Mon ami Hollande
2 NOVEMBRO, 2013
Em França, na passada semana numa manifestação um operário ficou sem uma mão. Outro ficou ferido. Hoje espera-se uma manifestação em Quimper para a qual a localidade se prepara tirando painéis de vidro, fechando lojas, arrancando separadores de vias… pois o risco de se acabar numa batalha campal é elevado. As poucas notícias que se fizeram em Portugal sobre o sucedido esta semana na Bretanha passam a correr sobre o assunto – não temos um caso Mikael mas sim um caso Leonarda -e as implicações políticas da actuação de Hollande são deixadas de lado: a França está a radicalizar-se. Na Bretanha, desfilam lado a lado radicais de direita e de esquerda. O aparato é aquele que os jornalistas tanto têm apreciado: bradam contra o sistema, partem o que apanham e bloqueiam estradas.
A insustentabilidade do modelo agrícola francês (e de muita da economia francesa fortemente protegida ) é um dos assuntos mais sérios da actualidade. independentemente do que suceder agora na Bretanha o choque dos franceses com a realidade não vai ser fácil nem para eles nem para os parceiros da UE. Merkel tem sabido evitar os extremismos no seu país: apesar da inquietação que muitos contribuintes alemães apresentam com o apoio aos países do sul os radicais não são um perigo na Alemanha. Na França pelo contrário: a extrema-direita que tal como a esquerda apoia o que acontece na Bretanha não pára de crescer. Resta a Hollande o consolo de que o ‘jornalismo-socialista-como Deus manda’ que vigora por aqui apesar de já ter passado a fase da exaltação mística com a sua pessoa e em que se corria para o Eliseu para ficar na fotografia ainda o vai tratando com muita solidariedade como bem se vê lendo o El País que hoje dedica o seu destaque de capa à manifestação de ontem em Portugal frente à AR mas tem tratado o que está a suceder na Bretanha de forma discreta e institucionalíssima.
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