra bem como esse valor encontra-se em permanente
construção. A cidadania constrói-se e conquista-se. É objetivo perseguido por
aqueles que anseiam por liberdade, mais direitos, melhores garantias individuais
e coletivas frente ao poder e a arrogância do Estado. A sociedade ocidental nos
últimos séculos andou a passos largos no sentido das conquistas de direitos de
que hoje as gerações do presente desfrutam.
O exercício da cidadania plena pressupõe ter
direitos civis, políticos e sociais e estes, se já presentes, são fruto de um
longo processo histórico que demandou lágrimas, sangue e sonhos daqueles que
ficaram pelo caminho, mas não tombados, e sim, conhecidos ou anônimos no tempo,
vivos no presente de cada cidadão do mundo, através do seu
“ir e vir”, do seu livre arbítrio e de todas as conquistas que, embora
incipientes, abrem caminhos para se chegar a uma humanidade mais decente, livre
e justa a cada dia.
O
termo cidadania parece ter caído nas graças daqueles que têm na comunicação o
instrumento de trabalho, como políticos, dirigentes, comunicadores, sociólogos
e outros profissionais que, de alguma forma, interagem no meio social. Em seu
ensaio a Veja, edição de 22/10/03, Roberto Pompeu de Toledo, ao fazer uma
crítica ao comportamento do brasileiro, quando este se julga “estar por cima” e
usa da impontualidade como meio de dominação, refere-se à pontualidade como
expressão de igualitarismo. E acrescenta: “É, para usar detestável palavrão em
voga, uma manifestação de ‘cidadania’. Na pontualidade, duas pessoas chegam
junto.”. Considerada palavra “gasta”, ou não, o fato é que a cidadania é
parâmetro balizador da história do homem enquanto ser social. Mesmo que, inconscientemente,
o homem, na sua caminhada ao longo da História, sempre manteve a cidadania como
questão central das suas lutas, como se verifica ao se recuar nos primórdios da
humanidade.
Portanto,
cidadania se expressa em cada movimento do
cidadão em uma comunidade com o todo. Exercer seus
direitos de cidadania também implica em obedecer às leis e as normas. O
conceito de cidadania é muito amplo, mas pode-se resumir em ter direitos e
deveres.
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