segunda-feira, 15 de julho de 2013

Google vs Globo, começou a verdadeira guerra da mídia



Estourou a guerra Google x Globo. À medida em que a guerra

 avança, surgem os conflitos de interesse entre os próprios 

grupos da velha mídia

Estourou a guerra Google x Globo.
Antes de entrar nos detalhes, vamos entender melhor o que ocorreu no universo 
midiático nos últimos anos.
Desde meados dos anos 2000 estava claro, para os grandes grupos de 
mídia, que o grande adversário seriam as redes sociais.
Rupert Murdoch, o precursor, deu a fórmula inicial na qual se espelharam grupos 
de mídia em países periféricos.
<> Compra de redes sociais.
<> Acesso ao mercado de capitais para alavancar o crescimento.
<> Adquiriu jornais em vários países e fez a aposta maior adquirindo 
uma rede social bem colocada na época. Falhou. A rede foi derrotada 
pelos puros-sangues Google e Facebook.
Percebendo a derrota, Murdoch decidiu levar a guerra para o campo da política. 
Explorou alguns recursos ancestrais de manipulação da informação para estimular
 um clima de intolerância exacerbada, apelando para os piores sentimentos de manada, 
especialmente na eleição em que Barack Obama saiu vitorioso.
O candidato de Murdoch perdeu. Não foi por outro motivo que uma das primeiras reuniões
 de Obama, depois de eleito, foi com os capitães das redes sociais – Apple, Google e
 Facebook.

O caso brasileiro

No Brasil, sem condições de terçar armas com as grandes redes sociais, os quatro
 grandes grupos de mídia – Globo, Abril, Folha e Estado – montaram o pacto de 
2005, seguindo a receita política de Murdoch.
Exploração da intolerância. Nos EUA, contra imigrantes; aqui, contra tudo o 
que não cheirasse classe média. Nos EUA, contra a ascendência de Obama; no Brasil, 
contra a falta de pedigree de Lula.
google brasil guerra globo
Google deverá faturar R$ 2,5 bilhões no Brasil, tornando-se o segundo maior faturamento, atrás apenas da Globo e na frente da Abril (Imagem: Reprodução)
Exploração da dramaturgia. Um dos recursos mais explorados pela mídia de todos os tempos é conferir a personagens reais o mesmo tratamento dado à dramaturgia: transformando adversários em entidades superpoderosas, misteriosas, conspiratórias. O “reino de Drácula”, no caso brasileiro, foi a exploração do tal bolivarianismo, a conspiração das FARCs.
Manipulação ilimitada do produto notícia. É só conferir\\\ a sucessão de capas da revista em sua parceria com Carlinhos Cachoeira. Ali, rompeu-se definitivamente os elos entre notícias e fatos. Instituiu-se um vale-tudo que matou a credibilidade da velha mídia.
Pressão contra a mudança do perfil da publicidade. Historicamente, os grandes veículos sempre se escudaram no conceito de “mídia técnica” para impedir a pulverização da publicidade. Por tal, entenda-se a mídia que alcance o maior número 
possível de público leitor. Em nome desse conceito vago, investiu contra a Secom 
(Secretaria de Comunicação do governo) quando esta passou a diversificar sua verba 
de publicidade, buscando publicações fora do eixo Rio-São Paulo e, timidamente, 
ousando alguma coisa na Internet.

Quadro atual

Agora, tem-se o seguinte quadro.
A velha mídia montou uma estratégia de confronto-aliança com o governo. 
Mas suas vitórias resumiram-se a dificultar o acesso de blogs e da mídia regional às 
verbas públicas.
  • Na grande batalha, perdeu. O Google entrou com tudo no país. Este ano

     deverá faturar R$ 2,5 bilhões, tornando-se o segundo maior faturamento 

    do país, atrás apenas da Globo, e na frente da Abril.

Tem se valido de duas das ferramentas que a velha mídia utilizava contra concorrentes
 menores: o BV (Bônus de Veiculação), para atrair as agências; e o conceito de 
“mídia técnica” (a de maior abrangência).
A Globo reagiu, atuando junto ao governo, e denunciando práticas fiscais do Google, 
de recorrer a empresas “offshore” para não pagar impostos. Agora, constata-se que 
a própria Globo também se valeu desse subterfúgio fiscal. E a denúncia é veiculada 
pelo blog de Miguel do Rosário, um dos mais brilhantes blogueiros oriundo dos 
novos tempos. A denúncia enfraquece a ofensiva da Globo contra o Google: 
por aí se entende o desesper do grupo, publicando desmentidos em todos os seus
 veículos.
E a velha mídia descobre que, em sua estratégia tresloucada para dominar 
o ambiente política, queimou todos os navios que poderiam levar a 
alianças com setores nacionais. Apostou no que havia de mais anacrônico
criou um mundo irreal para combater (cheio de guerrilheiros, bolivarianismo, 
farquismo etc.) e, quando os inimigos contemporâneos entraram em cena, não 
conseguiu desenvolver um discurso novo. Sua única arma é do tipo Arnaldo
 Jabor interpretando o Beato Salú e prevendo o fim do mundo e a invasão do chavismo.
É o bolor contra o mundo digital.

Dissidências internas

À medida em que a guerra avança, surgem os conflitos de interesse entre os 
próprios grupos da velha mídia.
O grupo Folha sentiu-se abandonado pelos demais grupos na sua luta para
 impedir que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) acabasse com a
 obrigatoriedade de se ter um provedor para ter acesso à Internet.
Por outro lado, a divulgação dos dados de publicidade do governo mostra que 
a estratificação das verbas beneficiou as emissoras de TV (especialmente a Globo),
 em detrimento das publicações impressas.
Em breve, a Secom deverá se posicionar nessa disputa.
Há três tendências se consolidando no âmbito da Secom:
O fim do conceito da “mídia técnica” que, antes, beneficiava os grupos nacionais e 
agora os prejudica.
O aumento de participação na Internet.
A suspensão de qualquer publicidade pública nas redes sociais.
Luis Nassif, em seu blog

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